* Julio Merij
Nos últimos dias o comentário remete ao fatídico atentado por dentro do muro da Escola.
Regras, metodologias, teorias, projetos, precauções, dicas, culpados e muita especulação em torno da tragédia mais que anunciada, todos ignoram os sinais que a tempos vem se apresentando a cada minuto de forma mais agressiva. Ano passado fui refém em uma escola pública, juntamente com 60 alunos 3 professores e um vigilante. Escondemos dentro do muro da escola de traficantes que ameaçavam a execução de indivíduo dentro da escola, bandidos fortemente armados fizeram com que ficássemos escondidos aguardando apoio policial. Resultado triste da demonstração de força do crime nos muros externos da escola. O poder público através das direções escolares, após negociar nos liberou para trafegar livremente e ministrar aulas em área sob o domínio do poder paralelo do tráfico de drogas mediante as regras estabelecidas. Tudo isto devidamente gravado e documentado. Situação terrível, cães, caminhonete com bandidos fortemente armados na carroceria impondo regras a cidadãos de bem dentro dos muros “seguros” da escola. Professores e alunos exercendo funções de ensinar e aprender. Esta semana vimos a invasão contraria, o muro do lado de fora da escola tornou-se o local mais seguro. Pior, uma inversão surreal e ameaçadora, no primeiro caso bandidos cercam a escola e a tornam segura, no segundo o aluno invade a escola e torna os muros de fora seguro junto ao comando paralelo do tráfico. Onde estamos seguros então?
Não existem regras miraculosas para local seguro, existem situações que tornam a existência segura. A existência segura parte do princípio do reconhecimento do poder público das deficiências na educação, saúde pública e segurança. A existência segura passa por políticas geradoras de empregos e moralização da política partidária no Brasil. A existência segura passa pelo reconhecimento das desigualdades e diferenças de forma efetiva e aplicando-se a lei para fazer com que o respeito seja objeto passivo a todos cidadãos. A existência segura é garantida nos aspectos já amplamente discutidos e de forma utópica pelos gestores deste País.
Não, não existe milagres, existe sim o reconhecimento de uma necessidade ampla e urgente de mudanças. Mudanças que envolvem poder e sociedade, mudanças que serão efetivas quando o senso de moralidade e honestidade com aquilo que é pertencente ao povo for tratado de forma justa e honesta e com imparcialidade. Mudanças que não envolvem vaidade e sim, verdade e justiça. Mudança que protegem, mudanças que nos deixe viver livres.
Não queremos mais notícias manipuladoras, não queremos mais falsas promessas nem tão pouco atitudes demagógicas e populistas. Não queremos mais gestores incompetentes, queremos gestores que conhecem o povo. Queremos educadores não administradores ou economistas, tão pouco falsos publicitários.
Queremos apenas estar em qualquer lado do muro, onde a liberdade me fizer morar. Onde eu queira ficar. Então pergunto? De que lado do muro a violência está?
JULIO CEZAR MERIJ MARIO é Administrador e Professor, Membro Efetivo da Loja Maçônica James Anderson nº 100, de Vitória, ES, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do Espírito Santo. É Membro Correspondente da Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas – AMLM