Há suspeita de vazamento de substância do aterro sanitário. Caso já é alvo de inquérito civil do Ministério Público e moradores da localidade pretendem levar o caso ao órgão ambiental
CARATINGA- Na edição do dia 8 de julho, o DIÁRIO DE CARATINGA trouxe uma reportagem relatando que a 5ª Promotoria de Justiça de Caratinga (área de Meio Ambiente) instaurou o inquérito civil nº 0134.16.000226-4 para apurar supostas irregularidades no aterro sanitário de Caratinga, situado no Córrego São Silvestre. As denúncias apontam deposição irregular de resíduos de construção civil, lixo espalhado por propriedades vizinhas, captação irregular de água, presença de animais e lançamento de chorume no curso d’água.
À época, a pedido da Reportagem, a Prefeitura de Caratinga justificou que que em decorrência de grandes precipitações há um aumento na produção de chorume e que o mesmo é “direcionado para as lagoas de decantação e maturação existentes dentro do aterro”. E que, para evitar que o chorume venha a ser lançado na escada de aeração e posteriormente possa ser conduzido ao curso d’água é realizado o bombeamento do chorume de volta para as células. “A Secretaria de Meio Ambiente ressalta que em nenhum momento foi presenciado o lançamento de chorume na nascente ou mesmo no curso d’água”.
No entanto, esta semana, o assunto voltou a ser alvo de debate devido a uma visita do vereador Sebastião Guerra (PROS) ao aterro sanitário. Em sua página nas redes sociais ele alegou ter observado “algumas falhas” e que segundo o responsável pela coordenação do local, os problemas seriam corrigidos em três dias. “Diante da situação pedimos urgência no cumprimento”, disse.
Na mesma postagem, o cidadão José Raimundo Miranda queixou-se de prejuízos já perceptíveis no meio ambiente, em decorrência da situação do aterro. “Um absurdo o que vem ocorrendo no aterro sanitário, só não pedi o fechamento do aterro, em respeito ao povo de Caratinga. Para onde levar o lixo? Está vazando o chorume para as águas, até agua do meu sítio já está cheio de algas. Para se ter uma ideia, o gado não quer beber da água do córrego. Estamos abastecendo os tanques com a água da mina. A urubuzada chega incomodar na nossa região. É só fazer uma denúncia na FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente), órgão fiscalizador. Se eles vierem neste aterro vão fechar ele. Está todo fora das normas. A colocação das mantas não está sendo feita, simplesmente estão enterrando o lixo e destruindo o lençol freático”.
Ainda de acordo com José Raimundo, caso não sejam tomadas providências, os moradores do Córrego São Silvestre (principal responsável pelo abastecimento de Inhapim), que estão sendo prejudicados, formalizarão denúncia junto ao órgão competente.
Segundo o Plano Municipal de Saneamento Básico, Caratinga produz diariamente 55,48 toneladas de resíduos pela população local. O aterro sanitário de Caratinga foi projetado segundo seu Plano de Controle Ambiental (PCA) para receber 393.801 toneladas ao longo de 20 anos.
NOTA
A redação entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Caratinga, que emitiu a seguinte nota: “A Secretaria de Meio Ambiente nega que o chorume esteja vazando e atingindo o córrego vizinho ao aterro sanitário de Caratinga. O secretário Jaider Pascoaline afirma que as mantas que impedem a contaminação do solo e todos os mecanismos para o funcionamento do aterro são utilizados regularmente. Ele ressaltou que todos as normas ambientais são seguidas”.