Conheça a história de duas mulheres que se superaram no mercado de trabalho e na vida
DA REDAÇÃO – Hoje se comemora o Dia Internacional da Mulher. Esta data surgiu a partir do ano de 1857, a partir de uma greve promovida por operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque. Elas reivindicavam melhores condições de trabalho e algumas questões que ainda hoje são almejadas pelas mulheres, como adequação da carga horária, salário equiparado ao dos homens e respeito no ambiente de trabalho.
No entanto, em reação ao manifesto, as mulheres foram violentamente mortas. A fábrica foi incendiada, com as mulheres trancadas no imóvel totalmente tomado pelas chamas. Assim, numa conferência na Dinamarca, no ano de 1910, decidiu-se que o dia 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem às tecelãs mortas em 1987, sendo que a data foi oficializada em 1975.
Os anos se passaram e a cada dia as mulheres têm conquistado mais a sua independência. No trabalho, em casa, na rua ou no dia a dia. As mulheres têm buscado sempre o seu espaço e a sua marca na sociedade. Em busca de igualdade, elas têm estudado, assumido cargos tipicamente tidos como masculinos e protagonizado histórias impressionantes de superação e força de vontade.
Há quem diga que o Dia da Mulher deveria ser celebrado todos os dias. Ser mulher é se dividir em duas. Três ou mais, por que não? É cuidar da casa, do filho na escola, do trabalho que acumula, do marido que espera; da vida que não para.
Por fim, devemos comemorar? Para responder esta pergunta o DIÁRIO DE CARATINGA entrevistou duas mulheres que são exemplo de garra e superação. Elas subiram na vida com bastante otimismo e mostram que ser mulher é muito mais que cuidar da casa. Elas que dão seu toque feminino ao trabalho mostram que, contrariando a típica frase que “Lugar de mulher é na cozinha”, lugar de mulher é onde ela quiser estar. E você, qual é o seu lugar? Inspire-se e descubra.
Uma vida dedicada ao serviço bancário
Flávia D’Avilla de Paula tem 30 anos de idade. Ela é casada e tem duas filhas (uma de 10 anos e outra de três anos de idade). Formada em Administração, é diretora administrativa da Sicoob Credileste de Caratinga. Mas, se engana quem pensa que foi fácil chegar a esse cargo. Antes disso, Flávia participou da fundação da agência e precisou mostrar o melhor de seu trabalho, o que chamou a atenção para que ela assumisse outras funções.
Como foi o seu início de carreira?
Meu primeiro emprego foi com 20 anos, como estagiária da Caixa Econômica Federal, na época de faculdade. Depois fui para o Sesi, Associação Comercial e depois vim para a Credileste.
Fale um pouco sobre sua trajetória na Credileste.
Estou na Credileste desde a fundação. Fui a primeira funcionária que saiu de porta em porta para arrecadar dinheiro para se montar a cooperativa. Então a gente estava vendendo uma ideia, não tinha documentação, nem papel. Éramos eu e a Onofra, da Associação comercial, que andávamos por esse comércio todo para vender a ideia para se fundar a Credileste. Depois vieram outros funcionários também.
A área bancária sempre lhe despertou interesse?
Sim. Sempre tive interesse nessa área de banco. Fiz administração e é uma área que eu gosto e que pretendo trabalhar por muitos anos ainda.
Ao longo dos anos você foi subindo de cargo. Como foi esse processo?
Para mim foi um desafio, a princípio. Entrei como escriturária normal, depois de alguns meses, quase um ano, já me veio o convite pra ser gerente administrativo e ano passado, me tornei diretora administrativa também.
Hoje você se sente realizada como mãe e mulher?
Sim. Mas, é difícil porque a mulher tem uma tripla jornada. É mãe, dona de casa, esposa, trabalhadora. É um desafio, mas também acho que faço com orgulho aquilo que eu gosto. Então, eu desempenho a minha função da melhor maneira, porque gosto do que faço.
Como é conciliar essa rotina, tendo filhos ainda crianças?
Os filhos sentem um pouco de falta, ainda mais neste cargo que não se tem muito horário certo. Às vezes tem que se triplicar para poder dar uma atenção. Chega em casa à noite faz tarefa com o filho até 21h, 22h. Mas, dando um jeitinho a mulher consegue realizar as funções de acordo com o que tem que ser desempenhado.
E os afazeres domésticos?
No afazer doméstico tenho uma pessoa que é especial na minha vida, tem 12 anos que trabalha comigo, é a Marilene. Então, falo que ela é a mãe das minhas filhas também quando não estou em casa, uma pessoa que dedico toda respeito e consideração. Também é uma guerreira, porque ela sai da casa dela para estar na minha e ajudar a criar minhas filhas também.
Com o passar dos anos as mulheres têm conquistado sua independência. Até onde isso ajuda e atrapalha?
Ajuda, mas às vezes a gente fica nessa tripla jornada e a gente merecia um descanso também e não tem como. Cada vez a gente quer mais, nesse desafio grande de sempre buscar o mais, querer o mais e dar o melhor para os nossos filhos. Então, a mulher procurou e ela achou, então não tem muito do que reclamar não. A gente procurou a independência financeira, como pessoa, mulher; e eu gosto. É bom isso, essa parte de falar, que me sinto realizada, como mãe, esposa, dona de casa dentro daquilo que eu faço e como uma profissional também.
