CARATINGA – Cerca de 32 mil pessoas privadas de liberdade fizeram essa semana, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em mais de mil unidades prisionais de 577 municípios.
O Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL) é destinado a pessoas submetidas a penas privativas de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade. Os participantes com mais de 18 anos puderam utilizar o desempenho como mecanismo para acesso à educação superior. No presídio de Caratinga, 19 detentos fizeram as provas na terça (12) e quarta-feira (13). As inscrições no Enem PPL foram feitas via internet pelos responsáveis pedagógicos de cada unidade da Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo da Sesp. Esses técnicos são responsáveis também por conferir os resultados, comunicá-los aos candidatos e encaminhá-los ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e a outros programas de acesso à educação.
Segundo a pedagoga do presídio, Célia de Fátima Gomes de Rezende Bitencourt, a faixa etária dos participantes foi entre 19 e 30 anos. Participaram da aplicação do Enem, funcionários do presídio e a coordenadora de local foi indicada pela instituição.
Para a pedagoga Célia, a oportunidade de um detento participar do Enem com as demais pessoas é uma forma de recuperarem o tempo perdido e terem a chance de reinserção na sociedade. “A autoestima deles aumenta, se sentem mais capazes e param de se punir um pouco”.
Os detentos que fazem parte do projeto Remição por Leitura, onde conseguem diminuir a pena com a leitura de livros, também aproveitaram para se prepararem para as provas.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mais de 197 mil pessoas presas e jovens sob medida socioeducativa já participaram do exame entre 2011 e 2016. O Enem PPL é uma iniciativa do Inep, em parceria com o Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça e Cidadania (Depen/MJC) e com a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
ENCCEJA
A aplicação da edição de 2017 do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para Pessoas Privadas de Liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade (Encceja Nacional PPL) será realizada nos dias 19 e 20 de dezembro. A mudança na data de aplicação do Exame, antes prevista para os dias 21 e 22 de novembro, foi publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no Diário Oficial da União desta sexta-feira, 10.
O Exame é direcionado às pessoas que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos em idade própria. Os participantes que buscam a certificação do ensino fundamental precisam ter, no mínimo, 15 anos completos na data da prova. Quem busca a certificação do Ensino Médio tem que ter, no mínimo, 18 anos completos.
As provas do Encceja Nacional PPL 2017 serão realizadas nas unidades prisionais e socioeducativas indicadas pelos órgãos competentes. O Exame será dividido em quatro provas objetivas, por nível de Ensino, e uma redação. Cada prova objetiva tem 30 questões de múltipla escolha.
Cada Unidade Prisional ou Socioeducativa tem um responsável pedagógico com acesso ao sistema de inscrição e suas funcionalidades. Além de responsável pela realização e acompanhamento das inscrições, compete a ele a obrigação de realizar o ensalamento e a exclusão de participantes que tiverem sua liberdade decretada. O responsável pedagógico acessará os resultados obtidos pelos participantes, pleiteará sua participação no Sisu e em outros programas de acesso ao ensino superior, se possível. É ele também que divulgará as informações sobre o exame aos participantes.
Do presídio de Caratinga, 22 detentos participarão do exame para concluírem os anos finais do ensino fundamental e dois do ensino médio.