CARATINGA – Um dos mais antigos do Centro Universitário de Caratinga, com mais de cinquenta anos de existência, o curso de Letras vem investindo pesado em atividades multidisciplinares de enriquecimento curricular com uma grade diversificada, que permite ao aluno conhecimentos específicos das Línguas Portuguesa e Inglesa. Recentemente, o curso foi agraciado com a obtenção da nota 4, de uma avaliação que vai até 5, pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), que analisa a qualidade dos cursos instalados no país.
“É o reconhecimento de um trabalho pautado no planejamento e na dedicação dos corpos docente e discente. Hoje, a formação em Letras permite a atuação em campos variados do mercado de trabalho e não só a sala de aula, como se pensava antigamente. Empresas precisam estar em dia com sua comunicação interna e externa, e um profissional que conheça bem a língua é fundamental nos dias competitivos como os atuais”, defende a coordenadora, professora Cláudia Cardoso Gomes.
O profissional de Letras pode atuar, por exemplo, para detectar problemas na comunicação de documentos, como ofícios, memorando, cartas comerciais, pautas de reunião, e-mail e redações em geral, visando manter uma boa imagem da empresa.
Durante o Congresso Internacional Multidisciplinar 2017, que aconteceu entre os dias 8 e 12 deste mês, o curso de Letras teve destaque com uma oficina de prática de investigação científica em linguagens. Sob o tema “Trilhando os Caminhos do Artigo Científico em Linguagem: Interlocução entre Professores e Alunos”, a oficina, que teve duração de três dias, abordou aspectos aprofundados do processo de elaboração de um artigo científico baseado nas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Participaram da oficina os seguintes professores: Celeste Aparecida Dias – diretora do Instituto Superior de Educação (ISE); Cláudia Cardoso Gomes – coordenadora do curso de Letras e professora de Linguística; Gabriella Coelho Motta Pizzani – professora de Libras (Língua Brasileira de Sinas); José Geraldo Batista – doutor em Estudos Literários; Laneri Diana da Silva – professora de Língua Inglesa; Maria do Carmo Rocha Matos – professora de Língua Inglesa; Marlise Almeida da Silveira – especialista em Linguagem; Simone Aparecida de Sousa Caperucci – professora de Língua Portuguesa, e Walter Zavatário – professor de Literatura Inglesa.
Dentre as atividades futuras do curso, a coordenadora Cláudia Cardoso antecipa que, a partir dessa oficina, os alunos agora estão orientados a elaborar um trabalho, baseado nesses estudos e sob temas variados, em forma de um artigo científico. Um dos temas desses trabalhos foi citado pela coordenadora como “atual, porque une a realidade nacional do momento com os estudos de linguística ensinados em sala de aula”.
O aluno Willian Ribeiro, em fase de conclusão de curso, irá escrever sobre “A linguagem como meio de defesa político-partidária: Identificando características recorrentes dos discursos ideológicos durante a Operação Lava-Jato”. “Onde há comunicação, há uma forma de discurso e todo discurso é ideológico em seus diferentes âmbitos, segundo os estudiosos da área. Bakhtin, por exemplo, escreveu que o ser humano, em ações quaisquer, vai servir-se da língua a partir do interesse, intencionalidade e finalidade, gerando enunciados linguísticos de diferentes maneiras”.
Ainda de acordo com o estudante, “nossa fala traz em seu bojo nossas experiências, nossas convicções, crenças, formação familiar, enfim, traz tudo o que experimentamos até o momento atual da nossa vida, e na política o discurso se torna, de certa forma, mais profundamente dissimulado, porque defende interesses partidários, que são interesses coletivos e que representam uma classe específica inteira. A proposta do trabalho é identificar traços dessas ideologias dentro dos discursos que estamos observando durante a Operação Lava-Jato”, ele pretende mostrar.
Essa demonstração do curso de Letras do UNEC em acompanhar novas tendências de ensino e práticas de sala de aula está dentro do que comungam alguns gestores de educação nos dias atuais, sobre a formação de novos professores. A superintendente regional de ensino da 6ª SRE, com sede em Caratinga, Landislene Gomes Ferreira, a Landinha, por exemplo, pactua com “novas formas de aplicar aulas, de forma a prender a atenção do alunado, que hoje apresenta um novo perfil de formas de aprendizagem”.
Com a tecnologia, segundo ela, “o aluno já vai para a sala de aula com um vasto mundo de informações e se o professor oferece um tema, o aluno pesquisa na internet e tem uma ampla opção de fontes de informação, assim o professor deixou de ser transferidor de conhecimento para se tornar um intermediador de toda essa informação. Com planejamento e coerência, é possível usar essa tecnologia a favor dos novos meios de ensinar”, orienta a superintendente.
O coordenador da Unesp, Nelson Luís Ramos, em entrevista ao articulista do site Vagas e Profissões, Marcus Lopes, defende que “o bom profissional de Letras não deve se limitar ao curso de graduação”. Ele aconselha que para conquistar as melhores vagas, as atualizações devem ser constantes, com cursos de pós-graduação e aperfeiçoamento em outros idiomas. “Também é importante participar de workshops, seminários, jornadas, congressos e demais eventos relacionados à área de atuação profissional, visando sempre a troca de conhecimento”, completa.