Adolescente Vitória foi vítima de uma trama arquitetada por um bando criminoso com os qual se relacionava
DA REDAÇÃO – O Tribunal do Júri da Comarca de Coronel Fabriciano julgou nesta quinta-feira (22) um dos casos de maior repercussão do ano de 2016: o assassinato da caratinguense Vitória Araújo de Faria Moreira, de 16 anos, brutalmente assassinada em uma estrada rural, no bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano, no mês de julho de 2016
Hiago de Paula Oliveira, 21 anos, do bairro Mangueiras, é o primeiro de uma quadrilha denunciada por envolvimento direto e indireto na execução da jovem, a sentar-se no banco dos réus. Ao fim do julgamento, na noite de quinta-feira, Hiago foi sentenciado a cumprir 13 anos e 4 meses de prisão. O Conselho de Sentença reconheceu a autoria, mas absolveu o réu da acusação de corrupção de menores.
Os jurados reconheceram duas qualificadoras: recurso que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio. O advogado Thiago Xavier atuou na defesa com a tese de negativa de autoria. A sua defesa por pouco não foi atacada pelos jurados. O réu foi considerado culpado de autoria por 4 votos a 3.
REPERCUSSÃO
À época, o crime que vitimou a caratinguense teve enorme repercussão. Na ocasião, a reportagem do DIÁRIO conversou com Ângela Maria de Faria, mãe de Vitória. Muito abalada, ela contou que tem outra filha, e que Vitória era a sua caçula. A mulher relatou que a adolescente sempre fugia de casa e seguia para Coronel Fabriciano ou Timóteo. “Minha filha terminou um namoro recentemente com um rapaz que reside em Timóteo, inclusive ela ficava hospedada na casa da mãe desse moço. Este rapaz chegou a ameaçar Vitória, essas ameaças estão em um celular, que agora será entregue a polícia para que faça a investigação”, disse Ângela Maria em reportagem intitulada “Adolescente de Caratinga é assassinada em Coronel Fabriciano”, que foi publicada no dia 5 de julho de 2016.
De Caratinga, Vitória veio morar em Coronel Fabriciano. Longe dos pais, a jovem dizia que estava trabalhando, mas suas postagens nas redes sociais mostram outra realidade. Ela passou a usar drogas ilícitas, ostentar armas e se relacionar com pessoas procuradas pela polícia por crimes diversos.
QUADRILHA IDENTIFICADA
O brutal assassinato da adolescente foi apurado em uma ação conjunta das polícias Civil e Militar, conforme divulgado pelo Diário do Aço em dezembro de 2016. O crime teve outros denunciados: Robson Pierre Lugas, o ‘Sapão’, de 26 anos, e as jovens A.K.F., de 22 anos, e B.S.S., de 20 anos.
Entretanto, no decorrer o processo, B.S. e A.K. não foram pronunciadas pelo juiz responsável pelo caso e, portanto, não serão levadas a julgamento. O processo foi desmembrado e o outro denunciado, Robson Sapão, será julgado em outra oportunidade, pois depois do crime em Coronel Fabriciano, ele mudou-se para São Paulo, onde cometeu outro delito e foi preso.
Conforme a denúncia do Ministério Público, no dia 2 de julho de 2016, por volta de 11h, na estrada de acesso à biquinha, no bairro Amaro Lanari, os denunciados se uniram a outros quatro menores de idade, entre eles dois rapazes de 16 anos e uma jovem de 17 anos, com o propósito de tirar a vida de Vitória Araújo de Faria Moreira, de 16 anos. A jovem foi morta com vários a tiros e teve o corpo deixado abandonado à margem da estrada rural.
De acordo com a apuração das polícias Civil e Militar, uma semana antes do crime A.K., B.S. e a adolescente de 17 anos foram à residência da vítima e exigiram que ela devolvesse objetos pessoais das três, o que não foi acatado por Vitória.
“No dia 30 de junho A.K., B.S. e a adolescente reuniram-se com os homens denunciados e ainda dois adolescentes em uma festa, quando foi tramada a morte de Vitória, aproveitando-se do fato de Hiago e um dos adolescentes de 17 anos já terem sido namorados da vítima e contra a qual os dois mantinham rancores por causa de uma suposta traição”, relata a denúncia.
Conforme o texto, após decidir sobre a execução da jovem, coube aos denunciados Hiago e Robson e aos dois adolescentes de 17 anos, reunir duas armas de fogo que seriam usadas no crime. Os levantamentos indicam que Robson forneceu as armas, dentre as quais uma espingarda de calibre 36.
Ao adolescente, ex-namorado de Vitoria, coube a tarefa de atrair a vítima, aproveitando-se do fato dela estar namorando com um de seus primos à época. Não a encontrou em casa, mas pegou o telefone celular da jovem. Esse furto foi uma isca. Ao chegar em casa e deparar com a falta do aparelho, a vítima ligou para o seu próprio número de outro telefone. O adolescente atendeu e armou uma emboscada ao combinar o local onde devolveria o celular.
Para isso, Robson Sapão foi ao bairro Bom Retiro, buscar a vítima em um VW Gol de cor prata. Outros três indivíduos que faziam parte da trama macabra embarcaram logo em seguida Robson conduziu o carro com a vítima para a estrada da Biquinha, onde foi executada com diversos disparos de arma, dentre os quais, tiros na cabeça.
O corpo foi encontrado no dia seguinte, 3 de julho, quando por volta de 9h um vaqueiro foi tratar do gado sob sua responsabilidade, passou pela estrada da biquinha, viu o cadáver e acionou a Polícia Militar.
“A motivação foi torpe, uma vez que o crime foi cometido em razão de vingança, tanto por causa da briga que a vítima teve com as mulheres denunciadas uma semana antes, quanto pelo fato de Vitoria ter traído a confiança dos ex-namorados envolvidos na trama, Hiago e um dos adolescentes de 17 anos, parceiros com os quais manteve relacionamento amoroso conturbado”, relata a denúncia do MP.
Fonte: Diário do Aço