Prefeito deu nota 10 para seu primeiro ano à frente do executivo: “Pelo que nós pegamos, com todas as dificuldades”
2017 foi o primeiro ano de governo de Welington Moreira, o Dr. Welington (DEM), à frente da administração da Prefeitura de Caratinga. Para o prefeito, foi o momento de conhecer a realidade do município, suas necessidades, mas, também foi possível colocar em prática algumas ideias e solucionar alguns gargalos, que desafiaram o gestor em sua primeira experiência no cargo político.
Nesta edição, o DIÁRIO traz as reivindicações da população sobre a situação dos bairros. E a repórter Nohemy Peixoto procurou o prefeito para comentar estas questões, além de fazer um balanço do início de sua gestão. Dr. Welington respondeu a todas as perguntas e foi enfático: “Não tenho receio nenhum em dizer que podemos avaliar a nossa administração com a nota 10”.
Na maioria dos locais visitados pelo DIÁRIO, o principal alvo de reclamação foi a saúde. Como a administração encara esta questão?
Quando assumimos a Prefeitura nos deparamos com essa questão da saúde complicadíssima. A obrigação do município é exclusivamente com a atenção básica. A situação não é responsabilidade nossa, mas acaba afetando também a população e as pessoas tinham que o prefeito era o responsável pelo bom ou mal funcionamento do hospital. Na verdade não é, alguns dos prefeitos que por aqui passaram, principalmente a duas últimas gestões. Eles interferiram diretamente no hospital, dando as cartas lá dentro, nomeando provedor, diretor, decidindo o que o hospital iria fazer e isso causou um problema sério lá. Foram desvios de finalidades e o hospital perdeu aquele objetivo que era de atender a população que necessitasse do atendimento na média e alta complexidade, que é o seu papel e com a defasagem muito grande dos repasses. Tanto é que no período que nós assumimos os problemas surgiram e as pessoas falavam que o prefeito era o culpado. E não tínhamos nenhuma responsabilidade com o hospital. Nós até estamos buscando resolver essa questão para minimizar um pouco e não causar impacto lá na atenção básica, que são as UBS (Unidades Básicas de Saúde), antigos PSFs (Posto de Saúde da Família), que são de nossa responsabilidade. No início do governo, com o Dr. Giovanni (Giovanni Corrêa, vice-prefeito) como secretário, apesar de ser uma pessoa íntegra, de grande responsabilidade, mas ele próprio percebeu que em razão do salário de secretário ou de vice-prefeito não tinha como abandonar o consultório dele para atender a Secretaria. Então, em conversa conosco, resolveu apresentar o pedido de exoneração e nós buscamos alguém que tivesse o perfil, que pudesse atender a demanda do município. Hoje, com o Wagner (Barbalho) como secretário, conhece profundamente essa área, mas vieram outros problemas, como do pronto atendimento, tivemos que correr atrás para resolver; a UPA que ainda assim a população ainda tem algumas reclamações e estamos buscando equacioná-los.
A ausência de médicos nos postos de saúde foi uma das reclamações. A administração está ciente e o que pode ser feito para solucionar este problema?
