Criança é portadora de epidermólise bolhosa e precisa de cuidados especiais
CARATINGA- O caso do menino Davi Felipe ficou bastante conhecido na cidade. O garoto de apenas três anos, que sente literalmente na pele a dor de ter que conviver com bolhas e grandes feridas que nunca se acabam, apenas são amenizadas com alguns cuidados. Davi é portador da doença epidermólise bolhosa, caracterizada pela fragilidade da pele e da mucosa por causa de uma alteração na síntese de proteínas que unem as camadas da pele. Sem essa proteína as camadas da pele se separam muito facilmente, sob qualquer pressão ou atrito. Por isso, as áreas de dobras e extremidades costumam ser mais sensíveis, assim como mucosas labial e ocular; o que prejudica a realização de movimentos. Atualmente os medicamentos não promovem uma cura e nem mesmo impedem definitivamente a formação das bolhas. Entretanto, podem ajudar a diminuir o surgimento das bolhas e as deficiências nutricionais, ou seja, o sofrimento de Davi pode ser amenizado.
Desde que o caso ganhou visibilidade, a família tem contado com doações de pessoas solidárias ao drama enfrentado pelo garoto. Mas, muitas pessoas questionam qual seria a assistência dada pela Prefeitura para contribuir no tratamento de Davi. O DIÁRIO DE CARATINGA entrou em contato com o Executivo, que afirmou que a Secretaria Municipal de Saúde está acompanhando o caso. “O atendimento domiciliar é realizado através de solicitação da Secretaria de Saúde. Assistentes Sociais e uma enfermeira do Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) estão acompanhando o caso. A última visita aconteceu no dia 17 de julho. No dia 18 de julho, a Secretaria de Saúde disponibilizou um veículo para levar Davi à Belo Horizonte para consulta dermatológica. A criança foi atendida pela dermatologista Luciana Baptista Pereira que no laudo, informou que Davi necessita de cuidados intensivos e multidisciplinares, com acompanhamento de dermatologista, pediatra, nutricionista e enfermeiros especializados em curativos”.
Quanto ao tratamento de Davi em Caratinga, a Prefeitura de Caratinga afirma que a mãe do menino “se recusa a usufruir de alguns serviços públicos que o município até hoje ofertou”, tais como, acompanhamento da equipe dos postos de saúde dos bairros onde morou e mora atualmente “(pois a mãe não se cadastra em nenhuma unidade de saúde) e não segue as instruções médicas e nutricionais que as profissionais do município ofertam quando fazem visita domiciliar”.
Já os curativos (Mepilex Transfer 30×50 cm e Mepilex AG), utilizados por Davi, no momento são provenientes de doações. “O município aguarda apenas a finalização do processo de licitação para o fornecimento gratuito desses curativos”.
A FAMÍLIA
A Reportagem conversou com Dirlene Moreira de Jesus, mãe de Davi. Sobre as alegações da Prefeitura, ela afirmou que a família necessita dos curativos para tratar as feridas do garoto. “A Prefeitura devia pensar antes de ficar me julgando, falando que não sou cadastrada em posto de saúde. Ao invés disso deviam agir e correr mais rápido possível com esse processo que está até hoje parado e o Davi não conseguiu curativos. Eles ficam usando desculpas e o que é bom mesmo, que é dar providência do direito do Davi de ganhar curativos, suplementos, pomadas, tudo que a dermatologista passou em direito do Davi, até hoje a Prefeitura não deu. Eles ficam usando isso de eu não ser cadastrada em posto de saúde, o que isso tem a ver com o Davi ganhar os medicamentos dele por direito. Ele tem três anos de idade e até hoje não ganhou um curativo da Prefeitura, tudo é doação das pessoas, graças a Deus, tem muita gente ajudando, por isso o Davi está sobrevivendo”.
Ainda de acordo com Dirlene, a Prefeitura está tentando “tapar o sol com a peneira”, fornecendo alguns materiais para tratamento do garoto, mas, que são “coisas baratas”. “Postei um vídeo do Davi no Facebook, do dia a dia dele, de eu dando banho nele, do sofrimento, para ver se as pessoas me ajudam a requerer o direito do Davi no Estado, então, eles vieram aqui em casa e trouxeram agulha, ‘gazinha’ e soro fisiológico. Já ajuda, mas não é o suficiente. O Davi precisa de curativo especial para a doença, suplemento alimentar, porque ele tem anemia, de várias coisas em torno dessa doença, que ele não está tendo porque a Prefeitura não está dando. Ele usa o curativo Mepilex Transfer, que é R$ 700 e dá para três dias. Imagina, quase um salário mínimo. Então, não adianta eles falarem comigo que não estou indo no posto de saúde, que isso não vai resolver nada, eu indo ou não, eles não estão dando esses curativos. Todos os dias o Davi dá bolha e precisa desses curativos”.
Quanto ao transporte para Davi e a família irem a consultas fora da cidade, Dirlene admitiu que o serviço é ofertado pela Prefeitura.