[10:48, 20/01/2022] Diario De Caratinga Marcy : MANHUMIRIM – Nessa terça-feira (18) ocorreu o julgamento de dois dos três acusados de envolvimento na morte do padre Adriano da Silva Barros, 36 anos. O crime aconteceu em outubro de 2020 na zona rural de Manhumirim. O religioso foi assassinado e teve o corpo carbonizado. Os autores ainda fugiram levando o veículo do padre, o que caracterizou latrocínio (roubo seguido de morte). Um dos envolvidos, de nome ‘Giovane’, considerado o executor, recebeu a pena de 36 anos de prisão. Já outro envolvido, João Paulo, acusado de dirigir o carro do padre Adriano até o estado do Rio de Janeiro, recebeu 31 anos de condenação. Ainda tem um terceiro elemento, mas ele se encontra foragido.
Da sentença, cabe recurso.
CRIME BRUTAL
O assassinato de padre Adriano teve muita repercussão devido a brutalidade do crime. O corpo do padre Adriano da Silva Barros, de 36 anos, foi encontrado no final de uma quarta-feira, 14 de outubro de 2020, no córrego Pirapetinga, zona rural de Manhumirim. O padre pertencia a Paróquia de São Simão, em Simonésia, e estava desaparecido desde terça-feira (13/10). Imediatamente, Giovani foi detido pelos militares.
De acordo com levantamentos feitos pela polícia, padre Adriano teria ido visitar sua mãe, que estava doente, na cidade de Martins Soares e retornaria para Simonésia onde iria celebrar uma missa na zona rural. O padre teria sido visto pela última vez no centro de Reduto, junto com sua irmã, a qual foi a última com quem ele teve contato. Ainda segundo os levantamentos, o padre desde então não entrou em contato, não atendia o celular e as mensagens enviadas ao seu celular não foram visualizadas.
Por volta de 18h da quarta-feira (14 de outubro de 2020), a PM foi acionada por um morador do córrego Pirapetinga, que visualizou um fogo em seu terreno e ao se deslocar até o local para apagar, localizou o corpo carbonizado.
Equipes da PM e da Polícia Civil foram até o local, sendo constatado pela perícia que havia ainda ferimentos provocados provavelmente por facas. Irmãos do padre Adriano também estiveram presentes no local, reconhecendo o corpo como sendo dele.
Desde o início das diligências, a Polícia Militar começou a reunir informações que pudessem contribuir para a identificação da autoria. Uma das equipes que estava no rastreamento, se recordou que cerca de uma hora antes da localização do corpo, abordou próximo ao local um homem, de 22 anos, na companhia de um adolescente, de 16 anos, sendo que o homem apresentava um certo nervosismo e estava com um corte na mão esquerda. Como não sabiam do fato ainda, os militares liberaram os abordados.
Após a mensagem da localização do corpo ser transmitida, outra equipe da PM relatou que teria visto este indivíduo de 22 anos, em data anterior, entrando no carro da vítima em Manhumirim. Diante disso, a PM se deslocou até a casa onde o suspeito reside, sendo localizado.
De acordo com a PM, ao ser perguntado, primeiro ele negou, porém, ao ser questionado por várias vezes, acabou entrando em contradição e ao final assumiu a autoria do homicídio, alegando que teria um relacionamento amoroso com o padre e que se desentenderam por causa de pagamento de um valor em dinheiro.
Segundo a PM, o jovem assumiu que teria matado a vítima a facadas na terça-feira (13 de outubro de 2020) e que na quarta-feira (14 de outubro de 2020) voltou ao local para queimar o corpo e assim não deixar pistas. O adolescente que estava junto alegou não ter participação, porém sabia do fato e não falou nada com ninguém, motivo pelo qual também foi apresentado na delegacia acompanhado de seu pai.
Na ocasião, Giovani relatou ainda que um parente seu, teria levado o carro da vítima para o estado do Rio de Janeiro, sendo visto nesta quarta-feira (14) na altura de Teresópolis, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Outro envolvido preso no Rio de Janeiro
As investigações foram conduzidas delegado Glaydson de Souza Ferreira. Já no dia 15 de outubro de 2020 foi feito um novo interrogatório do investigado, além de outros levantamentos. As investigações apontavam que o crime pode ter sido planejado dias antes. “Na verdade, o fato foi premeditado. No sábado (10 de outubro de 2020), houve uma reunião entre o suspeito preso, o irmão dele e mais uma pessoa, para tramar, ao que tudo indica, esse crime de latrocínio”, revelou à época o delegado.
Ainda segundo o delegado, a motivação seria uma possível dívida de drogas do irmão do suspeito com traficantes. Ele é do Rio de Janeiro, e, durante uma abordagem da Polícia Militar daquele estado, entorpecentes que estavam em posse dele teriam sido apreendidos. “Ele é um conhecido traficante por lá e estaria devendo uma quantia de drogas. Em razão desse prejuízo, ele teria vindo até Manhumirim para levantar o dinheiro. Foi quando tiveram a ideia de cometer esse crime”, contou o delegado Glaydson em outubro de 2020.
No decorrer dos trabalhos de investigação, equipes Polícia Civil de Manhumirim e da delegacia de Manhuaçu prenderam na noite do dia 16 de outubro de 2020, uma sexta-feira, o segundo acusado de participação no latrocínio contra o padre Adriano. O indivíduo foi detido quando estava na Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, o veículo que o padre utilizava, e havia sido levado, também foi recuperado.