A população pode ter certeza que todo PSF tem médico. Alguns, por exemplo, em Santa Efigênia, o médico lá atende também a Dom Modesto, que não tem como implantar pelo número de habitantes uma unidade só para lá; São Cândido com Ilha do Rio Doce e Cordeiro com Porto Seguro. Mas, nenhuma delas há ausência de médico efetivado, o que temos notado é que às vezes o profissional não tem ido ao trabalho; o médico que tem obrigação de permanecer no posto durante seu horário de trabalho, vai de manhã, atende 15 pessoas com uma hora e vai embora, fica o restante do dia sem ninguém. E nós não queremos atendimento por quantitativo, mas qualitativo. Que a população seja atendida da maneira que precisa, pois atender a esse número em uma hora, o médico praticamente não conversou, nem olhou para o rosto do paciente para saber ou conhecer um pouco do semblante dele. Isso temos que buscar melhorar. A partir de janeiro, a população pode se tranquilizar em relação a isso, nós teremos uma fiscalização mais efetiva, trabalho de conscientização dos médicos e enfermeiros que lá trabalham, para que tenham a consciência de que são servidores da população, prestadores de serviço para nós, havendo a necessidade temos de buscar nos nossos postos de atendimento. E isso tem causado um impacto até na própria UPA, porque se a pessoa procura o posto e lá não encontra o profissional médico, ele vai para UPA, porque não sabe a gravidade do problema dele. Ele quer ser atendido e esse primeiro atendimento deveria e tem que ser nos PSFs. A UPA não é para esse tipo de atendimento, às vezes o funcionário que está no atendimento não entende essa mecânica toda de que a pessoa procurou e não foi atendida e é a rede municipal. E para ela não atender, temos que colocar a UBS para funcionar de maneira correta. Estamos tendo contato bem próximo com quem está administrando a UPA, para que nós consigamos resolver esse tipo de problema. No início do ano estaremos com um processo seletivo para contratação dos agentes de saúde, as visitas voltarão a acontecer com frequência, a população será assistida da maneira como precisa, mas, pode se questionar por que isso não aconteceu até hoje. Porque nós estávamos matando um leão a cada dia, quando você pensa: ‘Vou resolver um problema’, aparecia outro mais à frente, tudo isso provocado pela falta de planejamento das duas gestões anteriores. Nesse primeiro ano agora foi conhecer os problemas, os profissionais, às vezes encontrando a insatisfação do servidor porque não se trabalhava praticamente na prefeitura. Hoje só queremos que o funcionário faça jus ao seu salário e se nós formos olhar o mercado de trabalho, um médico de UBS hoje não ganha tão mal assim para trabalhar oito horas. E ele tem a liberdade de tirar plantões em outras unidades de atendimento médico que não sejam do município, para aumentar seu salário. Geralmente os médicos que trabalham em postos de saúde são aqueles que estão iniciando a carreira, deveriam se dedicar um pouco mais e às vezes acontece esse tipo de problema, as má-influências acabam incutindo na cabeça dessa pessoa, a ideia de tem que trabalhar pouco. Não estou generalizando, temos médicos que realmente trabalham, mas têm outros servidores da área de saúde que ainda não entenderam que estamos exigindo a sua prestação de serviço. Essa é uma resistência que encontramos, cobrei isso do secretário ontem (quarta-feira, 21) novamente, reunião com os médicos para que eles entendam que nossos postos precisam atender da maneira que se deve. E para que o atendimento aconteça de forma efetiva, o profissional tem que trabalhar.
No Bairro Maria da Glória (antigo Aparecida II), há uma estrutura da Unidade Básica de Saúde Maria de Souza Ferreira que está abandonada. Enquanto isso, a Prefeitura paga aluguel em outro imóvel. O que falta para que o posto funcione no imóvel que já foi inaugurado?
Quem saiu no final de 2016 teria de entender que deixou de ser prefeito, mas a administração continua. Aquilo que fiz não posso deixar de colocar à disposição da população. Infelizmente ainda em Caratinga encontramos esse tipo de situação onde as pessoas perdem a política e acham que não podem colocar à disposição da nova administração tudo aquilo que tinham em mãos. Essa UBS foi inaugurada no final do ano passado e nós não sabíamos nem enquanto cidadão. Quando se inaugura uma obra, temos de colocar em funcionamento, assim como a UPA que imediatamente após a finalização colocamos para funcionar tendo pago tudo aquilo que era devido à Construtora. Conferimos a obra concluída se estava na maneira exigida em contrato e fizemos o pagamento. E lá foi inaugurado ainda restando o valor de R$ 60.000 a ser repassado para a empresa que construiu. E não nos foi passado que essa unidade havia sido inaugurada e que estava à disposição, havendo só necessidade desse pagamento. Quando soubemos da existência da unidade, que não estava funcionando, começamos a fazer os levantamentos e saber o que era necessário. Deparamos com essa situação da dívida com a empresa, não da Prefeitura, mas verba do governo do estado que deveria ser repassada. A informação foi de que a verba existe, mas não sei o porquê influencias políticas a título de estado, querendo impedir Caratinga de trabalhar, nossa administração de funcionar, está bloqueando essa liberação para a empresa. E a empresa inclusive disse na semana passada que iria ajuizar uma ação contra o município querendo receber esse valor e é o governo do estado, a verba lá está, só falta a liberação que está num entrave político e não sei quem está impedindo. E nesse período em que não fomos avisados nem por papel ou verbalmente que ela existia, destruíram todo o encanamento, colocaram fogo, quebraram portas, vidros, furtaram alguns objetos que estavam lá dentro, quebraram telhas e tivemos que novamente fazer esses reparos, para que possa funcionar. Acho que o local não foi o mais apropriado para construção, porque tirou do fluxo de movimentação do bairro, ficou muito afastado, mas não tenho alternativa hoje a não ser colocar para funcionar. Então, em janeiro estará funcionando, tínhamos dificuldade de contratar pessoas para trabalhar como vigias, agora resolvemos a situação para deixar sempre um funcionário tomando conta durante a noite. Foi inaugurada sem ter um muro na lateral para impedir a entrada de pessoas, já conversamos com a Secretaria de Obras e iniciaremos o muro nos próximos dias.
