Gerente regional de Caratinga ainda afirmou que obra de captação complementar no Rio Preto começará na próxima semana
CARATINGA– Após o anúncio do racionamento de água em Caratinga, a população esperava um posicionamento oficial da Copasa sobre a situação da cidade e medidas para evitar que este problema volte a se repetir. Na tarde de ontem, o gerente do distrito regional Caratinga, José Augusto Neves dos Reis concedeu uma coletiva à imprensa para tratar deste assunto.
Segundo José Augusto, a vazão atual é de 116 litros por segundo, que está sendo praticamente “toda captada” para a estação de tratamento, com objetivo de manter a tabela do rodízio de racionamento que foi implantado. “Para que não haja rodízio a gente teria que ter uma vazão mínima de 130 a 135 litros por segundo. E a vazão normal que a gente trabalha, a vazão média é de 150 a 160 litros por segundo. À medida que a estiagem se prolonga, a vazão vai diminuir e diminui-se esse volume e existe a necessidade de se implantar o rodízio, como foi feito agora”.
Ele ainda ressaltou que a crise hídrica não é surpresa, pois está presente em todo o estado e na maior parte do Brasil. “São inúmeros municípios em racionamento de água. Claro que a gente espera que nunca aconteça, mas, ela sempre e por isso às vezes a gente tem que tomar as devidas providências, como estamos fazendo agora, com início da captação complementar no Rio Preto”.
RACIONAMENTO
Sobre o plano de racionamento que está vigorando em Caratinga, o gerente destacou que o documento atende ao regulamento da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Agua e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae).
Ele prevê três regiões, a que foram subdivididas a fim de facilitar o abastecimento e que “ninguém saia prejudicado”. “Embora muitos reclamem, a água não é igual energia, que você ligou um botão e já está distribuído. Leva um tempo para recuperar o abastecimento, então a gente tem feito de uma maneira que não prejudique nenhuma região, pelo contrário. Às vezes a pessoa fala, o rodízio não está acontecendo a contento. Se for olhar por esse lado, o rodízio está acontecendo de uma maneira mais tranquila os dois reservatórios maiores que nós temos aqui somando dão três milhões de litros, à medida que eles vão atingindo um nível que dê condição da gente liberar água para uma região que não está abastecida, a gente faz isso. Como temos feito em várias regiões, ruas, para aqueles setores que estão mais prejudicados. Ontem (quinta-feira) mesmo a gente abriu uma parte do centro, a partir da Rua Coronel Antônio da Silva, que abastece ali a Moacyr de Mattos. À medida que vai acumulando água ali não há motivo de ficar reservando, a gente libera. E atendendo sempre a região que tem que estar abastecida”.
José Augusto ainda garantiu que a tabela estabelecida está sendo seguida pela empresa. O prazo estabelecido é de 36 horas de abastecimento por região. “Esse ano melhoramos a tabela e estamos informando o abastecimento, não o desabastecimento, porque quando uma pessoa liga, quer saber quando ela vai ter água. Não liga para perguntar que dia não vai ter água. Então, facilitou muito o entendimento. O prazo foi calculado exatamente para não prejudicar as partes mais altas. A parte central, onde é a região mais plana, quando libera a água, no mesmo instante automaticamente já está recebendo, é quase que em tempo real. E quando você libera essa água, que ela começa a baixar, criar pressão na rede, tem que levar um tempo para a região mais alta ser abastecida. Para passar para uma região mais alta, logicamente ela tem que passar por uma região mais baixa. Em alguns casos a gente fez manobras, instalamos vários registros, mas, na maioria dos casos é muito complicado. Se você usar um tempo menor, quando estiver fechando essa região que está abastecida, aquela parte de um nível mais alto vai deixar de receber água. Vai passar a receber só depois de uns três ciclos. Para evitar isso, demos esse tempo, não podemos deixar um tempo maior também porque à medida que vai prolongando, a hora que voltar o início do ciclo, não tem como abastecer essa região”.
Quanto à garantia dos serviços assistenciais, ele ressaltou que caminhões pipa já estão disponíveis para suprir as necessidades. “Os hospitais, a gente já fez há um tempo atrás interligações de modo que eles sempre estão abastecidos. Mesmo assim a gente tem caminhões pipa, contratamos mais seis, caso necessário, estamos com um já atendendo as escolas, creches, à medida que a demanda necessite”.
CAPTAÇÃO COMPLEMENTAR
As obras de captação complementar do Rio Preto estavam previstas para serem concluídas neste mês de outubro. No entanto, não foi possível cumprir este prazo. De acordo com José Augusto, agora a Copasa já possui autorização emergencial para obra, que deve começar já na próxima semana. “Essa obra de captação complementar, que muitos teimam em dizer que é transposição, não é transposição; foi dada a ordem de serviço e na semana que vem a empresa já vai estar iniciando. Na segunda-feira, a equipe já vai estar no local, tivemos todas as autorizações, licenças ambientais, isso demanda tempo. Para se conseguir uma licença ambiental tem que seguir o trâmite burocrático e necessário para apresentar todas as documentações e não incorrer no erro de cometer um crime ambiental. Os tubos, os materiais já chegaram há bastante tempo, estão lá dispostos na área na estação de tratamento de esgoto, 6.600 metros de tubo DN 350 e estão lá dispostos também 500 metros de tubo de ferro fundido, que vai fazer a primeira elevação para uma caixa de transição e a partir daí entra com os 6.600 metros até a captação do córrego do Lage”.
Desde que a obra foi anunciada, moradores de Piedade de Caratinga ficam temorosos de que o abastecimento daquela cidade ficasse prejudicado. O gerente afirmou que eles podem ficar tranquilos, pois será captado somente o necessário. “Essa captação não vai ser para jogar no córrego do Lage, vai jogar diretamente no canal, que será utilizado para transportar água aqui para a estação de tratamento de esgoto. Às vezes a população lá fica apreensiva, que vamos tirar a água de um lugar e passar para o outro, não é isso. A gente vai tirar estritamente o necessário. Já temos aqui a outorga que foi publicada dia 1° de 100 litros por segundo e embora a gente entende que talvez não haja necessidade de se captar este valor. Quando a vazão baixa de 130 litros por segundo, existe a necessidade de ter um rodízio. Então, hoje, por exemplo, estamos com 116 litros por segundo, a gente captaria o necessário para complementar essa captação e sair do rodízio. Nesse caso, seria próximo de 14 litros para sair do rodízio, a gente continuaria com toda a nossa estratégia e não sacrificar o manancial”.
A previsão é de que os serviços sejam concluídos no prazo de 10 meses, mas tanto a Copasa quanto a empresa contratada querem “terminar no prazo menor”.
E quando se fala em alternativas para garantir o abastecimento de Caratinga, muitas pessoas falam em reservatório. José Augusto explicou que a medida não está descartada, mas requer estudo aprofundado. “A maioria das pessoas, acham que construir um reservatório para conter água de chuva é simplesmente você fazer como de água tratada. E não é bem assim, primeiro que a construção de reservatório demanda uma série de estudos, análises, projetos, porque a maioria dos reservatórios no Brasil estão secos. E aqui na região a vocação hídrica para se atender essa demanda é pequena. Mesmo assim, a Copasa já detectou dois possíveis barramentos, seis quilômetros acima de Santa Luzia. Estamos fazendo análises e estudos para ver a viabilidade”.