Crime foi em outubro de 2020 e teve repercussão nacional
MANHUMIRIM – Nessa terça-feira (18) ocorreu o julgamento de dois dos três acusados de envolvimento na morte do Padre Adriano da Silva Barros, 36 anos. O crime aconteceu em outubro de 2020, na zona rural de Manhumirim, quando o religioso foi assassinado e teve o corpo carbonizado.
Os autores fugiram levando o veículo do padre, o que caracterizou latrocínio (roubo seguido de morte). Um dos envolvidos, de nome ‘Giovane’, considerado o executor, recebeu a pena de 36 anos de prisão. Já outro envolvido, João Paulo, acusado de dirigir o carro do padre Adriano até o Estado do Rio de Janeiro, recebeu 31 anos de condenação. Há ainda um terceiro elemento, mas ele se encontra foragido.
Da sentença, cabe recurso.
AÇÃO RÁPIDA DA POLÍCIA DESVENDA CRIME BRUTAL
O assassinato de padre Adriano teve muita repercussão devido à brutalidade do crime. O corpo foi encontrado no final do dia 14/10/2020, uma quarta-feira, no córrego Pirapetinga, em Manhumirim. O padre pertencia a Paróquia de São Simão, em Simonésia, e estava desaparecido desde terça-feira, 13/10/20, véspera do crime. Imediatamente, Giovani, um dos envolvido foi detido pelos militares.
De acordo com levantamentos feitos pela polícia, padre Adriano teria ido visitar sua mãe, que estava doente, em Martins Soares, e retornaria para Simonésia onde celebraria missa em comunidade rural.
O padre teria sido visto pela última vez no centro de Reduto, junto com sua irmã, a última com quem teve contato. Ainda segundo os levantamentos, desde então, o padre não se comunicou mais, não atendia o celular e as mensagens enviadas ao aparelho não foram visualizadas.
Por volta das 18h de quarta-feira, 14/10/20, a PM foi acionada por um morador do córrego Pirapetinga, que visualizou fogo em sua propriedade, e, ao se deslocar até o local para apagá-lo, viu o corpo carbonizado.
Equipes da PM e da Polícia Civil foram até o local, sendo constatado pela perícia que havia ainda ferimentos provocados provavelmente por facas.
Irmãos do sacerdote estiveram na propriedade e reconheceram o corpo.
Desde o início das diligências, a Polícia Militar começou a reunir informações que pudessem contribuir para a identificação da autoria. Uma das equipes que estava no rastreamento, se recordou que cerca de uma hora antes da localização do corpo, abordou nas proximidades um homem, de 22 anos, acompanhado de um adolescente, de 16 anos. O adulto apresentava certo nervosismo e estava com um corte na mão esquerda.
Como não sabiam do fato ainda, os militares liberaram os abordados. Após a mensagem da localização do corpo ser transmitida, outra equipe PM relatou que teria visto este indivíduo, de 22 anos, em data anterior, entrando no carro da vítima, em Manhumirim. Diante disso, a PM se deslocou até a casa onde o suspeito reside e o localizou.
Ao ser perguntado, inicialmente ele negou. Porém, ao ser questionado por várias vezes, acabou entrando em contradição, e, ao final, assumiu a autoria do homicídio, alegando que teria um relacionamento amoroso com o padre e que se desentenderam por causa de pagamento de um valor em dinheiro.
O jovem assumiu que teria matado a vítima a facadas na terça-feira, 13/10/2020, e que, no dia seguinte, voltou ao local para queimar o corpo para não deixar pistas. O adolescente que estava junto alegou não ter participação, porém sabia do fato, mas, nada comentou com ninguém, motivo pelo qual também foi apresentado na delegacia, acompanhado de seu pai.
Na ocasião, Giovani relatou que um parente seu teria levado o carro da vítima para o Estado do Rio de Janeiro. O tal parente fora visto naquela data, quarta-feira (14/10/20), nas proximidades de Teresópolis, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
OUTRO ENVOLVIDO PRESO NO RIO DE JANEIRO
As investigações foram conduzidas pelo delegado Glaydson de Souza Ferreira, de forma dinâmica, pois, já na quinta-feira, 15/10/20, houve novo interrogatório com o investigado, além de outros levantamentos.
As investigações apontavam que o crime pode ter sido planejado. “Na verdade, o fato foi premeditado. No sábado, 10/10, houve reunião entre o suspeito preso, o irmão dele e mais uma pessoa, para tramar, ao que tudo indica, esse crime de latrocínio”, revelou, à época, o delegado.
Ainda segundo o delegado, a motivação seria uma possível dívida de drogas do irmão do suspeito com traficantes. Ele é do Rio de Janeiro, e, durante abordagem da Polícia Militar daquele Estado, entorpecentes que estavam em posse dele foram apreendidos.
“Ele é um conhecido traficante por lá e estaria devendo uma quantia de drogas. Em razão desse prejuízo, ele teria vindo até Manhumirim para levantar o dinheiro. Foi quando tiveram a ideia de cometer esse crime”, contou o delegado Glaydson.
No decorrer da investigação, equipes da Polícia Civil de Manhumirim e de Manhuaçu prenderam na mesma semana, na noite de 16/10/20, o segundo acusado de participação no latrocínio contra o Padre Adriano. O indivíduo foi detido quando estava na Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, foi recuperado o veículo que o padre utilizava e que havia sido levado.