Em alguns bairros os moradores reivindicam postos de saúde, por exemplo, no Doutor Eduardo. O executivo avalia reativá-lo e quais são os critérios para funcionamento de uma unidade em determinado local?
No Bairro Doutor Eduardo o posto foi fechado no governo passado, obviamente, imagino que deve ter sido feito algum estudo para que chegasse a essa conclusão. E durante a campanha ouvimos muito isso das pessoas, dissemos que iríamos olhar e ver a possibilidade de retornar. Mas, é uma série de coisas, primeiro temos de ter um número mínimo e máximo de habitantes. O máximo são até 4500 moradores e o mínimo 750 para que haja uma unidade funcionando. Lá acredito que tenham muito mais, mas, esbarramos na seguinte situação. Precisaríamos de alugar um imóvel e o município até então está cortando gastos, ainda que se fosse um valor mais barato. Já pedimos à Secretaria de Saúde também para fazer um levantamento junto com a população para entender realmente a demanda. Se nós entendermos que é muito mais útil, menos oneroso reimplantar novamente uma UBS lá nós o faremos, mas precisamos de ter isso em mãos, não podemos fazer algo sem pensar porque depois se corre o risco de ter que encerrar e isso pode ser prejudicial à população. Ao final desse mês esse estudo será concluído e se houver a necessidade faremos sem problema algum.
Outro ponto bastante citado por nossos entrevistados foi a segurança pública, por exemplo, desejo de um posto policial no bairro.
Enquanto município, temos a obrigação de buscar dar um suporte a Polícia Militar para que ela funcione. A responsabilidade pela manutenção e o custeio é do governo do estado. Infelizmente, nos últimos anos, temos visto a Polícia Militar perdendo servidores no seu quadro, retirando policiais de lugares onde havia funcionamento. Para se ter uma ideia no ano passado todos os distritos de Caratinga tinham um posto policial com dois militares, essa presença e hoje não temos visto isso, tem recuado. Inaugurou-se um batalhão em Caratinga e as pessoas acreditavam que ele iria transformar-se em uma possibilidade de segurança mais efetiva. Acredito que isso não vai acontecer, porque o quadro administrativo aumenta, então hoje pessoas que já estavam na rua têm de trabalhar no administrativo, têm procedimentos a serem realizados. E enquanto prefeito hoje temos um convênio com a Polícia Militar de cerca de R$ 13.000/mês para o custeio de materiais, equipamentos e temos ainda outro convênio para efetivação da fiscalização do trânsito. E mesmo com essa parceria, essa fiscalização também não tem ocorrido de maneira que precisa, até entendemos isso porque eles também não têm homens suficientes para colocar na rua e fazer o serviço de forma efetiva, apesar de, sabemos que não é um valor astronômico, mas para a prefeitura acaba sendo bastante oneroso, para ver se funciona. E nos bairros, não temos o poder de decisão quanto a isso. Nós oficiamos a Polícia Militar, fizemos um trabalho junto ao comandante Sérgio Renato, diga-se de passagem baita policial, responsável nas suas ações, mas ele também fica de pé e mãos amarradas, não tem poder decisório para isso. Ele tem um contingente de homens para trabalhar no município todo e não tem como às vezes remanejar para lá ou para cá, tem que procurar onde vai causar uma impressão de segurança maior. Tem que se fazer essas escolhas, a Polícia Militar hoje está nessa situação, colocar a segurança onde fica melhor com o mesmo número de policiais. Estamos trabalhando para buscar a reativação desses postos policiais nos bairros, mas além de anão termos poder decisório por isso, a polícia hoje também não tem condições de fazer, temos ouvido isso deles. Esperamos que os próximos governantes tenham essa consciência de que se faz necessário fazer uma segurança de qualidade.
