BELO HORIZONTE – Após meses de embate entre as alas do MDB de Minas, a legenda chegou a um aparente consenso nesta segunda-feira (19) sobre ter candidato próprio ao governo do Estado, mas, na prática, o resultado da votação ocorrida na sede do partido sinaliza uma derrota para o vice-governador e presidente da sigla, Antônio Andrade, e para o deputado federal Rodrigo Pacheco.
Dos 70 integrantes do diretório estadual, 44 decidiram que o partido fará prévias para decidir o nome da sigla ao governo no dia 1° de maio. A data é posterior à janela partidária – que permite, até 1º de abril, a troca de partido para quem quer ser candidato. Na prática, portanto, a decisão coloca Pacheco numa sinuca de bico: se quiser disputar o Palácio da Liberdade, terá que mudar de legenda. O grupo dele queria que as prévias ocorressem já no mês que vem, mas foi derrotado.
Toninho Andrade chegou a dizer que a escolha do mês de maio lhe parecia “um golpe”, porém disse ter mudado de ideia. “Mas agora ficou claro que todos queriam a candidatura própria, então não é golpe de forma nenhuma”, disse. O vice-governador falou em união partidária em torno da candidatura própria. “Eu queria que o partido tivesse a candidatura própria, e isso vai acontecer. A decisão foi unânime, a data não interessa”, afirmou.
Na ala que rivaliza com Andrade, o deputado estadual e líder da maioria na Assembleia, Tadeu Martins Leite, não é tão taxativo. “Nós queremos e teremos candidatura própria, mas essa prévia vai confirmar isso, e apenas na convenção, no mês de julho, vamos decidir o nome do MDB”, afirmou.
E quando o assunto é a aliança com o governador Fernando Pimentel (PT), as versões se distanciam ainda mais. “Ficou claro para mim que o MDB não caminha mais com o Pimentel. O Pimentel não é governador pelo MDB”, declarou Antônio Andrade. “Com toda a certeza é possível que o MDB caminhe com o PT nas eleições de 2018. Isso vai ser discutido na convenção. O importante é nós tentarmos construir toda essa discussão, em um campo de que nós sempre participamos. Eu acho que, no momento, não podemos falar nem de PT, nem de PSDB, temos que falar de MDB e um candidato do partido”, ponderou Leite.
Em um recado ao deputado Rodrigo Pacheco, o colega dele na Câmara Federal e secretário geral do MDB nacional, Mauro Lopes, disse que a realização das prévias em maio valorizará os membros “autênticos” do partido. “O emedebista autêntico não se aproveita de janela, ele não pretende sair do MDB”, disse.
Antes do resultado da votação, Pacheco tinha afirmado que, se as prévias fossem em maio, ele faria uma avaliação sobre sua permanência no partido. “Depois que a decisão for tomada e legitimada, e havendo uma estabilidade nesse sentido, essa é uma avaliação que devemos fazer”, contou, rechaçando a possibilidade de aliança com o PT. “É preciso ter clareza de que todas essas iniciativas não sejam uma forma de entregar o partido para o PT logo depois. Essa é uma preocupação que eu tenho. Nós queremos que essa seja uma decisão verdadeira sobre a candidatura do MDB”, afirmou. O deputado não aguardou o resultado e não foi encontrado pela reportagem para comentar.
PRÉ-CANDIDATOS
Já se colocaram à disposição do MDB os deputados federais Rodrigo Pacheco, Fabio Ramalho e Leonardo Quintão, o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes, e o empresário Josué Alencar.
Informações: O Tempo