Padre José de Fátima aborda a importância da data e cobra que seja valorizado o papel do negro na história do Brasil
CARATINGA – Hoje é comemorado o Dia da Consciência Negra. A data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, pois foi no dia 20 de novembro de 1695 que foi morto o líder do Quilombo dos Palmares, que se localizava na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. A data tem como principal objetivo refletir sobre o papel do negro na cultura e na história do Brasil.
E no decorrer desta sexta-feira (20) estão programadas várias atividades em escolas da região e haverá celebrações de missas na Paróquia de Santo Estevão, em Iapu; e na Paróquia de Inhapim, Comunidade Santo Antônio.
PAPEL DO NEGRO NA SOCIEDADE
Conforme dados da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (Pnad) (N.E.: estes dados são de 2013, já que a pesquisa de 2014 será divulgada na próxima semana); o percentual da população declarada negra chegou a 8% dos brasileiros. Além dos negros, cresceu também o número de pessoas autodeclaradas pardas. Juntos, os conceitos de pardo e negro formam a população negra do país, que chega a 53% dos brasileiros.
Padre José de Fátima Rosa, da Pastoral Afro-Brasileira da Diocese de Caratinga, explica que o Dia da Consciência Negra homenageia e resgata as negras raízes do povo brasileiro. “Esta data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares. Então é um dia dedicado a reflexão sobre a presença do negro na sociedade brasileira. Este dia marca o valor da conquista da liberdade deste grupo”, ressalta o padre José de Fátima.
Ele também destaca que o dia põe em pauta à importância de se discutir a temática negra nas escolas. “A inclusão de assuntos ligados à África e ao povo negro na educação é uma das estratégias para reconhecer a importância desse grupo na história do Brasil. As escolas já reconhecem a importância de se trabalhar a cultura negra no seu dia a dia. A Lei obriga que as escolas ensinem sobre do povo afro-brasileiro no seu currículo”, observa.
Padre José de Fátima analisou que a diversidade cultural do país deve ser trabalhada no âmbito escolar. “A sociedade em que vivemos faz com que a crianças negras nunca se veem como elas são”, frisa.
Para o religioso, a Igreja Católica tem compreendido a importância do negro na sociedade. “Percebo a grande riqueza entre nós padres negros quando os bispos falam da importância afro-brasileira e das mudanças na liturgia”.
O religioso cita a 46ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em 2008, como um exemplo da importância da cultura negra para a Igreja Católica. “Na ocasião, dom João Alves dos Santos, bispo de Paranaguá (PR), disse que a Igreja procurou refletir e aprofundar a realidade atual do povo negro. Ou seja, suas condições de vida, acesso a moradia e educação. Diante desta realidade quer ser uma luz para dar espaço para esta grande parcela do povo que, ainda, é marginalizada”, recorda padre José de Fátima.
Sobre os desafios da Pastoral Afro-Brasileira, padre José de Fátima disse que o maior deles é a questão do negro ser apenas ‘sujeito’ na história brasileira. “Embora os afrodescendentes sejam metade da população, eles ainda são ‘sujeitos’ na história do país. Temos uma massa de excluídos e a luz do evangelho vamos construir uma sociedade de irmãos, onde vivamos de forma justa e igualitária”, pontuou o religioso.
PASSEATA
Em virtude da data, acontece em Caratinga a “1ª Caminhada de Promoção à Igualdade Racial”. A concentração será às 8h em frente ao CTC (Caratinga Tênis Clube) de onde os participantes irão sair e percorrer as principais ruas do centro da cidade. A caminhada é uma promoção da 6ª Superintendência Regional de Ensino.