Desde o final de 2014 a responsabilidade pela gestão dos ativos de iluminação pública deixou de ser das distribuidoras de energia. Como o município tem encarado esta demanda?
Encontramos um quadro deficitário, uma empresa que não executava o serviço da maneira como precisava. Para se ter uma ideia, no início do governo tivemos mais de oito mil pontos de iluminação pública reparados, que não estavam sendo feitos na administração anterior. Hoje funciona através do call center, as pessoas ligam, tem de um a sete dias para a empresa licitada resolver o problema e o reparo tem acontecido em tempo recorde. Toda verba que vem para iluminação pública, estamos gastando com ela, partindo do mais para menos, onde está mais complicado. Depois do reparo desses pontos, estamos realizando um trabalho de revitalização da iluminação pública da Praça Cesário Alvim, já está em fase de implantação com luzes de LED e também é uma maneira que temos de fazer segurança pública. Quanto mais iluminação, mais se coíbe permanência de pessoas que querem cometer alguma espécie de crime. E temos certeza pelo projeto apresentado que a população ficará satisfeita. Onde não tem ainda a extensão de rede também estamos trabalhando nesse sentido, temos casos mais críticos do que alguns, então resolvemos esse e os outros certamente no cronograma que temos chegará até eles. Mas, para isso precisamos que além de informar à imprensa, também informem para a Prefeitura. Temos conhecimento através das publicações, mas às vezes não é uma informação tão precisa de quantitativo dos moradores. A população também pode procurar a Secretaria de Obras ou o próprio consórcio, que vai chegar até nós e vamos buscar fazer.
Outro alvo de críticas da população são ruas com buracos ou que não estão asfaltadas. Como o senhor avalia a infraestrutura nos bairros?
Não podemos deixar aquelas que já estão pavimentadas com os buracos existentes, correndo o risco de se aumentar e surgirem outros novos e calçar uma outra rua que ainda não foi contemplada com pavimentação. Nós teríamos um problema maior, ficaria muito mais caro. E nós temos hoje que medir muito a água com o fubá, não adianta querer fazer tudo e não ter condições. Estamos buscando reparar esses já existentes e se não tivermos condições de fazer aquelas ruas que ainda estão sem pavimentação com o asfalto, vamos tentar fazer com pedra ou bloquete, inclusive até com a possibilidade de a prefeitura fabricar isso, fica mais barato. Uma das ruas que vamos fazer, compromisso nosso é o final da Rua Santo Antônio. No primeiro trimestre de 2018 iniciaremos as obras de pavimentação, não podemos dizer qual vai ser o material. Já temos levantamento pronto, complexo do Santa Cruz que hoje é uma das áreas mais sofridas em matéria de infraestrutura e vamos buscar fazer isso. Mostrar para a população que nós resolvemos aqueles problemas que eram crônicos e buscar evitar que outros se tornem crônicos também sanando esses problemas.
No Vale do Sol, há a obra de uma creche que está parada e também atenderia ao bairro Esplanada. Qual a situação dessa obra e há previsão de ser retomada?
