Conferência Municipal debateu as demandas apresentadas em cada bairro e distrito, relacionadas à saúde do cidadão
CARATINGA- A ideia de que “Democracia é saúde” foi defendida pelo sanitarista Sergio Arouca em seu discurso de abertura na 8ª Conferência Nacional de Saúde (8ª CNS), realizada em 1986. E foi exatamente resgatando esta temática que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), que foi realizada a 11ª Conferência Municipal de Saúde de Caratinga.
O evento aconteceu durante todo o dia de ontem, no Centro Universitário de Caratinga. O encontro, que acontece a cada dois anos, tem como objetivo elaborar, discutir e tratar propostas que visam à melhoria dos serviços prestados.
A mesa principal foi composta pelo prefeito Dr. Welington; a secretária de Saúde, Jacqueline Marli dos Santos; Alexander Esteves Machado, presidente do Conselho Municipal de Saúde; e a curadora da Saúde, promotora Flávia Alcântara.
A abertura do evento foi realizada pelo prefeito de Caratinga, Dr. Welington. Em sua fala, ele comentou sobre a situação da saúde no município, lamentou o fechamento do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, além de citar que a falta de recursos por parte do Governo do Estado afetou algumas ações que seriam implantadas, demandando esforços com recursos próprios. “A saúde pública no Brasil como um todo é deficitária, mas temos que tratar o caso específico do nosso município de Caratinga, onde nós realmente vivemos, necessitamos de ir ao PSF, à nossa Unidade de Pronto Atendimento e buscar o atendimento hospitalar quando necessário. Diuturnamente e paralelamente à reorganização da administração pública, percebemos que várias coisas deixaram de ser feitas. Mas, necessitam e serão realizadas. Também quero aproveitar o momento para agradecer aos servidores da pasta da saúde e reconhecer o trabalho que têm desempenhado”.
PARTICIPAÇÃO POPULAR
De acordo com a secretária de Saúde, Jacqueline Marli, as pré-conferências realizadas nos bairros e distritos foram fundamentais para conhecer de perto a realidade das comunidades, em preparação à conferência de ontem. “As pré-conferências foram um sucesso, a participação popular foi intensa, as pessoas se fizeram presentes de forma contributiva, colaborando com a gestão da saúde no município de Caratinga. O espaço foi aberto e as pessoas abraçaram a ideia. O objetivo agora é consolidar as demandas apresentadas, os levantamentos e as propostas. Teremos uma palestra central que tratará de fazer um resgate dos três eixos trabalhados nas pré-conferências e encaminhar para as esferas necessárias”.
Alexander Esteves, presidente do Conselho Municipal de Saúde, frisou que o conselho tem a função de fiscalizar a verba da saúde, monitorar a execução das ações na área, participar das estratégias e metas, dentre outras atribuições. Ele enfatiza que é importante que a comunidade se envolva nestas decisões. “O melhor lugar para nós reclamarmos são nas conferências de saúde. Às vezes escutamos nos lugares as pessoas falando, vemos nas redes sociais um monte de reclamações, mas o momento de concretizar o que estão reclamando é por meio das conferências. Tivemos essa oportunidade nas pré-conferências, em cada bairro e agora estamos consolidando estas propostas”.
DEMOCRACIA E SÁUDE
A promotora Flávia Alcântara, curadora da Saúde fez questão de relembrar que em 2019 comemora-se os 33 anos da 8ª Conferência de Saúde, que se mobilizou na criação do Sistema Único de Saúde, uma das grandes conquistas sociais da Constituição de 88. “Estou muito feliz de estar aqui nesse espaço de participação popular para tratar de um assunto tão importante que é a saúde. O SUS como nós conhecemos, como sistema de saúde pública é fruto da participação popular. Se não fosse a mobilização da população àquela época em 1986, o SUS não teria alcançado esse status de maior sistema público de saúde do mundo. E nós vivemos agora uma época de retrocessos em termos de direitos sociais, então nada mais importante que debater esse mesmo tema que foi Democracia e Saúde em 1986, agora em 2019. Nós temos que debater a saúde como direito, o financiamento do SUS. Sem financiamento não se faz saúde pública e esse é o local de debate que devemos tratar com a população”.
Para a promotora, é preciso encarar a saúde não apenas como estado de ausência de doenças, mas como um estágio de completo desenvolvimento de exercício de direitos. “Isso só fazemos com uma plena democracia e participação do povo. Espero que novas diretrizes sejam aprovados aqui, para construção de uma política pública realmente eficaz e que atenda não somente os anseios da população e Caratinga, mas da população brasileira, para ser debatida na Conferência Nacional”.