Deputado Leonardo Monteiro lidera articulação para implantação do Instituto Federal em Caratinga

Audiência pública sobre o projeto foi realizada na Câmara de Vereadores

CARATINGA- Caratinga é reconhecida como um polo educacional, contando com instituições privadas de ensino superior. No entanto, ainda não possui uma unidade pública federal presencial voltada à formação técnica e universitária. Essa realidade pode mudar com a implantação de um campus do IF Sudeste em Caratinga.

O deputado federal Leonardo Monteiro, que tem liderado as articulações em Brasília para a instalação do campus Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste) no município, esteve em Caratinga na sexta-feira (09), para uma audiência pública na Câmara de Vereadores sobre o assunto. Em entrevista ao DIÁRIO, ele detalha o histórico dessa mobilização, os próximos passos do projeto e os impactos esperados para o município e toda a microrregião.

 

Deputado, como o senhor avalia o cenário educacional atual de Caratinga e qual a importância da chegada de uma instituição pública de ensino superior?

Caratinga é uma cidade polo educacional. Temos várias faculdades, vários cursos da iniciativa privada, isso tem que ser valorizado. Mas nós ainda não temos uma instituição pública de terceiro grau. E lembro que no primeiro governo do presidente Lula, nós conseguimos trazer para cá um núcleo da Universidade Aberta do Brasil à distância. E depois do governo do presidente Lula, depois da saída da Dilma, isso foi desmobilizado pelos governos federais anteriores.

Como surgiu a ideia de resgatar o projeto de instalação do Instituto Federal em Caratinga?

Então, agora, aproveitando o novo governo do presidente Lula resgatamos um projeto que a gente vinha discutindo aqui com a comunidade de Caratinga, que era implantar também o Instituto Federal. O Instituto Federal pode ter curso de nível médio e de nível superior, então, ele faz o papel da universidade tecnológica para formar, capacitar as pessoas, para trabalhar do ponto de vista técnico, com uma mão de obra mais qualificada. Há uns 10 anos chegamos a elaborar todo o projeto, estava pronto, mas, infelizmente isso foi interrompido e agora nós resgatamos de novo esse projeto.

Quem tem participado dessa articulação ao lado do senhor?

Essa retomada se deu por iniciativa também do doutor Aldair, advogado atuante aqui em Caratinga, também o Jipão participou desse projeto dessa ideia junto conosco.  Fomos lá em Brasília, fizemos uma audiência com o ministro da Educação, ministro Camilo, conversamos com o professor Getúlio, que é era o chefe da Secretaria de Assuntos Tecnológicos do Ministério da Educação.

O projeto de Caratinga foi incluído no PAC Educação. O que isso significa e há definição sobre o local onde será construído o campus?

O presidente Lula colocou no PAC Educação o recurso necessário para a gente poder implantar o Instituto Federal aqui em Caratinga. Então, o recurso está liberado. Agora, depende dessa parceria com a Prefeitura. Estamos dialogando com o prefeito doutor Giovanni, que foi muito receptivo. Estamos estabelecendo uma parceria sadia com a prefeitura; o reitor do Instituto Federal, o professor Valdir, com o nosso mandato, e nós então estamos fazendo uma interlocução junto à Secretaria de Patrimônio da União, porque o governo federal tem um terreno enorme aqui em Caratinga, então estão liberando parte desse terreno, ali próximo do Parque de Exposição, para, então, naquela área, construir e implantar o nosso Instituto Federal.

Como está sendo envolvida a comunidade nesse processo?

Com a realização dessa audiência pública em Caratinga para abrir esse debate com a comunidade de Caratinga, para ouvir a população de Caratinga e da região sobre qual o perfil, vocação desse Instituto Federal para a nossa cidade. A partir daí, então, é lógico, o reitor, o diretor do Instituto Federal, com a sua equipe, irá moldar, consolidar o projeto do Instituto Federal aqui. Também serão definidos os cursos, primeiro, a ordem de prioridades. A gente sabe que nós somos uma região que tem uma agricultura familiar muito forte. Temos as cidades aqui do entorno, e que acabam abastecendo o Ceasa de Valadares, a região metropolitana do Vale do Aço, que abastece também o Ceasa de Belo Horizonte, o Ceasa de Caratinga. Então, é uma região que tem uma força produtiva da agricultura familiar importante. Então, nós queremos abrir essa discussão com a comunidade aqui para ajudar a definir qual é o perfil do Instituto Federal que nós devemos consolidar, construir aqui na nossa cidade de Caratinga e da região.

