Padre Lambert Manga passa férias em Caratinga, onde compartilha momentos de convivência fraterna e reflexão
CARATINGA- Diretamente do Senegal para o Brasil, Padre Lambert Manga, religioso sacramentino, tem vivido uma experiência missionária marcada pela fé, adaptação cultural e serviço à comunidade. Atualmente pertencente à Arquidiocese de Belo Horizonte, ele está em período de férias na cidade de Caratinga, na Paróquia Coração Eucarístico de Jesus (Santuário) onde compartilha momentos de convivência fraterna e reflexão.
Após duas décadas de sacerdócio em seu país natal, Padre Lambert aceitou o chamado de sua congregação para uma nova etapa, inicialmente na Arquidiocese de Fortaleza e, posteriormente, em Belo Horizonte. Entre desafios e aprendizados, ele tem se dedicado a compreender e se inserir na cultura brasileira, encontrando na liturgia e na fé católica um elo comum entre os povos.
Nesta entrevista, ele fala sobre sua trajetória, as diferenças culturais entre Brasil e Senegal, sua vivência na Arquidiocese de Belo Horizonte e suas impressões sobre Caratinga e sua comunidade religiosa.
Por que saiu de Senegal e veio para o Brasil?
Bem, saí de Senegal por obediência ao superior, depois de mais ou menos 20 anos de sacerdócio. A proposta foi essa de tirar o ano sabático e depois do ano fazer a reciclagem. É por isso que comecei a estudar um pouco na Faculdade Jesuíta. Sair do Senegal é sair de uma realidade cultural, é sair do meu ambiente, que às vezes é um pouco diferente. E para enfrentar uma nova realidade, se inserir em uma cultura, se inserir no meio de um povo, mas com um compromisso da fé cristã e católica. Uma coisa que é bem importante é que, graças a Deus, como católicos, temos uma liturgia, uma palavra, um ensinamento comum. Então, o lugar onde a pessoa se encontra precisa de uma inculturação. Então, o meu lugar é de me inserir, tentar entender o apelo e a realidade cultural e caminhando com o povo, com a comunidade, como religioso sacramentino, e tentar viver a nossa vocação.
Como é a questão da cultura de um país em relação ao outro?
Uma coisa que parece semelhante é, por exemplo, a comida. Na minha região, o alimento de base, por exemplo, é arroz, mas é mais peixe. É por isso que lá em Fortaleza foi bem agradável ter o mar, ter essa comida, quer dizer, a comida também é uma expressão que ajuda para se aproximar mais com o povo, porque também é um sinal de comunhão que permite a gente um pouco a se entender. E a diferença pode-se encontrar na maneira de se aproximar, de expressar algumas verdades culturais, comportamentais e tantas outras coisas. Mas o que é essencial é bem semelhante, a verdade é que tentamos nos inserir nessa realidade. A dificuldade pessoal é aprender a língua. Aprender uma língua significa aprender uma realidade. Em geral, é um pouco diferente, mas com a globalização, tem muitas coisas que se encontram em cada lugar. No final, o ser humano é ser humano, dotado de inteligência, sabedoria e se encontra em torno de uma fé, como nós católicos. Uma fé, os ensinamentos comuns, que nos fornecem a oportunidade de conseguir dialogar.
Hoje o senhor faz parte da Arquidiocese de Belo Horizonte. Como é essa experiência?
Atualmente moro em Belo Horizonte, na nossa comunidade religiosa. Sou da província de Nossa Senhora de África, aqui é a Nossa Senhora Guadalupe, mas a congregação é única dos religiosos sacramentinos com uma única regra de vida, que nos ensina a fraternidade. A viver como os irmãos e irmãs, uma vida baseada sobre a fraternidade, a oração e o serviço. Então, como irmãos e irmãs, cada um se encontra, se reconhece, a partir dessa regra de vida. Moro com os irmãos, numa comunidade, onde mora o padre provincial, o padre Marcelo, e com os outros irmãos.
Por que o senhor decidiu passar férias em Caratinga?
Em primeiro lugar foi o convite do padre João Batista, porque nos encontramos de novo lá em Sete Lagoas, no momento em que alguns vocacionados iniciam a entrada no noviciado e depois viajamos. Como não tirei férias, estava refletindo se devia ir para Fortaleza ou não. No final falei, bom, irei para Caratinga, ficar lá alguns dias e partilhar a vida comunitária entre os irmãos. Verdade que já passei aqui quando estava celebrando as bodas de prata de vida religiosa com os meus irmãos padres Marcelo, Toninho, Francisco e Jesus. Então é a segunda vez que estou aqui em Caratinga, mas esse momento é mais livre, de uma experiência diferente. Porque a outra vez foi uma festa com programação, uma escala a seguir, correndo, fazendo uma coisa ou outra, e depois volta. Agora é um pouco diferente.
O que o senhor observou em relação a Paróquia do Santuário de Caratinga e seus fiéis?
É agradável de se ver no momento lá na capela, o povo passando, quem vem, passa, reza e segue adiante o seu dia. E nas missas é bem vivo, o povo participa bem. Tem um momento são as mulheres idosas que passam, um pouco de tarde são as jovens mulheres que passam e depois são mais homens idosos. Como se cada um com a sua preocupação diária dá o momento pelo encontro com Deus, que nos convida a dialogar com ele e cada um planeja organiza o seu tempo e consegue ficar lá no momento que precisa para conseguir conversar com o seu Deus. É muito importante, porque se não temos um pequeno momento para conversar com o nosso Criador, no final, a pessoa, o ser humano, pode acabar a perder o sentido da sua vida. Da mesma forma que na organização pessoal, na vida pessoal, que temos o momento de conversa com um membro das nossas famílias, amigos. Mesmo que cinco minutos é muito importante, de dar o tempo, entregar a Deus o nosso dia, apresentar a Ele nossas famílias, nossas preocupações, e mais agradecer a Ele pela vida recebida. Nosso coração fica agradecido de ver que o povo não esquece o seu Deus, a sua relação com o seu Deus.
Qual sua mensagem para a população de Caratinga?
Continuar a seguir adiante, com simplicidade, essa caminhada com Deus. Somos todos juntos, membros do mesmo corpo e a oração de cada um sustenta a caminhada de todos. A fé cristã nos ensina que a santidade de um salva muitos. Então, continuar a seguir adiante a nossa caminhada com fé sem desesperar e mais, sem medo, porque o medo nos atrapalha. E viver simplesmente com alegria a nossa vida sem medo nenhum. Ficar alegre, seguir adiante e saber que é verdade que Deus nos criou sem nos avisar, mas ninguém pode se salvar sem assumir o seu compromisso.
- Diretamente do Senegal para o Brasil, Padre Lambert Manga, religioso sacramentino, tem vivido uma experiência missionária marcada pela fé, adaptação cultural e serviço à comunidade
- Após duas décadas de sacerdócio em seu país natal, Padre Lambert aceitou o chamado de sua congregação para uma nova etapa, inicialmente na Arquidiocese de Fortaleza e, posteriormente, em Belo Horizonte