Sindicato dos Produtores Rurais em parceria com o Faemg/Senar oferta assistência técnica e gerencial a 20 produtores
CARATINGA- O Dia de Campo- Agroindústria da Cachaça aconteceu na manhã deste sábado (19). 20 produtores de Caratinga e região recebem assistência técnica e gerencial através de uma parceria do Sistema Faemg/Senar com o Sindicato dos Produtores Rurais de Caratinga.
Roberto Aquino, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, destaca que este foi o primeiro evento voltado para o setor em Caratinga, que está em crescimento. “Nos sentimos à vontade para promover esse trabalho, trazer para nossa região a importância que tem mais uma atividade, uma diversificação dentro de sua propriedade. Então, esse dia de campo vem trazer para o produtor essa importância que tem dele trabalhar mais técnico a sua produção. Caratinga e região têm um potencial muito grande na questão da produção da cachaça”.
Luiz Ronilson, gerente regional do sistema Faemg/Senar, explica que o Dia de Campo é uma oportunidade para os produtores, em compartilhar conhecimento e ver novas tecnologias ou práticas. “Aqui em Caratinga temos uma região que vem crescendo com a produção de cachaça de qualidade, envolvendo os municípios do entorno, temos produtores de Taparuba, Ipanema, Caratinga, Ubaporanga e outros mais”.
Conforme Luiz Ronilson, hoje são nove grupos de assistência técnica e gerencial cachaça dentro do estado. “O objetivo é fomentar a produção da cachaça de qualidade, artesanal, que tem uma valorização maior do que normalmente vemos quando comparada à cachaça industrial. A cachaça industrial não é tão saborosa e nem tão aceita no mundo do consumidor para uma cachaça de mesa, ela é para outros fins. Mas, a cachaça de mesa é artesanal, é a que nós temos foco de trabalhar com ela dentro dos nossos cursos”.
O técnico de campo Flávio Almeida faz o acompanhamento a 20 produtores de cachaça da região, que têm grande potencial de crescimento. “Esse trabalho foi iniciado em janeiro e nosso foco é o desenvolvimento da cadeia produtiva da cachaça como um todo, desde a produção da cana, até apresentação do produto final no mercado. A cachaça na região começou de maneira bem acanhada, então, pessoal começou com cana que era utilizada para trato de gado, eles não têm variedade específica para cachaça com um potencial de produção. O objetivo aqui é introduzir variedades que deem uma produção melhor, já que a região o custo da terra é muito alto, então, o custo da cachaça acaba ficando alto se a produtividade da cana for baixa”.
O trabalho também buscar conscientizar o produtor que é necessário ter visão de mercado com a questão gerencial, como explica Flávio. “O produtor tem que enxergar a sua atividade rural como um negócio, que tem que dar lucratividade, saber qual o custo de produção dele, da mão de obra. Formalizar, já que a cachaça é um produto alimentício, já temos duas fábricas em processo de registro e creio que nos próximos dois anos, que é o período do projeto, a gente consiga registrar mais fábricas aqui na região”.
PRODUTORES EM BUSCA DE CONHECIMENTO
Divino Mariano, 69 anos é do distrito de São Cândido. O produtor destaca que o objetivo é aprender as novas tecnologias com apoio do Senar. “Comecei a fazer cachaça por volta dos seis anos. Embora que eu fiquei um bom tempo na cidade, que meu principal negócio não é a cachaça. Mas, eu gosto muito de produzir a cachaça, é uma coisa que faz bem. A gente que produz, há 63 anos aprendi da maneira primitiva, eu diria que eu tenho um produto bom, mas, com esse apoio do Senar acredito que agora vou ter um produto top mesmo, inclusive estou em busca exatamente dessa melhoria. Eu gosto de desafio, falei com o técnico que está nos atendendo que quero aprender, vou esquecer tudo que já fiz até hoje, quero começar do zero”.
No Córrego dos Bertoldos, José Carlos Lopes deu início à produção de cachaça que agora segue com os filhos. Ele explica como uma conversa com o filho foi importante para mudar sua percepção na produção e comercialização do produto. “Quando comecei achei que não estava dando muito certo, os meninos estudando e eles foram embora. Comecei a fazer uma cachaça com meu irmão, a cachaça dele chama Sozinha. Não agradei porque o preço não compensava. E comecei fazer aqui em casa, com um alambique pequenininho, mas, aí o preço já era outro. Os meninos foram estudando e olhando eu mexer com a cachaça. Um dia o Otávio falou assim: “Pai, tem cachaça que é 300 conto a garrafa”. Aí eu ria dele. Começaram a estudar, comprar livro, estudar mesmo a cachaça. Já começou a melhorar, daí uns dias tinha que crescer, mas, não tinha dinheiro. Essa época que fui ao Banco do Brasil peguei um empréstimo, dei para os meninos e eles estão aí tocando”.
José Carlos frisa que a importância do conhecimento e de romper preconceitos em torno da cachaça. “Você nunca fala que sabe tudo. Eu achava que cachaça tudo era no PET lá de R$ 5, R$ 10, há 10 anos. Mas, o Otávio tem uma visão muito diferente, graças a Deus e viu que a cachaça tem um potencial muito grande, esquecer esse negócio de tudo é o cachaceiro, um preconceito muito grande. Se você fizer uma cachaça boa e souber beber. Temos que dar valor ao produto da gente. E hoje os meninos estão fazendo sucesso com a cachaça e espero que muitos produtores aprendam com eles”.
Para o José Carlos, qualidade do produto e dedicação impactam no resultado. “Deixei por conta deles e hoje só tô bebendo os golinhos (risos). Quem aprecia uma boa cachaça não bebe cachaça ruim. Tudo é qualidade. Você tem que ter qualidade para ter preço. Não adianta colocar qualidade e falar que vai vender barato, não paga seus custos. Os meninos tomaram uma proporção tão grande que eles vigiam a cachaça, eles não deixam qualquer um mexer. Eles que ficam olhando, a Camila, a Bruna e o Otávio. Esperam que muitos aprendam com eles e eles também vão aprender com muita gente”.
Otávio Lopes reforça as palavras do pai e afirma que a cachaça é um produto brasileiro que precisava de um toque especial. “Fomos buscar, juntamente com o Brasil inteiro, a produzir cachaça boa. É uma bebida com potencial muito grande. Então, estudamos todas as técnicas de produção, fomos atrás de cursos, para trazer um produto diferente, que agradasse o paladar e quebrasse o preconceito que a cachaça tinha. Hoje em dia, muito disso já se tem melhorado, criamos um conceito diferente da cachaça, agregando valor ao produto. Esse fortalecimento do setor é importante pra cadeia, para que a gente crie uma rota turística, eventos nesse setor, para que a região se torne também conhecida com o potencial da cachaça de qualidade. Temos que ficar atentos às tecnologias, sempre inovando e buscando criar novidades para o mercado e com isso também nossos clientes que ficam satisfeitos e cada vez mais o produto ganhe mais destaque”, finaliza.
- Evento aconteceu na manhã de sábado (19)
- Cachaça tem potencial de crescimento em Caratinga e região