Quando assumimos a prefeitura deparamos com uma ordem judicial de paralisação das obras. A pessoa que era dona da maioria da área da região ajuizou uma ação dizendo que era o proprietário da obra e que a empresa que lá estava construindo tinha invadido o terreno. O juiz aqui negou a liminar, essa pessoa recorreu ao Tribunal de Justiça em Belo Horizonte e lá o desembargador concedeu a liminar determinando o embargo da obra, que não poderíamos realizar nenhum ato naquela obra enquanto a Justiça não decidisse a respeito. Agora, no final do mês de novembro teve uma decisão e houve a liberação. Já fizemos o contato, a empresa retomará as obras, fez o compromisso para o mês de janeiro, mas temos outras situações agravantes porque a verba que deveria ser liberada só poderá ser a partir do momento que o município cumprir o que acordou com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) para construção da obra. Tem uma obra a ser feita ali que foi uma permuta entre o município e a igreja católica de construir uma quadra e um muro dividindo a escola e a quadra, do Centro de Educação Infantil Municipal. Na lateral direita, um trabalho de terraplanagem de retirada de terra, compromete, coloca em risco a segurança da obra. Isso deveria ter sido feito antes de iniciar a construção em um compromisso assumido pela administração e não fez. Agora estamos inclusive sendo compelidos a fazer para que haja liberação de um pouco mais da verba na conta da prefeitura, para que a empresa faça o serviço e receba. Não é uma coisa barata, mas vamos ter que fazer para retomar a obra e colocar o centro em funcionamento. Encontramos várias coisas que não consigo entender como alguém assumindo o cargo de prefeito, sabendo dessas responsabilidades, deixe acontecer e causar problema para a população, porque é um centro que vai abrigar no mínimo 200 crianças. Não é verba do município, é do governo federal, talvez se na época se tivesse colocado a retirada desse barranco com a construção de muro para que não houvesse acesso de vândalos, não estaríamos passando por isso. Pior ainda, encontramos situações de construção fora do padrão em projeto, a creche do Santa Cruz foi recebida sem estar em condições de funcionamento, vidros colocados para utilização de crianças no perigo, inacabada e foi pago. Todo o valor da obra foi recebido como se estivesse pronto. Está funcionando hoje e estamos sendo cobrados pelo FNDE também para que nós reparemos aquilo que era da obrigação da empreiteira, do município ter cobrado para receber a obra e fazer o pagamento. A empreiteira recebeu, terceirizou para outra pessoa que não consta no contrato e a outra empresa não fez. Notificamos que ela vai ter de cumprir, se não cumprir a Prefeitura vai ter que arrumar meios necessários para fazer, depois entrar na justiça contra a empreiteira e a administração anterior porque ela recebeu uma obra sem estar pronta. São problemas que vamos encontrando, a população não tem conhecimento e acha que está às mil maravilhas. Vivemos diuturnamente com esse tipo de problema, quer resolver, mas às vezes esbarra em entraves que não conseguimos transpô-los sem o apoio do governo do estado e federal. A busca por essa ajuda é intensa e incansável, conseguimos algumas, outras não, mas estamos na batalha.
Qual foram os maiores desafios no seu primeiro ano de governo?
Buscar entender e não conseguir, como que pessoas que resolvem militar na vida política, ser prefeito, mas achando que podem administrar de qualquer maneira, que o dinheiro do povo pode ser gasto da maneira como ele quer, não como se pode e tem de gastar. E o outro maior desafio foi enquanto pessoa, querer entender e não ter conseguido como ainda parte da população comenta fatos e tem posicionamentos sem conhecer o que é preciso. Por exemplo, em relação à saúde, ouvimos comentários que não foram contra a administração, mas pessoais contra a gente, a nossa família, às vezes algumas pessoas fazendo ameaças, dizendo que ‘se acontecer isso o prefeito amanhã não vai ter mais, a família tem que sofrer’. Com coisas que não são de responsabilidade da prefeitura e do prefeito resolver, as pessoas têm que passar a conhecer mais para depois fazer comentários. As pessoas às vezes até entendiam ‘ele foi delegado e vai usar disso’ e não. Nem enquanto delegado fugi daquilo que a lei determinava. Hoje como prefeito muito mais ainda, só estamos buscando fazer