Funec terá prazo para proceder com adequações necessárias para manter parceria com o hospital. Uma mudança anunciada é de administração técnica para hospitalar
CARATINGA – A gestão administrativa do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora foi tema de uma coletiva de imprensa realizada no final da tarde de ontem, na Sala dos Pioneiros, no Campus I do Centro Universitário de Caratinga (Unec).
Estiveram presentes, a presidente da Fundação Educacional de Caratinga (Funec), Catarina Míriam Mangelli Ferreira; o reitor do Unec, professor Antônio Fonseca e o pró-reitor de Administração do Unec, Eugênio Maria Gomes.
O objetivo foi esclarecer a atual situação da parceria entre a Funec e o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, tais como balanço das ações tomadas à frente do hospital, rescisão ou não do convênio e a possibilidade de custeio do HNSA pelo Estado.
Na semana passada surgiram os primeiros rumores de que a parceria entre o hospital e a Funec seria interrompida nos próximos dias. Alguns encontros entre as partes teriam sido realizados de modo expor as insatisfações entre as partes.
Inicialmente, professor Antônio Fonseca esclareceu que não há qualquer definição quanto à rescisão do convênio com o HNSA. Ele afirma que, após uma série de reuniões com a mesa diretora, encabeçada pelo bispo dom Emanuel de Oliveira, a instituição decidiu aceitar o prazo de seis meses para proceder com adequações, de melhoria nos atendimentos e relacionamento entre a administração do hospital com os funcionários e demais prestadores de serviço.
O reitor do Unec ressalta que a intenção é continuar com a parceria, assinada em outubro de 2014 e com previsão de duração de 10 anos. “Há uma conversa de ajustes, naturalmente de gestão, não há questão de a Fundação deixar, o caminho não é por isso aí. Estamos procurando, as duas instituições, um consenso, pois ambas têm o mesmo objetivo, que é de fazer o bem para as pessoas mais necessitadas. Atendendo toda essa microrregião, dando o melhor que se pode. Então é um momento de reflexão para ver se há alguma falha em algum setor”.
Eugênio Maria Gomes explica que a instituição entende a preocupação do bispo, se tratando da saúde pública e do tamanho de sua responsabilidade. “O retrato da saúde do interior é o retrato da saúde do país. O senhor bispo é o pastor da diocese de Caratinga. Ele é o grande responsável pelo Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. Então até entendo a angústia dele, ainda que não fosse o Unec e fosse outro gestor, de ele estar preocupado o tempo todo em querer o melhor para o hospital. E o Unec tem procurado dar esse melhor. Essas reuniões realizadas foram exatamente para que as insatisfações fossem colocadas, até mesmo da própria instituição que investe muito no hospital e tem todo o interesse de fazer que ali aconteça o melhor. O Unec não tem a menor intenção de reincidir o convênio com o hospital. Está capacitada e em condições de dar a resposta que o bispo está pedindo”.
O pró-reitor de administração ainda destaca que um ano é muito pouco para promover todas as mudanças necessárias para o hospital. “É uma construção antiga, que foi edificada sem nenhum foco de futuro. Hoje o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora atende a uma região com cerca de 250 mil pessoas e está com ocupação hoje em mais de 90%. Isso é um bom sinal em termos de gestão. Até pouco o que tínhamos com muita frequência em Caratinga era a chegada de ambulâncias levando pacientes nossos para Ipatinga e nós fomos vendo hoje, infelizmente, o hospital de Ipatinga em situação muito precária, complicada. As pessoas de certa forma confiam no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, que tem tentando fazer esse atendimento. Não é um hospital bancado pelo estado, mas que conta com apoio financeiro da Prefeitura e da Funec e os repasses do SUS (Sistema Único de Saúde), que a gente sabe que não mantém o hospital”.
CUSTEIO PELO ESTADO
Segundo os representantes da Funec, após a parceria com a instituição, o hospital passou a ter condições de receber uma verba mensal de custeio de R$ 1.200.000. São 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em funcionamento, seis leitos neonatal; além do Pronto Atendimento Infantil (PAI), que registrou no ano de 2015 12.000 atendimentos.
Segundo professor Eugênio, já há negociações para que o HNSA seja custeado pelo estado. O projeto já está aprovado e só resta esperar o dinheiro chegar. “O estado prometeu, a gente não pode garantir que venha. Mas, se vier, é a redenção do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. Há um ano ele não tinha a menor condição de concorrer a um recebimento desta verba de custeio, hoje ele tem. A infraestrutura foi adequada no que foi possível, por ser um prédio muito antigo. O primeiro momento da Fundação Educacional de Caratinga no hospital foi um choque de gestão. Agora, se o estado mascar, falar que fizemos tudo; gastamos e preparamos o hospital, mas eles não têm dinheiro mais pra mandar pra ninguém, teremos que fechar o hospital, não por um problema de gestão, mas por falta de recurso”.
Fonseca também acredita que a maioria das dificuldades enfrentadas pelo hospital será sanada, a partir deste custeio. “A gente fica triste quando não consegue pagar os funcionários no quinto dia útil, mas eles têm recebido dentro do mês seguinte. É um atraso, exatamente devido ao envio das verbas destinadas ao pagamento. Alguns projetos também se atrasam às vezes, por ser responsabilidade de outros órgãos, como o município, não do hospital em si, nem da Fundação. A Fundação conseguiu tecnicamente preparar o hospital para receber verbas, para ser altamente sustentável. Isso vai dar uma tranquilidade, a gente não tem dúvidas disso”.
ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR
Seguindo esta tendência de mudanças necessárias, outra medida anunciada foi uma nova administração do hospital. Arthur Ferreira deve responder pela administração do HNSA somente até os próximos 30 dias.
A instituição já está em contato com pelo menos outros três profissionais com experiência em administração hospitalar, analisando currículos e agendando entrevistas, para a escolha de um novo administrador. “Temos que agradecer muito ao professor Arthur. Ele pegou o hospital para administrar em uma situação muito adversa e vem fazendo um trabalho muito importante. Deu o choque de gestão que precisava ser dado, mas agora é hora de realmente sair de cena do hospital e cumprir suas outras atribuições na Fundação. Ele foi cedido para isso e está fazendo falta inclusive em outros setores da instituição”, explica Eugênio.
Segundo o Unec, não é possível mencionar a atual dívida do hospital, somente após realização de auditoria. Mas, acredita que este valor acompanhou o aumento de pacientes e funcionários.