* Eleonora Carvalho Assis Gamarano
O vento toca o meu rosto,
me lembrando que o tempo vai com ele
Levando em suas asas os meus dias,
desta vida passageira.
Minhas certezas, meus conceitos,
minhas virtudes, meus defeitos
Nada pode detê-lo
O tempo se vai …
Com esse trecho da música “O Tempo” de Juninho Afram, começo a escrever sobre o tempo… Esse que tem sido levado pelo vento… Será que temos como deter o tempo? Atualmente o que mais se houve são reclamações sobre a falta de tempo para cumprir tudo que se assume no cotidiano. Reclamações sobre o cansaço porque não se consegue tempo para o ócio! O que está havendo com o tempo? Será que ele está passando mais rápido ou será que vivemos atualmente com um senso de urgência.
A sociedade hoje está viciada na pressa, ser lento ou andar devagar irrita as pessoas que tem a pressa, as deixa impacientes, não suportamos hoje a lentidão de um computador ou da internet, porque não temos tempo e porque as pessoas não sabem o que é ficar à toa, porque quando estão “à toa” estão utilizando algum aparelho eletrônico, ouvindo músicas, jogando ou falando no celular ou nas redes sociais, ou mesmo trabalhando no computador. Perdeu-se a capacidade de ficar à toa deixando o corpo e a cabeça descansar. Estamos na era dos milhares de estímulos, as gerações atuais sentem tedio quando não estão ocupados e assim acham que não tem tempo para fazer tudo que desejam.
Uma expressão muito utilizada é a multitarefa, fazer várias coisas ao mesmo tempo, o que significa não fazer muito bem nenhuma delas, porque o nosso cérebro mesmo muito estimulado não consegue focar-se em muitas atividades ao mesmo tempo, nosso cérebro tem limites… sendo essa situação geradora de estresse e ansiedade e principalmente acelerar o ritmo interno, onde surgem as somatizações e o cansaço que não passa, quando o corpo chega no limite. Andamos pelas ruas lendo e-mails, respondendo mensagens, porque não podemos perder tempo, e porque somos cobrados quando não respondemos a mensagem que recebemos a cinco minutos…
Não ter tempo está relacionado a status, quanto mais requisitada, menos tempo se tem e mais valorizada a pessoa fica.
Não é o tempo que está passando rápido demais, é o estilo de vida, é o mundo, é a globalização, são o excesso de informações que recebemos.
Todo esse comportamento contemporâneo não vai retornar, segundo Einstein … toda mente que se abre a uma nova ideia não retorna ao seu tamanho inicial. O que se faz necessário é rever essa pratica de fazer tudo ao mesmo tempo, o que não é simples, mas necessário para uma melhor qualidade de vida. Encontrar esse equilíbrio não é tarefa simples, estamos condicionados a essa forma de nos relacionarmos com o tempo. O que temos é fazer do tempo nosso aliado.
Mais informações sobre a autor:
* Eleonora Carvalho Assis Gamarano é psicóloga atua como psicóloga clínica, como psicóloga perita examinadora do trânsito, e como professora de psicologia do Centro Universitário de Caratinga- UNEC. Graduada em Psicologia pela Universidade FUMEC, especialista em Psicopedagogia preventiva pela PUC MG, Pós-graduada em Administração em Recursos Humanos pela UNEC-MG. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade pela UNEC-MG.