Como posso ser um homem bom
Leio a Bíblia todos os dias. Às vezes, apenas por alguns minutos, e outras vezes, por bastante tempo.
Certas vezes só tenho tempo para ler um versículo – e isso eu faço crendo que Deus pode usar aquelas palavras para me comunicar algo importante: pode ser uma palavra de ânimo, ou de alerta, ou de sabedoria, ou de direção para coisas que eu tenho de fazer. Ele diz que faz, eu creio, e Ele o faz!
Fico sempre impressionado como Deus é simples, e, por isso, penso que Ele nos quer simples também. Nada de afetação, fanfarronice, ou presunção – é só ser a gente mesmo, e é isso que Lhe agrada.
Gosto muito de iniciar o dia com a Palavra de Deus. E também sinto muito inspirador iniciar uma oração lendo primeiro a Bíblia, um versículo que seja.
Leio muitos outros livros, e, sim, entre eles, os inspirativos de outras fontes. Há na verdade muitas obras que nos ajudam em situações variadas. Para mim, porém, a Bíblia se destaca porque o que ali descubro traz sempre algum tipo de esperança, de verdade, mesmo quando eu falhei comigo mesmo: quando eu fiz uma escolha errada, como, por exemplo, quando não consigo perdoar alguém por algum mal que me fez.
Vejo, pela Bíblia, que perdoar é uma escolha nossa também!
Eu poderia continuar ressentido, fechado, com sentimentos ruins – até de querer o mal para essa pessoa. Mas há a outra opção: posso perdoar, isto é, dar a volta por cima, e reconhecer que aquela pessoa também é falha, limitada – ela também é inclinada para o mal, e que pode acontecer que ela decida fazê-lo.
Então, primeiramente, eu não vou ficar deslumbrado se o “machucado” acontece. Estou convencido que qualquer pessoa pode tomar uma decisão errada, e me machucar!
Mas isso não acaba aí. Um mal não-perdoado pode ser o início de um ciclo de mais ações más – mais envolventes, causando danos maiores, até mesmo ‘catástrofes’, como, por exemplo, uma separação de um casal, trazendo tantas consequências, a maioria delas difíceis e irreparáveis, principalmente, para os filhos. De qualquer forma, o ódio que pode nos comandar em tais situações, não conhece limites.
Por outro lado, o perdão verdadeiro quebra tudo isso.
O perdão é uma decisão pessoal também.
O perdão tem o poder de restaurar e de curar. Leva tempo, mas traz soluções verdadeiras para todos os envolvidos.
Na Bíblia o ensino sobre o perdão é, de novo, muito simples, mas bastante claro. Por exemplo, na oração que Jesus ensinou aos seus seguidores, Ele formulou assim:
… e perdoa as nossas dívidas [ou ofensas], assim como também nós temos perdoado aos nossos devedores.
E mais:
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.
Engraçado: eu cometo o mal (de não perdoar uma pessoa), mas se decido perdoar, eu também sou perdoado e fico livre! Se, porém, resisto a essa opção, e insisto em não perdoar, Deus age contra mim – aí Ele se coloca do outro lado da questão, do lado daquele que cometeu o mal contra mim!!!
Creio que esse aparente absurdo acontece porque eu – naquele momento – esqueci todos os meus atos errados que Deus já me perdoou – esqueci como Ele me tratou com misericórdia, com bondade, como o sol, a chuva e todas as coisas boas continuam a vir sobre mim.
De fato, não adianta argumentar ao contrário com Deus.
É como naquela ilustração que Jesus contou: o patrão perdoou a dívida do seu empregado, mas este, logo depois, encontrou com um colega que lhe devia alguma coisa, que, porém, era pouquíssimo em comparação com o que o patrão lhe tinha perdoado. Mas num ato de loucura ele avançou no colega e exigiu que este lhe pagasse imediatamente o que devia.
Claro, o que acontece no ‘terreiro’ acaba chegando aos ouvidos do patrão, e ele, enfurecido com a dureza do coração do empregado que ele perdoara, chama o ‘distinto’ de volta, e lhe dá um recado pra nunca mais esquecer: – Como assim, eu te tratei bem e resolvi teu problema, como é que você não tratou seu colega do mesmo jeito? Por isso, sua conta está no vermelho de novo, e você vai me pagar cada centavo que você me deve!
Jesus sempre mostrou que devemos imitar a Deus em nossas atitudes. Por que? Porque podemos, somos capazes sim – como seres livres que somos – de escolher sermos bons!
Desta forma, seremos bons como o Pai dos céus é bom, e como Jesus também é, pois era com essa ‘lógica’ que nosso Mestre atuava.
Aí de fato seremos merecedores do título de ‘filhos de Deus’, pois agimos como Ele age.
O que quero dizer: a teologia de Jesus é simples e bem prática!
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum [email protected]