Direitos Humanos reúne Judiciário, CREAS, Medicina da Comunidade e Família para debate especializado com alunos do UNEC
CARATINGA – Colocar em discussão os “Direitos Humanos” e todas as suas possibilidades. Esse foi o propósito central do II Simpósio sobre o tema, que teve como palestrante o juiz da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Caratinga, Consuelo Silveira Neto.
“Procurei instigar os alunos a pensarem um pouco sobre o tema, sobre a natureza e o significado dos “Direitos Humanos”, que foi uma evolução histórica da sociedade. Não pretendi esgotar a discussão, mas, sim, propor uma reflexão sobre o assunto”, define o magistrado, que se reuniu com estudante do Centro Universitário de Caratinga (Unec) e convidados no Auditório Prof. Celso Simões Caldeira, Campus I.
A ideia de uma nova declaração de direitos surgiu no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em 10 de dezembro de 1948, a terceira Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou o documento intitulado “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. “São garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana. São exemplos de direitos humanos o direito à vida, direito à integridade física, direito à dignidade, entre outros”, descreve a ONU.
O juiz explica que os Direitos Humanos estão relacionados à garantia de uma vida digna, que possibilite às liberdades de expressão, de opinião e de religião e dê amplo direito à saúde, à educação e ao trabalho. “Muitas pessoas dizem que os Direitos Humanos só servem para defender “criminosos”, mas não é isso, eles dizem respeito à dignidade humana”, defende.
Ele promoveu um debate que reuniu um grupo seleto de convidados com grande conhecimento sobre o tema, como a servidora pública Gisele Rismo Nepomuceno Drummond, que realiza um trabalho de atendimento aos moradores de rua por meio do Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) de Caratinga.
“Nossa unidade do CREAS no município faz o acompanhamento dessas pessoas em situação de rua. Poder compartilhar da minha experiência também tem tudo a ver com os Direitos Humanos”, compara.
Outro convidado do evento foi o médico Igor Claber Siqueira, especialista em Medicina da Comunidade e Família, que presta atendimento à população dos bairros de Caratinga como servidor contratado do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), e também aos detentos do Presídio de Caratinga. Ele questiona as dificuldades de se fazer cumprir as prerrogativas dos Direitos Humanos.
“Esse ano se completa setenta anos da Declaração dos Direitos Humanos, mas a gente vê que a lei é pouco respeitada. Além de antiga, não é controlada e é mal executada. Por isso é fundamental poder tratar de uma questão tão relevante como está acontecendo nesse evento”, chama a atenção.
O evento foi destinado aos acadêmicos de diversos cursos da instituição e os estudantes demonstraram que estão mesmo atentos à questão. “Precisamos nos preocupar mais com o ser humano, buscando entender e sanar suas necessidades. O simpósio vem contribuir nesse sentido”, opina Jéssica Lany, que cursa o 6º período de Administração.
O coordenador do Núcleo de Extensão do UNEC, professor José Aylton de Mattos, concorda com a necessidade de se abordar mais o tema. “Se a gente não resguardar o direito da pessoa humana em todos os níveis, quer seja o direito da mulher, o direito do presidiário, o direito das crianças, se não refletirmos sobre isso, como é que vai ficar o futuro da sociedade?”, indaga.
Já o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão do UNEC, professor Eugênio Maria Gomes, dá ênfase à representatividade do simpósio para os acadêmicos em termos de aquisição de mais conhecimento e cidadania. Recebendo o juiz Consuelo Silveira Neto, reconhecidamente um juiz de excelência, estamos recebendo o Poder Judiciário dentro de sua magnitude para tratar de um tema tão relevante com os nossos alunos”, conclui.