CARATINGA – Um dos serviços essenciais realizados no trágico acidente aéreo que causou a morte da cantora Marília Mendonça, de Abiceli Silveira Dias Filho, que era tio e assessor da artista; do produtor Henrique Bonfim Ribeiro, do piloto Geraldo Martins de Medeiros e do co-piloto Tarcísio Pessoa Viana, foi o serviço de guincho da Fervel. O proprietário Amadeu Alexandre Gomes, 55 anos, trabalha no ramo de guinchos há 35, e no último sábado (6), recebeu a proposta de retirar o avião que caíra na véspera no, Córrego do Lage, zona rural de Piedade de Caratinga.
Amadeu conta que o trabalho para a PEC Táxi Aéreo, dona do avião, começou no sábado e terminou na segunda-feira (8), com a retirada dos motores. “Fui com uma equipe da empresa Fervel até o local avaliar a situação e chegamos à conclusão que haveria possibilidade de realizar o resgate e o transporte da aeronave. Esperamos a liberação e no sábado mesmo fizemos a remoção da aeronave de dentro da cachoeira, colocando-a em lugar seguro para que se chovesse, ela não fosse arrastada pela correnteza”, contou o dono do guincho.
Para realizar o trabalho complexo, o dono da Fervel disse que oito pessoas da empresa usaram os equipamentos munck de 40 toneladas, um caminhão de arrasto de 200 toneladas 4×4, com guincho de arrasto para resgate do motor e plataformas hidráulicas para transporte da fuselagem e motores. “A parte mais complicada foi a remoção de um dos motores. Ele se desprendeu do corpo do avião e foi lançado a cerca de 300 metros, numa região íngreme e escorregadia, com muito limo. O caminhão não chegava até lá. Tivemos que ir com a caminhonete e amarrar os homens em cordas, como um corrimão, para que tivessem segurança ao retirar as peças, sem cair na cachoeira”, conta ele.
Na última terça-feira (9) um caminhão com uma prancha de onze metros transportou os destroços da fuselagem para o Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), no aeroporto Galeão, Rio de Janeiro.
Os dois motores foram levados nessa quarta-feira(10) para o aeroporto de Goiânia (GO), onde ficarão à disposição da empresa Pratt Whitney Canada do Brasil para ajudar a contar a história do que aconteceu naquela sexta-feira. O trabalho foi acompanhado por investigadores do Seripa, órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), e por policiais civis de Caratinga.
Amadeu disse que foi a primeira vez que fez o trabalho de resgatar uma aeronave e disse que ficou impressionou com a violência do acidente, a queda e o sofrimento que os ocupantes devem ter passado, já que a aeronave ficou destruída por dentro.
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NOTA
Nesta terça-feira (9), os investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA III) continuaram os trabalhos de investigação do acidente envolvendo a aeronave de matrícula PT-ONJ, que ocorreu em Caratinga (MG).
Os motores da aeronave estão sendo encaminhados, sob coordenação do operador da aeronave, para o Centro de Serviços Aeronáuticos (CSA), em Goiânia (GO), que possui a estrutura e disponibilidade necessárias para que os técnicos do SERIPA III realizem a análise dos equipamentos. O transporte do material de Caratinga para Goiânia ocorre a partir desta quarta-feira.
Os demais destroços foram encaminhados para a sede do SERIPA III, no Rio de Janeiro, onde as análises continuam. Esse serviço também será realizado em coordenação com o operador da aeronave.
O objetivo das investigações realizadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), órgão da Força Aérea Brasileira que engloba sete Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA), é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os fatores contribuintes.