Companhia acredita em segurança de abastecimento pelos próximos 20 a 30 anos
CARATINGA – Em coletiva de imprensa na tarde de ontem, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) anunciou que as obras de captação de água no Rio Preto serão iniciadas neste ano. Estiveram presentes o superintendente de operação Vale do Rio Doce/Vale do Aço, Albino Campos; o gerente do distrito regional de Caratinga, José Augusto Neves dos Reis e o diretor de operação Sul, Frederico Lourenço Delfino.
As obras de captação do Rio Preto, que fica no município de Piedade de Caratinga, deverão garantir a produção de mais 100 litros/segundo, com a finalidade de complementar o abastecimento de Caratinga, sempre que houver necessidade. Compõem o projeto das obras uma barragem de nível, uma estação elevatória de água bruta e mais de 7 km de adutora, que levarão a água do Rio Preto até o ponto de captação no Córrego do Lage.
O projeto está em fase de contratação, através de processo de licitação. Inicialmente, no cronograma, a conclusão das obras está prevista para outubro de 2017. O valor total está orçado em R$ 5,153 milhões, recurso que já foi assegurado pela Copasa.
O diretor Frederico Delfino também anunciou na ocasião, que as obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Caratinga serão concluídas dentro de um mês, aproximadamente, garantindo o tratamento de 70% do esgoto produzido no município.
TRANSPOSIÇÃO
De acordo com Frederico, o ano de 2015 foi considerado atípico no regime hídrico de Caratinga. Por isso, foram necessárias medidas de curto, médio e longo prazo. “Até então não tínhamos registrado uma situação como essa, sem precedentes. Como medidas de curto prazo colocamos caminhão pipa e agora, se formos enfrentar a mesma crise hídrica; temos mais caminhões à disposição da população para garantir o abastecimento em situação emergencial. Além disso, nossas equipes operacionais, no ano passado, fizeram uma série de melhorias com o intuito de tentar reduzir as perdas de água, os vazamentos. O objetivo agora é anunciar uma medida em médio prazo. Temos uma captação hoje de 180 litros por segundo, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETA) que opera mais ou menos 22 horas por dia e durante a crise hídrica essa vazão foi a quase metade”.
O diretor de Operação Sul acrescenta que, como parte das medidas, foram perfurados quatro poços profundos, no entanto, todos apresentaram vazão nula. Assim, a alternativa mais viável se tornou a transposição do Rio Preto. “Mais 100 litros por segundo, que é a outorga que estamos pedindo ao órgão ambiental, vai trazer mais de 50% a mais à rede. Então, qual seja o cenário enfrentado, não teremos racionamento no futuro. Já entramos com todo o pedido de licenciamento ambiental, é uma obra de urgência então acredito que o órgão ambiental também irá tratar tal fato com a urgência que merece”.
Quando começaram os primeiros rumores da transposição do Rio Preto, moradores de Piedade de Caratinga ficaram preocupados com o risco de desabastecimento da cidade. O gerente do distrito regional de Caratinga explica que estudos hidrológicos que apontaram em pleno período máximo da estiagem, vazão suficiente. “Deu em torno de 242 litros por segundo, ou seja, vazão suficiente para abastecer Piedade na crise hídrica. Lógico que vai ser uma captação alternativa. Não vamos transferir todo o volume do rio. Vai ser o volume que irá complementar, para que a gente não passe pelo que passamos no ano passado”.
A vazão do Córrego do Lage, hoje, é de 170 litros/segundo, o que é considerado pela Copasa como suficiente para abastecer toda a cidade. Mas, Frederico acrescenta que a possibilidade de um novo rodízio posteriormente não está descartada, por isso, a população deve ficar em alerta. “Esse ano, pelas previsões, temos chance de racionar, mas, um pouco menos severo. Algumas melhorias foram feitas, mas o risco existe. Esperamos que não seja a mesma queda de vazão do ano passado. Mas, se a medida for necessária, vamos informar a população e tratar da forma mais transparente possível”.
Quanto ao projeto de um reservatório, a Copasa afirma que trata-se de uma medida a longo prazo e que está sendo estudada. “Hoje, 99% das nossas captações são a fio d’água, o que ainda é muito utilizado, porque é um processo a depender de ter vazão suficiente e que tem seus benefícios. Em alguns casos, obviamente, tem que ter um reservatório, mas, é um projeto que depende de estudos mais aprofundados, pois envolve impactos ambientais da área de preservação, que tem que passar por um licenciamento ambiental um pouco mais complexo que uma captação normal e temos que fazer o estudo inclusive da evaporação, infiltração. A Copasa está fazendo esses estudos, mas com a obra do Rio Preto tenho certeza que temos segurança de abastecimento pelos próximos 20 a 30 anos”.