A COP 21 Paris teve seu fim nesta semana. Muitas expectativas foram criadas em torno de tal conferencia climática. No entanto, pouco se avançou sobre temas tão importantes como emissões de carbono e energia renováveis para as mudanças climáticas e seus efeitos no nosso dia a dia.
A fim de elaborar um resumo sobre esta conferência, pincei frases que foram proferidas por especialistas renomados, e tidos como referências sobre o tema em questão, como também, por jornalistas que já fazem parte desta discussão diária.
Leia com atenção e tire suas conclusões sobre tudo àquilo que nos aguarda.
“As mudanças climáticas não são uma ‘questão’ a ser somada à lista de coisas com as quais se preocupar, ao lado de creches e impostos. São antes a convocação para um despertar civilizacional. Uma mensagem poderosa – falada na linguagem de incêndios, enchentes, secas e extinção –, dizendo que precisamos de um modelo econômico inteiramente novo e uma nova maneira de partilhar este planeta. Dizendo que temos de evoluir.” Naomi Klein, líder ambientalista canadense.
“O mundo espera algo mais que meias medidas”, declarou Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas (ONU).
“Temos capacidade de fazer muito mais. A própria lista de ações que estão informadas na proposta de compromissos do Brasil demonstra isso. Estamos discutindo a eliminação do desmatamento ilegal só na Amazônia e só em 2030. Mas sabemos que, desde 2008 temos um Plano Nacional de Mudanças Climáticas que estabelece a meta de chegarmos em 2015 com um desmatamento líquido zero em todas as regiões do país. Então não é possível que em 2030 estejamos almejando algo inferior ao que estabelecemos como compromisso sete anos atrás.” – Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.
“Os diplomatas teriam feito bem em assistir a uma série de conferências de cientistas do clima no próprio pavilhão da COP21 durante a primeira semana de negociações. Nelas os pesquisadores trouxeram alguns recadinhos do mundo real para Paris. E o que o mundo real está dizendo é que o Ártico pode ficar sem gelo no verão em cinco anos, que parte da Antártida já entrou em colapso irreversível e que, para completar, nós provavelmente temos menos ‘orçamento’ de carbono para queimar do que se imagina hoje.” Claudio Ângelo e Cíntya Feitosa – jornalistas do Observatório do Clima.
“[A] piora das condições de vida de milhões de pessoas, consequência inevitável do agravamento da crise climática, a amplificação das calamidades sociais, com seca, fome, produção em massa de refugiados climáticos, isso sim deveria ser visto como um perigoso combustível para o terror organizado, para a barbárie”, declarou Alexandre Araújo da Universidade Federal do Ceará e membro do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.
“São ao menos 5 milhões de pessoas morando próximo à costa e em periferias. Com o clima mais quente, haverá mais doenças, e as ondas de calor afetarão mais as áreas urbanas”, declarou Dr. Carlos Antônio Nobre, responsável pela pasta das Mudanças do Clima no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e talvez o maior especialista do nosso país no tema em questão.
“… [Ocorrem] anualmente cerca de 150.000 mortes devido às alterações climáticas; a extinção de espécies aumenta; milhões de pessoas são forçadas a deslocar-se em consequência de catástrofes naturais causados social, económica e politicamente – só em 2012 foram 30 milhões – tendência que poderia escalar na medida em que os efeitos das alterações climáticas se aprofundem” Organização Meteorológica Mundial.
“Além de ceifar vidas, o prejuízo econômico gerado por essas catástrofes são na ordem trilionária, de US$ 2,97 trilhões. As nações mais afetadas foram Honduras, Mianmar e Haiti, seguidas por Filipinas, Nicarágua e Bangladesh. Neste recorte, América Central e Ásia concentram os efeitos mais catastróficos, nesses últimos anos. As principais vítimas: os mais pobres, reforçando que a injustiça socioambiental não é só teoria, mas uma realidade contemporânea indiscutível.” Sucena Shkrada Resk é jornalista pela PUC-SP com especialização em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional pela FESPSP.
“Mesmo se eliminarmos nosso vício em combustíveis fósseis nas próximas poucas décadas, nossos descendentes ainda enfrentarão temperaturas significativamente mais altas do que as atuais – por milênios (…) Se não realizarmos a troca logo, nossos descendentes serão forçados a fazê-lo sob dificuldades, devido ao esgotamento de reservas finitas, e a Terra artificialmente mais quente será ainda mais pobre em espécies, habitat e estilos de vida por milhares de gerações.” David Archer, Oceanógrafo da Universidade de Chicago.
E agora?
Será que você está pronto para tudo isso?
Paulo Batista Araújo Filho é formado em Ciências Biológicas e Recursos Naturais pela UFES. Atualmente trabalha no renomado Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), Berkeley – Califórnia/EUA