(Noé Neto)
Parece que a famosa “marolinha” realmente passou. Passou e em seu rastro veio um enorme tsunami trazendo um mar de lama e enormes transtornos econômicos, estruturais e morais ao nosso país.
Estamos assistindo, atordoados, entristecidos, estarrecidos e principalmente estagnados, à lama encobrindo o “lábaro que ostentas estrelado”. Parece que esse lamaçal não vai ter fim e que não há jato capaz de lavá-lo por completo. Não há mais paciência que aguente tantas desculpas esfarrapadas e informações desencontradas.
Por um lado, observamos estados falidos, instituições públicas e privadas falidas, pessoas desprezadas e desesperadas pela falência. Por outro lado, vemos cifras que não conseguimos sequer imaginar, sendo transformadas em “auxilio amizade”, propina, ajuda de custo ou pagamentos indevidos.
“O verde louro desta flâmula” está se tornando cada vez menos verde, cada vez mais encardido. Pelo visto abriu-se a caixa de Pandora sobre o Brasil, mais especificamente sobre Brasília e, desta vez, nem sequer a esperança restou na caixa. Há uma descrença múltipla ou, como diria minha avó: “nos tornamos um povo desacorçoado”.
Estamos diante de um teatro que parece ter perdido de vez o lado cômico e mantido apenas o dramático. O diretor de dramaturgia decide quem sai de cena, mas o ator decide não cumprir a ordem e ficar. O palco gira e quem decidiu pela saída também é responsável pela permanência, mas quem permanece sai desacreditado e deixa o palco sem aplausos, sob vaias da plateia.
Desastre, mito ou teatro? Ainda não consigo identificar.
Só sei que se for desastre, não consigo ouvir as sirenes e muito menos enxergar quem pode salvar as vidas atingidas. Se for mito, a caixa pode até ser fechada, mas os males já estão soltos e seus estragos parecem ser irreparáveis. Se for teatro, a esperança é que as cortinas caiam logo e que nova peça comece, com novos atores, sob nova direção e com bilheteria farta.
A única coisa que nos resta, diante de tantas desilusões que os últimos dias nos proporcionaram no cenário político, é a boa e velha fé do brasileiro que insiste em afirmar que “quando está ruim é porque está perto de melhorar.” Será?
Prof. Msc Noé Comemorável
Escola “Prof. Jairo Grossi”
Centro Universitário de Caratinga – UNEC
Escola Estadual Princesa Isabel