Dona de casa portadora de doença renal, diabetes e hipertensão questiona prorrogação de benefício negada pelo INSS
CARATINGA – Após 13 anos recebendo benefício por incapacidade, Maria de Lourdes de Oliveira, 47 anos não teve reconhecido o direito à prorrogação. A negativa veio após passar por perícia na última terça-feira (18) e a decisão frisa “não Constatação de Incapacidade Laborativa”.
O benefício por incapacidade é pago ao segurado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que comprove, em perícia médica, estar temporariamente incapaz para o trabalho em decorrência de doença ou acidente. Maria de Lourdes afirma que não entende o resultado, pois acredita que cumpre todos os benefícios necessários. “Eu era encostada, primeiro aposentei pelo LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), o INSS me tirou do LOAS porque tinha direito a INPS (Instituto Nacional de Previdência Social). Agora, depois de 13 anos fui fazer perícia, eles me colocaram na rua”.
Conforme Maria, suas condições de saúde impossibilitam seu retorno ao mercado de trabalho. “Faço hemodiálise há um ano e dois meses, tenho problemas renais. Sempre recebi o benefício, me pegou de surpresa, o médico não falou nada. Também tenho diabetes e pressão alta”.
Com o benefício cancelado, ela afirma que não tem condições de arcar com as despesas de casa e que pretende recorrer do resultado. “Moro com meu filho. É um dinheiro que vai fazer muita falta, vamos passar aperto, não tenho condições de trabalhar. Eu pago aluguel, gasto uns R$ 1.200 a R$ 1.300 por mês com medicamentos, nem todos eu consigo gratuito. Sem esse benefício a tendência é dificultar bastante. Vou à luta. É muito difícil. Até agora eu tô em choque (lágrimas). Muita humilhação”.
“VAMOS À LUTA”
Edgar de Oliveira acompanha o quadro de saúde da mãe. Ele destaca que não compreende o motivo de negativa da prorrogação do benefício e relata dificuldades da família. “O quadro de saúde foi alterado para um grau de maior dificuldade agora. E o fator do benefício, somos só eu e ela. Tentamos juntos, manter, dividir, temos que ser honestos com todos os compromissos que fazemos. E no decorrer dos últimos meses estamos com dificuldades com remédios, alguns são de valores muito altos, tem até dois que ela não está tomando e que são de extrema importância. Esse resultado, para ser sincero, parece que veio para desestabilizar a gente mesmo. Muitos anos, acompanho ela, estou sendo o parceiro dela e venho vivendo com ela todos esses anos levando a vida dessa forma; esse benefício é pouco, mas é importante”.
Edgar critica o fato de os resultados da perícia não serem mais informados pessoalmente e frisa a necessidade do benefício. “O resultado foi de surpresa, até porque, não vou citar o médico, mas ele conhece o histórico dela. Eu acharia incrível ele me dizer que olhou pra ela e viu mudar o quadro para bom. Estou muito chateado com isso, queria muito ouvir dele, não podemos mais entrar na sala de perícia, acredito que esse negócio do resultado ser agora por telefone e internet, tem pessoas que agem errado. Tem pessoas honestas no sistema ainda, queria apelar para que elas apareçam e apontem as pessoas que não são dignas de estar fazendo o trabalho”.
Por fim, ele afirma que espera que a situação seja revertida. “Vamos à luta mesmo, sei que o sistema é muito grande, mas o povo também é muito grande, não vamos parar, o que precisar de ir além disso nós vamos. E que o INSS conceda o benefício que eu acredito que é de direito dela, se ela não tivesse direito eu não estaria nessa luta com ela”.
Maria de Lourdes pode interpor recurso no prazo de 30 dias do recebimento da comunicação, à Junta de Recurso do Conselho de Recursos do Seguro Social – JR/CRSS ou pela internet.
O DIÁRIO DE CARATINGA fez contato com a Secretaria de Previdência. No entanto, até o fechamento desta edição, não houve resposta.