“As emoções são as senhoras; a inteligência o servo”, Herbert Spencer
Você sabe o que é inteligência emocional (Qe)? É a nossa capacidade de reconhecer diferentes emoções e sentimentos e conseguir administrar tudo isso sem passar por grandes sofrimentos. Parece simples, mas não é uma tarefa fácil e, apesar de algumas pessoas terem essa habilidade desde pequenas, a maioria de nós precisa aprender ao longo da vida como lidar com todas as emoções diárias.
Anos atrás, psicólogos e teóricos já afirmavam que a inteligência era algo além da nossa capacidade de pensamento ou aprendizado, muito mais além do que a área matemática ou a área da linguagem. Mas foi nos anos 90 que a ideia das múltiplas formas de inteligências se popularizou atrás do livro ‘Inteligência Emocional’ de Daniel Goleman. Saber administrar nossa ira, entender nossas tristezas, conectar melhor com aqueles que nos rodeiam para estabelecer relações mais efetivas, mais íntegras, mais felizes…. Tudo isso configura o que conhecemos como inteligência emocional.
Em tempos de reformas educacionais e PECs e discussão de currículo das disciplinas, seria muito bom se nos currículos educativos tivessem em seus programas mecanismos para ensinar as crianças como serem competentes emocionalmente. Mas não quero iniciar aqui essa discussão e até que isso ocorra, até que a inteligência emocional seja tão importante como a matemática, seria interessante que, em casa, ensinemos aos nossos filhos como funciona esta arte, este comportamento, esta sabedoria do coração que todos deveriam praticar.
Trabalho com Neuropsicologia e com Psicologia Clínica através da abordagem da Terapia Cognitiva Comportamental, ou seja, avalio a capacidade de inteligência (Qi) das pessoas através da Avaliação Neuropsicológica e investigo a capacidade de adaptação emocional (Qe) das pessoas nas sessões de terapia. E é notório a falta de equivalência entre essas duas formas de inteligência. Existem dimensões psicológicas em uma pessoa que não podem ser medidas em um teste, e que, contudo, podem chegar a ser muito mais importantes em nossa vida cotidiana.
A inteligência emocional se aprende. Na verdade, não importa a idade que tenhamos, os pilares que a definem e a constroem podem ser treinados todos os dias para, então, nos tornamos mais capazes e, logicamente, mais felizes. Quanto mais cedo nos familiarizarmos com esses conceitos mais cedo teremos a oportunidade de interiorizamos os conceitos e as habilidades de forma natural e se tornarem parte de nós mesmos, para se adaptarem melhor a todas as situações sociais e pessoais que venhamos a experimentar nos anos seguintes.
Como estimular a inteligência emocional? Primeiramente saiba que não tem nada a ver com estudar mais. Tem a ver com aprender a lidar com as emoções e dificuldades que vamos encontrando durante a vida. Antigamente, as pessoas achavam que inteligência emocional era uma habilidade nata. Na verdade, todo mundo pode desenvolver as habilidades e de acordo com a especialista, quanto mais cedo começarmos a desenvolver essa habilidade em nós e em nossos filhos, melhor.
- Se observe mais do que você observa os outros;
- Aprenda a perceber a presença das suas emoções;
- Nomeie suas diferentes emoções ao longo do dia;
- Diferencie uma emoção da outra adequadamente;
- Acostume se a expressar frases como “eu me sinto… porque…”;
- Após conhecer e diferenciar as suas emoções passe a treinar a percepção das emoções dos outros ao seu redor;
- Perceba o que você sente nem sempre é o mesmo que o outro sente;
Uma peça chave da inteligência emocional é a empatia. Esta dimensão psicológica é algo que vamos adquirindo com o tempo. Na verdade, com 7 ou 8 anos, as crianças já terão se afastado totalmente daquele “individualismo” tão típico das crianças pequenas, algo egoísta, em certos momentos. Pouco a pouco começarão a defender seus amigos (seus iguais), e entenderão já os pontos de vista dos demais para se sensibilizarem pelo bem-estar alheio. Para nos ajudar a desenvolver e se dar conta do que é a empatia, podemos consegui-lo fazendo perguntas da seguinte maneira: como eu acho que meu companheiro estava hoje? Eu o vi feliz, triste ou preocupado? Como ele se sentiu quando recusei a fazer o que ele me pediu?
A inteligência emocional nos permite defender nossos direitos, proteger nossos limites, nossa integridade e, por sua vez, respeitar os demais. Devemos ser capazes de falar em primeira pessoa com total liberdade e sem medo, reclamar nossas necessidades, mas conhecendo o que é o respeito com os demais. Uma pessoa que se sente ouvida é uma pessoa que sabe escutar e também se comunicar. Por isso, é interessante desenvolver as estratégias pessoais adequadas para nos sentirmos fortes, capazes e seguros em seus contextos cotidianos. A vida fica mais leve e mais flexível quando isso ocorre. Pratique!
Luciana Azevedo Damasceno – Neuropisicóloga e Terapeuta Cognitivo-Comportamental formada pela PUC Rio. Elogios, dúvidas e sugestões: [email protected]