Em sua cadeira de rodas, Daniel Mendes vende chup chup pelas ruas da cidade, após abandonar o amargo vício das drogas
CARATINGA- Quem passa pelas imediações da antiga Petisco já deve ter avistando um cadeirante e sua esposa vendendo chup chup em uma caixinha de isopor. O DIÁRIO foi saber a história deste homem que, mesmo com todas as dificuldades, tem enfrentado sol e as más condições de acessibilidade em alguns trechos, para o seu sustento.
Daniel Mendes de Oliveira conta que é deficiente desde a infância. “Eu nasci com uma doença chamada mielomeningocele, que a coluna da criança é grudada no útero da mãe, então nasci com a coluna quebrada. Desde pequeno eu andava arrastando no chão, machucava os pés demais; depois passei a andar de muleta pelo menos uns 10 anos, depois não aguentei mais andar de muleta e o médico me autorizou uma cadeira de rodas. Deve ter uns 20 anos que estou na cadeira de rodas”.
Na fase da adolescência, ele afirma que acabou se entregando ao amargo vício das drogas. Mas, Daniel garante que tudo mudou e agora ele vive uma nova fase. “Quando eu completei 17 anos, me envolvi em coisas erradas, com drogas, cheguei até ser preso. Eu envolvi por ter feito amizades que não deveria. Mas saí da prisão, Deus me abençoou, aceitei Jesus e hoje sou uma nova pessoa. Deus está me abençoando, arrumei uma esposa, casei e cada dia a minha vida está melhorando”.
Ele lamenta o passado e explica que decidiu dar um novo rumo à sua vida. “Vi que aquilo não me dava nada, só dava tristeza para a minha mãe e o meu pai, desilusão pra mim, eu não conseguia nada na vida, não conseguia ter paz na minha vida. Decidi sair disso porque tem coisas melhor na vida que a gente possa fazer”.
O DOCE SABOR
Daniel agora experimenta o doce sabor da nova vida. E por meio de seu novo ofício, ele quer compartilhar esse doce sabor com o público. “Eu sou artesão também, faço artesanato, navio, casinhas, porta-joias, barco, essas coisas. E agora, por iniciativa da minha esposa que teve a ideia de comprar uma caixa, estamos vendendo chup chup, nós estávamos passando umas dificuldades também. Com os R$ 100 que ela ganhou comprou a caixa, as mercadorias e fez o chup chup. Deus abençoou que a coisa deu certo e foi progredindo, hoje já estamos com chup chup gourmet e o simples também”.
Diariamente, de 12h às 17h, lá está Daniel circulando pelas principais vias do centro em busca da clientela. A esposa, Maria de Lurdes Soares, por sua vez, nas imediações do ponto de ônibus, local onde também há uma grande circulação de pessoas. “Deus está abençoando que vendemos bastante, estamos tendo uma boa renda. A cadeira de rodas não me impede de trabalhar, vender o chup chup, pra mim é um prazer fazer isso. As pessoas que passam dificuldade na vida, Deus sempre abre uma porta para ele fazer uma coisa de bom pra ele e para a população. Cada um tem seu sofrimento, mas, para Deus nada é impossível, basta a gente crer e confiar que Deus é Deus”.
Já são três meses de trabalho e para Daniel, a cada chup chup vendido, fica a certeza de que sua vida realmente mudou para melhor. Ele deixa seu recado para a população e segue compartilhando o doce sabor. “Tenho bastante cliente, todo mundo gosta do meu produto, vendo bastante, eles compram mesmo. Quem quiser comprar meu chup chup, me procurar aqui no em frente ao Coelho Diniz, perto do Ponto Quente, eu estarei aqui. Também se quiser fazer pedido para a gente entregar em casa também, o telefone (33) 98706-1892”.