uma gestão enxuta e evitar que nós tenhamos problemas quando sair da prefeitura, como infelizmente alguns que já passaram por aqui tiveram problemas gravíssimos. E que a população entenda que temos limites e atribuições, não posso ir além daquilo que a lei permite, não posso gastar aquilo que não tenho, endividar o município para deixar para o próximo pagar ou deixar de pagar também. É consciência. Também considero desafio ter buscado entender como funciona a administração sem dinheiro, condições e hoje temos a certeza absoluta de que nós descobrimos o caminho das pedras, difícil, mas é possível fazer. E volto a repetir o que disse na campanha, tenho certeza que é possível estar no meio político sendo honesto, íntegro e buscando fazer o que tem que ser feito, sem a premissa que ouvi no início de ‘sempre foi assim’ e está errado. Estou tomando essas decisões sem qualquer receio, porque estou prefeito e quero fazer desse período do meu mandato o que eu entenda ser útil para a população. Tenho certeza que esse papel tenho desenvolvido. Obviamente que encontramos alguns entraves que nos impediram, principalmente em relação à imprensa, não adianta eu contratar para divulgação daquilo que é da prefeitura e não ter condição de pagar. E esse tipo de comportamento não tenho, no momento certo as coisas estão acontecendo e nós vamos corrigir possíveis erros ou equívocos cometidos durante esse um ano de governo. Foram pouquíssimos, mas com certeza existiram e no decorrer de 2018 certamente nós teremos um governo bem melhor, parceria com os órgãos de imprensa, sociedade como um todo, ouvindo o que nós precisamos.
O senhor falou em administrar com pouco dinheiro. Como se distribui a arrecadação do município e qual a importância de parcerias com os governos estadual e federal
50 a 51% é com folha de pagamento; 25% para a educação, 15% no mínimo para saúde, só aí já deu 90% e tem mais a obrigação legal que passa 7% para a Câmara de Vereadores. 97% daquilo que arrecada no município tenho que repassar. A Prefeitura só fica com 3%, a cada R$ 1000 que entra nos cofres do município, só podemos trabalhar com R$ 30. Buscamos parcerias junto ao governo do estado e federal, mas infelizmente nesse primeiro ano estamos encontrando algumas dificuldades com os políticos para canalizar para Caratinga emendas para realizar as obras que a população tanto almeja e desejamos fazer. Mas, esperamos que em 2018 agora tenham a consciência político administrativa de que independentemente do lado em que nós estivemos durante a campanha política, o município está muito mais acima disso. Temos que preocupar com os mais de 90 mil habitantes que temos na nossa cidade, esquecer esses antagonismos políticos, porque hoje não sou o prefeito do Democratas, sou o prefeito de Caratinga. Meu objetivo é dar à população o atendimento que ela sempre quis ter. E nós temos conseguido fazer isso com todas as dificuldades, não atrasamos o pagamento um dia, pelo contrário, reduzimos a escala de pagamento do dia 10 para o dia 1° do mês; pagamos 13° do funcionalismo todo, quitamos a folha de dezembro. E precisamos ter responsabilidade com isso, não podemos gastar além daquilo que tem. Pagamos quase R$ 25 milhões de dívidas emergenciais que ficaram do governo passado para esse e estamos mantendo as contas em dia. Com os pés no chão, não adianta eu querer sonhar muito e realizar pouco.
Se fosse para avaliar seu primeiro ano de governo de 0 a 10, qual nota daria?
Pelo que nós pegamos, com todas as dificuldades: 10. Encontramos muitas dificuldades e o que nós realizamos não foi de maneira fácil, mas com muito suor, sacrifício, então não tenho receio nenhum em dizer que podemos avaliar a nossa administração com a nota 10.
Quais são suas considerações finais?
Agradecer a imprensa responsável pelo seu papel, leva até a população aquilo que realmente tem certeza que é, sem ‘invencionismo’, opinião pessoal em relação ao prefeito, à administração e sem trabalhar contra porque o prefeito é em tese contra. Agradecer ao DIÁRIO, a imprensa responsável por estar levando à população a notícia que realmente precisa de saber. É o procurar primeiro saber as informações, para depois divulgar aquilo que está acontecendo. E dizer à população que se sinta extremamente tranquila de que nós buscamos fazer aquilo de que tínhamos certeza era o mais correto e nos próximos três anos faremos bem mais do que fizemos em 2017.