Município se antecipou na solicitação de inseticida que hoje está em falta no Ministério da Saúde e garantiu estoque para controle de transmissão. Desabastecimento é realidade em muitas cidades brasileiras
CARATINGA- O desabastecimento do inseticida Malathion EW 44% nas cidades brasileiras tem preocupado a Confederação Nacional de Municípios (CNM). O produto é utilizado no combate ao mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão de doenças como dengue, chikungunya e zika vírus, o que se agrava com o alerta emitido pelo Ministério da Saúde a respeito do aumento do número de casos registrados no país com risco de epidemias e o aumento de óbitos.
A CNM alerta os gestores locais sobre o uso racional do inseticida, principalmente nesse momento de desabastecimento, e orienta a realização de ações de controle e prevenção das doenças transmitidas pelo Aedes.
De acordo com nota informativa do Ministério da Saúde, a utilização de inseticidas em saúde pública tem por base normas técnicas e operacionais oriundas de um grupo de especialistas em praguicidas da Organização Mundial de Saúde (OMS), que preconiza os princípios ativos desses produtos e recomenda as doses para os vários tipos de tratamento disponíveis.
A aplicação espacial tem como função específica a eliminação das fêmeas de Aedes aegypti e deve ser utilizada somente para bloqueio de transmissão e para controle de surtos ou epidemias. Essa ação integra o conjunto de atividades emergenciais adotadas nessas situações e seu uso deve ser concomitante com todas as demais ações de controle, principalmente a diminuição de fontes de mosquito.
O Ministério da Saúde (MS) vem utilizando o inseticida Malathion EW 44% para as ações de aplicação espacial (aplicação com equipamento costal motorizado e aplicação com equipamento de Ultra Baixo Volume). Trata-se de um adulticida espacial organofosforado – fabricado pela empresa Bayer – empregado no controle de mosquitos Aedes aegypti para situações emergenciais com elevada transmissão das arboviroses dengue, chikungunya e Zika vírus.
Nos anos de 2018 foram distribuídos o quantitativo de 437.800 litros e em 2019 de 346.800 litros. “O que reforça a tendência de desabastecimento em vários estados e municípios por falta de produção do produto e o consequente impacto nas ações de controle químico do mosquito”, frisa a CNM.
A Secretaria de Vigilância em Saúde informa que vem trabalhando insistentemente na tentativa de minimizar os problemas causados pela falta do inseticida no estoque. Foram realizadas tentavas de emprésmo do Malathion aos países da América do Sul, mas não houve êxito devido à indisponibilidade do produto. As opções de escolha de inseticidas efetivos ao controle ficam limitadas, sendo atualmente o Malathion a única opção de adulticida espacial com registro na Anvisa para utilização.
CARATINGA
Em Caratinga, a prefeitura comunica que a Seção de Controle de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde não tem problemas com o desabastecimento de inseticida até momento. A estratégia do setor, solicitando o produto antecipadamente, faz com que o município, ao contrário de inúmeros outros, esteja com estoque garantido. “Sempre trabalhamos de forma muito antecipada. Mesmo antes de ter início o período de alta transmissão, já tínhamos solicitado inseticida e foi nos fornecido. Temos estoque porque pedimos anteriormente, hoje temos inseticida para passar por esse período de alta transmissão de arboviroses que finda agora no mês de maio e ainda suficiente para fazermos os bloqueios quando da notificação de casos prováveis. Nossa situação é tranquila em todos os sentidos, tanto com relação a esses insumos e a contingente, temos o número de agentes de Combate a Endemias conforme preconizado pelo Ministério da Saúde”, afirmou José Carlos Damasceno, coordenador de Vigilância em Saúde.