Fonoaudióloga Maria Verônica explica a respeito desse transtorno e aborda livro sobre esse assunto
CARATINGA – Nesse sábado (2) é celebrado o Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo. A data, estabelecida em 2.007, tem por objetivo difundir informações para a população sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno. E para entender mais sobre esse assunto, o DIÁRIO entrevistou a fonoaudióloga Maria Verônica Corrêa, cujo doutorado foi feito no Instituto Universitário Italiano de Rosário (IUNIR), Argentina. Ela ainda é uma das autoras do livro “Autismo – Integração e Diversidade” (Literare Books).
A pesquisa desenvolvida pela doutora Maria Verônica foi com um grupo de alunos do CMEI Alvim Corrêa de Faria, em Santa Bárbara do Leste. De acordo com a fonoaudióloga, desde agosto de 2019, ela avaliou 74 alunos e essa pesquisa contoucom a participação ativa dos pais. Desses estudantes, 37 apresentam algum tipo de alteração na fala e 37 conseguem se expressar sem dificuldades, o que chamou a atenção da fonoaudióloga para analisar como a alimentação influencia no desenvolvimento da fala dessas crianças.
Em entrevista ao DIÁRIO, a doutora Maria Verônica explica a respeito desse transtorno e aborda o livro do qual é uma das autoras.
Como definir o autismo?
Autismo é um distúrbio congênito do comportamento que se manifesta durante a infância e é caracterizado por comprometimentos na linguagem
Como identificar o autismo?
Transtorno de espectro autista (TEA) tem diversas características peculiares em cada indivíduo. Elas devem ser observadas e diagnosticadas por profissionais especialistas na área.
É marcado por alteração qualitativa do comportamento cognitivo, as vezes distúrbios alimentar da criança, de gravidade variável, das interações sociais, da comunicação verbal e não-verbal. Além disso, os interesses e atividades são poucos, sendo realizados de forma repetitiva e os níveis de compreensão dependem dos níveis de atenção e interesses do indivíduo
Quais as causas do autismo?
As causas do autismo ainda permanecem um mistério, sendo desconhecidas. Acredita-se que a origem do autismo seja genética e esteja relacionada a anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida. Além disso, também pensa que o transtorno possa ser causado por problemas que ocorreram durante a gestação, como infecções, ou no momento do parto, como o trabalho de parto prolongado.
O que chama a atenção dos responsáveis é que o bebê é excessivamente calmo ou sonolento. Ele também pode chorar sem consolo durante longos períodos de tempo. Outra queixa é que não gosta de colo ou rejeita o aconchego dos pais.
Existem diferentes graus de autismo? Homens e mulheres possuem as mesmas chances de desenvolver autismo?
Os graus de autismo variam de acordo com o grau de funcionalidade e dependência do paciente. É dividido em três graus, de modo que, no grau 1, o paciente é mais funcional e exige pouco apoio, e, no grau 3, o paciente é mais dependente e precisa de um suporte substancial.
Como é confirmado o diagnóstico de autismo e com que idade o diagnóstico pode ser feito?
O transtorno de espectro autista tem diversas características peculiares em cada indivíduo. Elas devem ser observadas e diagnosticadas por profissionais especialistas na área. Desde quanto há suspeita, e possível fazer avaliações com a equipe multidisciplinar relatando os dados para assim chegar ao diagnóstico
Por que atualmente o autismo é chamado de TEA?
TEA é baseado nos critérios do DSM V. O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento
Quais os maiores estigmas que pesam sobre o autismo?
“É esta combinação da incapacidade generalizada e a aparente normalidade física que origina o estigma, vivenciado pelas famílias com crianças com autismo, a sua qualidade única”, escreveu Gray em 1993.
Como é feito o tratamento?
O tratamento deve ser adequado às necessidades específicas de cada paciente e contar com o acompanhamento de especialistas, como fonoaudiólogos, neurologistas, psiquiatras e psicoterapeutas.
Autismo tem cura?
Não tem. Tem tratamento. E com o tratamento vai diminuindo o seu comprometimento e adequando-o para possível melhora do quadro que encontra alterado.
É importante compreender que a cada grau do autismo há uma grande diversidade em sua manifestação de sinais e sintomas diferentes um do outro.
A senhora participou de um livro ‘Autismo – Integração e Diversidade’. Poderia nos explicar um pouco sobre esse projeto?
Desde 2006 venho estudando sobre o tema. Até 2009 escrevi fazendo trabalho como referências bibliográficas e observando o comportamento da criança autista, após 2009 já bacharel em Fonoaudiologia, pude ter contato direto atendendo crianças e adolescentes com diagnóstico ou mesmo suspeita de TEA, e continuando a estudar sobre o assunto. Ao escrever no site da Editora em fazer parte de autoria e coautora de um tema que há anos venho observando e estudando, onde tive a oportunidade de desenvolver escrevendo o artigo que foi apresentado em uma banca de TCC de uma das minhas pós-graduação em Neurociências Clínicas onde o tema foi abordado obtendo um excelente resultado ao conclui-lo. Logo em seguida, tornou-se um tema de capítulo do meu livro, obra Literária Internacional sobre Autismo: Integração e Diversidade.
Qual o objetivo dessa iniciativa?
É poder levar ao conhecimento às pessoas um assunto de extrema importância e relevância, que está sendo estudado e publicado por vários autores inclusive de minha autoria, no Capítulo sobre Linguagem no Autismo. Falando a linguagem da criança autista e a importância em levar o conhecimento aos pais para seu desenvolvimento cognitivo.Estratégias para melhor qualidade de vida.
Qual conselho a senhora daria para pais ou responsáveis que têm filhos autistas?
Deve procurar o fonoaudiólogo para uma intervenção precoce ajudando a desenvolver suas habilidades cognitivas da linguagem, interação social e outras.
Deve tratar seus filhos sem diferença dos demais. Sei que hoje o autista tem lei que defende dando liberdade aos pais em cobrar seus direitos, mas com cautela.
A comunicação e interação social ajudam a vencer barreiras, e ao desenrolar para, um horizonte de conhecimentos intelectuais e de igualdade.