O campus de Caratinga também terá um papel regional?

Sem dúvida. Não é possível sempre implantar um instituto em cada cidade. Então, é preciso escolher a cidade polo, no sentido de microrregião, no caso Caratinga. Nós já temos o Instituto Federal em Valadares, agora saiu também João Monlevade, saiu o nosso aqui de Caratinga. A ideia do governo do presidente Lula é construir em cada cidade polo, pelo menos um Instituto Federal, para poder então atender a cidade onde ele é sede e também toda região. Então, o nosso Instituto aqui de Caratinga nasce com essa vocação, de ser um instituto vocacionado para atender toda essa região aqui de Caratinga. E aí, com isso, inclusive, ampliar, capacitando cada vez mais Caratinga e se tornando um polo regional de educação. Com as iniciativas de faculdades e universidades particulares que nós temos e também com o Instituto Federal, que é uma escola pública e de boa qualidade para ajudar, então, cada vez mais fortalecer o projeto de educação para a nossa cidade de Caratinga.

Existe a possibilidade de iniciar atividades antes da conclusão da sede?

O terreno precisava ser liberado, agora o terreno já está liberado então nós queremos discutir com a reitoria e com a prefeitura como é que nós podemos iniciar esses cursos mais rapidamente, se será construindo imediatamente a sede ou se podemos também ter um espaço que a prefeitura poderia ceder para pelo menos começar com alguns cursos.

Como o Instituto Federal para o desenvolvimento de Caratinga e região em relação ao mercado de trabalho?

Hoje você sabe que nós estamos numa época que essa questão da internet, outros poderes de comunicação através das redes sociais, então a juventude hoje também cobra vários cursos que também tem tudo a ver com o desenvolvimento regional e local. Então, com certeza, o Instituto Federal estará debatendo com a comunidade de Caratinga qual é a necessidade, quais os principais cursos que serão liberados. O fato é que, sem dúvida nenhuma, o Instituto Federal será um instrumento importante para estimular o desenvolvimento sustentável, desenvolvimento local e regional. Até porque a educação é um fator preponderante para o desenvolvimento. Quanto mais a gente investir na educação, qualificar a mão de obra, nós vamos facilitar o desenvolvimento e proporcionar o desenvolvimento da cidade e da região. Por isso, a chegada do Instituto Federal, sem dúvida nenhuma, será um fator importantíssimo para o desenvolvimento de Caratinga e da região.

O senhor tem um histórico pessoal com a educação técnica. Isso influencia sua atuação nesse tema?

Fiz um curso técnico, trabalhei 19 anos em uma grande empresa aqui entre o Vale do Aço e Valadares. Sou químico na fabricação de papel e celulose. Sei da importância da educação no nosso país, sobretudo da juventude. Todo jovem, a expectativa dele é conseguir um emprego melhor, é estudar, se qualificar, trabalhar. Eu lembro disso quando na minha juventude, a minha vontade de poder fazer um curso, disputar um emprego em uma empresa. E assim é a grande parte da nossa juventude que está espalhada na nossa região e na nossa Minas Gerais. Tenho trabalhado muito para fortalecer a educação em Minas Gerais, através das nossas universidades federais. Hoje temos um grande projeto de criar aqui na bacia do Rio Doce uma universidade federal do Rio Doce, que a gente pudesse ter campi espalhado em algumas cidades aqui na bacia do Rio Doce. Podemos até aproveitar agora parte desse recurso oriundo da Tragédia de Mariana. Hoje a gente tem mais de 100 bilhões liberados para a bacia do Rio Doce. Então, nós podemos aproveitar parte desse recurso e investir na educação.

Por fim, como o senhor define o investimento em educação?

Investir na educação, sem dúvida nenhuma, é a gente contribuir para a nossa região mudar de patamar, mudar de realidade. Então, a educação, sem dúvida nenhuma, é um projeto não só imediatista, mas é um projeto a médio e longo prazo.