A mídia tem mostrado com imagens fortes os acontecimentos grotescos de selvageria em presídios. Cenas estarrecedoras tem circulado em todos os níveis de comunicação numa frenética e macabra ciranda da morte. Criou-se o quarto poder. O presidiário. Nem mesmo Montesquieu poderia prever tamanha audácia de forças ilícitas ao desafiar o Estado e a achincalhar com o verdadeiro Estado democrático de direito. Perdeu-se a direção, a autoridade e o caos impera. Modelo arcaico e desumano de uma política prisional ineficaz que ao invés de ressocializar o indivíduo faz dele um monstro de sete cabeças após anos e mais anos numa clausura cruciante, indigna, desumana e obsoleta. Em estado de “surto” pessoas comuns em atitudes descomunais cortam gargantas em cenas terríveis e transmitidas ao vivo pela rede de computadores como se a exibir um troféu a cabeça de seu desafeto. Pessoas amontoadas em locais insalubres, infectados à mercê da própria sorte. Esta bomba relógio começou a explodir e terá proporções inimagináveis em curto tempo.
Na política, o povo entorpecido, ignorante político, se vangloria com a marmita mostrada em rede nacional de político endinheirado como se fosse o bastante para suprir nossas mazelas sociais e quem sabe amenizar nosso inconformismo diante do atual quadro catatônico do nosso país perante a sociedade, o mundo e perante nós mesmos estupefatos diante dos escândalos. Os bilhões roubados através da famigerada propina simplesmente fez ruir o país numa inimaginável cifra de doze milhões de desempregados. A classe média se esvaiu atolada em dívidas. As sirenes das viaturas num espetáculo pirotécnico de ilusionismo nada acrescenta ou nos ajuda. A economia estagnada num PIB desolador, numa dívida interna estratosférica, os Estados da federação em frangalhos, a saúde agonizando numa verdadeira carnificina política que atropela a ética e a probidade. Municípios em estado de quase falência. E o que adianta mostrar o banheiro do presídio de Bangu 9, que não tem vazo sanitário ou chuveiro quente? Seria massagear o ego do pobre trabalhador ludibriado? Afagar a mágoa do aposentado em estado pré-falimentar? Amenizar a frustração do trabalhador honesto que já sabe que não conseguirá sua sonhada aposentadoria? Nada disso adianta. A corrupção ainda persiste, somos corrompidos a todo instante e fechamos os olhos para as pequenas transgressões do dia a dia. É a papelaria ou o mercado que não nos dá o cupom fiscal, e nós não o exigindo, não podemos exigir do poder público saúde e educação de qualidade se não há dinheiro em caixa.
É preciso que busquemos no nosso dia a dia, a começar de nós mesmos, posturas mais enérgicas. Deixando de eleger políticos encrencados com a justiça que proporcionaram situação nada salutar de empossar vereadores e prefeitos que se encontram sob custódia do Estado em presídios. O que exigir destes políticos se os mesmos não são probos, honestos e éticos? Quantos grandes empresários sonegam absurdamente e apenas o trabalhador tem o imposto de renda retido na fonte e não consegue escapar da mordida do leão do imposto de renda? Parece que mergulhamos num pântano ou chegamos à beira da sarjeta e como num êxtase coletivo fosse possível ensejar por dias melhores apenas nos vangloriando de que o famoso político está tomando banho frio e comendo uma quentinha nada agradável. Triste ilusão. 2018 está chegando e teremos que renovar o parlamento federal, as assembleias estaduais, os governos dos Estados, e mais uma vez será que erraremos de novo? Será que outros tomarão posse algemados sob custódia? Será que a chamada “crise” persistirá? Até quando? O povo brasileiro já em estado pré-falimentar já não aguenta mais. Estamos pagando uma conta altíssima e não é só da corrupção. Olimpíadas, Copas do mundo, tudo feito a toque de caixa e superfaturado. A fatura chegou. Amarga e endossada por nós que avalizamos os políticos que nos levaram a uma situação de penúria jamais vivida no nosso país. O futuro é incerto. O céu não é de brigadeiro. O mar revolto da economia nos faz colocar as barbas de molho pois foram, são e serão dias difíceis e amargos e quem sabe Deus seja realmente brasileiro e derrame sobre nós bênçãos e mais bênçãos e que possamos daqui a alguns anos olhar para trás e ler nos livros de história essa triste passagem de uma país abençoado por Deus, bonito por natureza más vilipendiado por irresponsáveis de toda ordem numa insana corrida do ouro, do poder, da avareza e da astúcia maculando a nossa história, nossas tradições e costumes deixando a todos perplexos e atônitos numa insegurança sem fim.
Álvaro Celso Mendes
Graduando em Direito
5º período- FIC
Caratinga