No início da semana passada (27/3) estive na cidade do Rio de Janeiro, a convite do Dr. Marcus Vinícius de Mello Pinto, irmão de Ordem, pertencente à Loja Fraternidade e Progresso, federada à Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro – GLMERJ. Marcus Vinicius e outros dois membros da Loja – Marco Aurélio Gomes Rodrigues e Willian Tadeu Alves de Oliveira -, participaram do último volume da série literária “Obreiros do Conhecimento – Literatura da A.R.L.S. Obreiros de Caratinga – e, por isso, o convite para ir àquela Loja, aproveitando para levar alguns exemplares da obra para os irmãos e fazer uso do “Tempo de Estudos”, um momento dedicado em cada reunião maçônica, para o aprendizado e o aprimoramento de todos.
Pois bem, como é certo que a comunicação não é o que se diz, mas o que se entende, também nesse episódio ocorreram ruídos na comunicação e, ao chegar à loja, fui informado de que, na verdade, os presentes me aguardavam para uma “palestra”. E mais: como as lojas se reúnem em templos próximos, dentro de um condomínio, as lojas “8 de Maio” e “Fraternidade e Progresso” decidiram fazer em conjunto suas reuniões e, então, passei a ser convidado das duas lojas, para uma palestra. Desconfiei de que não seria, apenas, uma visita, pouco tempo antes da reunião, através de uma ligação de um amável membro da loja – Antônio Carlos Leite Bastos -, um professor que desenvolve importante trabalho com crianças em situação de vulnerabilidade social. Na ligação, o amigo e irmão professor colocou-se à disposição para o que eu precisasse e me disse que estavam todos felizes em me ouvir naquela noite.
Na condição de professor, situações como essas são resolvidas com relativa facilidade. Adaptei um dos meus textos e me preparei para a leitura de algumas palavras, baseadas em um artigo que eu havia publicado, intitulado “A Divina Comédia”. Sim, falaria sobre a Corrupção, tema emergente e que tem ganhado na Maçonaria – de maneira muito especial no GOB-MG, muita atenção, no sentido de combater esse mal que vem destruindo a nação brasileira. Levei até os irmãos, de outro Oriente, a experiência vivida na Loja Maçônica Obreiros de Caratinga, a primeira loja em Minas Gerais a se posicionar – inclusive em praça pública – contra a corrupção e os seus agentes. Aproveitei para falar da importância do livro e da leitura e de como a Educação pode ajudar a tornar nosso país mais ético e justo para todos. Deu tudo certo. Foi um bate papo extremamente agradável, engrandecido pelas muitas perguntas formuladas por vários participantes, em uma reunião eficientemente dirigida pelo venerável Nilsomaro.
Infelizmente, o venerável da loja Fraternidade e Progresso – Marcos da Silveira Silva – não pôde estar presente, por motivo de força maior, o que foi devidamente justificado. No entanto, seus obreiros desdobraram-se em atenção. Poucas vezes aprendi tanto em um encontro maçônico. Até recebi, de muitos dos irmãos presentes, a informação de que a minha passagem pela loja tinha sido muito boa, que a semente fora lançada e que havia caído em terra fértil. Eu não tive foi tempo de dizer aos irmãos o bem que me fez a passagem por aquelas Augustas Oficinas.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Bem na linha desse ensinamento, dos muitos que nos deixou a grande escritora Cora Coralina, saí muito feliz daquele encontro. Aprendi sobre fraternidade, sobre amizade, sobre acolhimento. Aprendi um pouco mais sobre o amor fraterno que deve unir todos os membros da Ordem. Foram muitos os cumprimentos e os abraços. O tempo todo acompanhado pelos irmãos, de maneira especial pelos irmãos Wilson Moreira, Marcus Vinicius, William, Marco Aurélio, André e Antônio Carlos.
As loja 8 de Maio e Fraternidade e Progresso, assim como outras 13 lojas, funcionam em um “Condomínio Maçônico”. Um local localizado no Bairro de São Cristóvão, onde estão instalados três Templos, nos quais quinze lojas se revezam, em grupo de três por vez, durante a semana. O condomínio tem o nome de “Condomínio Maçônico Demerval Souza Barros”, mas, por tudo o que vi, ouvi e vivi naquele espaço, acho que ele deveria chamar-se “Condomínio do Amor Fraterno”. Um lugar de gente boa, amável, feliz, que se irmana em torno dos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Um lugar de homens preparados para ajudar a Maçonaria em sua caminhada de combate à tirania e à injustiça social, em sua luta por tornar os povos livres, independentes e felizes.
Pessoas como aquelas que encontrei, em noite tão especial, no bairro carioca que já foi sede do Império do Brasil, nobres pessoas, pródigas de afeto, pródigas de fraternidade, pródigas de alegria, abertas ao novo, abertas ao Saber e ao Aprender, fazem-me ainda ter fé e esperança de que poderemos reconstruir nossa sociedade e resgatar nossos valores mais nobres. Pessoas como aquelas me fazem acreditar que esses momentos difíceis passarão, que essas turvas nuvens que encobrem nosso pais dissipar-se-ão!
E, então, por alguns momentos, parcos momentos, e me lembrando mais uma vez de Cora Coralina, eu voltei a acreditar que…
… Quando as coisas ficam ruins, é sinal de que as coisas boas estão por perto!
Eugênio Maria Gomes é diretor da UNEC TV, professor e pró-reitor de Administração do Unec – Centro Universitário de Caratinga. Membro da Assembleia da Funec – Fundação Educacional de Caratinga, do Lions Itaúna, do MAC- Movimento Amigos de Caratinga, da Loja Maçônica Obreiros de Caratinga e das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni. É o Secretário de Educação e Cultura do GOB-MG