Nessa busca pelos direitos da mulher, ainda falta alguma coisa?
Acho que a mulher sempre quer mais. A gente quer igualdade salarial, se vê nas questões financeiras e da mulher ser respeitada, mas, no mais a mulher está sempre em busca de algo a mais.
Para você trabalhar fora é uma escolha?
Sim. Eu sou muito ativa, não me vejo dentro de casa. Acho que isso é uma escolha e gosto realmente de trabalhar fora.
Como é trabalhar na Credileste?
A Credileste pra mim, falo como se fosse a minha casa. Adoro estar aqui, trabalhar aqui, gosto dessa equipe que trabalha aqui porque a gente não é ninguém sozinho. É um desafio, começamos com quatro pessoas e hoje estamos com quase 40 funcionários, fora o conselho de administração e fiscal. Sou grata por eles me darem a oportunidade de crescer e almejar sempre mais; pela confiança e pelo respeito que eles têm a mim também. Faço com prazer e com gosto.
A mulher exercendo um cargo de chefia ainda é considerado um tabu em relação aos homens?
Sim. Mas, aqui na Credileste, sou a única mulher dentro de um Conselho de sete homens e sou muito respeitada. Sempre tenho a confiança no meu trabalho e sou muito grata por isso.
PING PONG
MULHER – Minha mãe
SONHO – Criar as minhas filhas, sendo independentes e com um bom estudo
ESPERANÇA – De um mundo melhor e mais justo
AMOR – A Deus e minha família
TRABALHO – Credileste
FELICIDADE – Me considero feliz
DECEPÇÃO – Às vezes temos no dia a dia, mas buscamos superar e bola pra frente
FAMÍLIA- Tudo
De faxineira à telefonista: Marcina venceu na vida após retomar os estudos
Marcina Vieira Ferreira tem 44 anos de idade. Viúva, ela tem quatro filhos e quatro netos. A simpática telefonista da Sicoob Credcooper é conhecida pelo bom atendimento e conversa amiga. Foram essas qualidades que lhe propiciaram para uma nova oportunidade. Ela, que era faxineira, estudou e não perdeu tempo. Conseguiu o cargo de telefonista com muito esforço e dedicação.
Qual foi seu primeiro emprego?
Trabalhei muito em casa de família, desde nova. Depois, trabalhei nove anos na Líder Pães e Bolos e saí para cuidar dos meus filhos, não estava tendo como deixá-los sozinhos. Mais tarde, voltei para casa de família. Trabalhei uns seis anos e me chamaram para trabalhar aqui, onde estou até hoje.
Como foi a sua mudança de emprego na Sicoob Credcooper?
Comecei trabalhando na limpeza e depois passei para o telefone, já tem um ano. Foi muito bom. A Iêda me indicou e me falou para começar a estudar, porque abre portas, no curso de Finanças. Tive apoio também do senhor Kdner, do Silvério, eles que me deram forças e a oportunidade de ir para o telefone.
Como é o seu ambiente de trabalho?
Gosto muito, o pessoal aqui é muito bom. Todos os meus colegas tratam com o maior respeito. Aqui valorizam o profissional. Somos todos valorizados.
Como você faz para conciliar os afazeres domésticos?
É muito difícil. Levanto cedo, umas 4h, deixo minhas coisas todas arrumadas e a minha mãe também me ajuda muito. Com tudo pronto, eu venho trabalhar.
Essa rotina era ainda mais difícil quando você estudava?
Sim. Era muita coisa. Mas, Deus abençoa a gente, sustenta. Deus tem me sustentado muito. Usou todas essas vidas para me abençoar.
No Dia da Mulher, você tem muita coisa para comemorar?
Graças a Deus. Só bênçãos aconteceram. Gratidão que tenho com a vida, porque Deus é muito generoso comigo.
O que você acha que ainda falta para a mulher na sociedade?
Está muito bom para a mulher, está sendo valorizada. Acha que o que está faltando é o respeito pela gente mesmo. Essa valorização partir de nós mesmos. Mas, o mercado está bom para a mulher, hoje ela é mais reconhecida e respeitada, só falta a gente se valorizar mais, porque hoje a mulher cresceu muito em umas coisas e em outras está muito liberal, por exemplo, em questões de namoro.
Hoje você se sente realizada como mãe e mulher?
Sinto. Ainda vou arranjar um noivo pra mim, isso ainda falta (risos). Mas, aos poucos vou conquistando. Tudo no seu tempo, Deus sabe de todas as coisas.
MULHER – Minha mãe, guerreira, trabalhadora e de pulso firme
SONHO – Ter um país com oportunidades iguais para todos
AMOR – É o respeito ao irmão
ESPERANÇA – Paz
TRABALHO – Primeiro é Deus e depois o trabalho. Gosto muito
FELICIDADE – Viver bem com a minha família
FAMÍLIA – Tudo