* Marineusa Gonçalves Medeiros de Oliveira,
O abate dos bois é um crime natural e inicia-se no confinamento dos mesmos. Eles ficam enfileirados e, durante o percurso para a própria morte, ficam mugindo desesperadamente. Parecem ter consciência do que vai acontecer.
Entrando na sala do matadouro, o boi presencia a morte de seus “companheiros”. Uns vão sendo fatiados, outros são pendurados em ganchos, sem contar o sangue que fica espalhado pelo chão. Ele tenta fugir, mas as cercas de aço o impede. Suas tentativas são inúteis. É a vez da marretada na cabeça. Isso quando não usam a pistola pneumática. Há pessoas que dizem ser um método mais “humanitário”. De qualquer forma é o animal que sente a dor.
Segundo especialistas, depois de comer a carne bovina, o organismo do ser humano leva cerca de três dias para digeri-la. Primeiramente ela apodrece dentro do estômago. Esse apodrecimento acontece no prazo de 24 horas após ser engolida.
O consumo de carne no mundo tem crescido, e muito. Tem muita gente consumindo esse tipo de alimento. Logo dá para imaginar quantos animais são criados em fazendas por este nosso Brasil a fora.
Os brasileiros atualmente estão como bois indo para o matadouro. Caminham enfileirados, percebendo a própria morte. Ficam gritando, fazendo barulho, batendo frigideiras, acendendo e apagando as luzes de suas casas… mas, ainda enfileirados. Eles, sim, têm consciência do que está para acontecer.
Ao compor as marchas de protestos, com os companheiros de luta, são testemunhas silenciosas do massacre de uns, que vão sendo fatiados pelo descaso das autoridades que insistem em fazer de conta que não escutam os seus clamores; ao passo que presenciam seus direitos sendo pendurados nos ganchos da ganância desenfreada dos poucos que detêm, em suas mãos imundas, o poder de controlar a injustiça social; sem contar aqueles que se juntam às manifestações, mas são aliados dos sugadores do sangue derramado por quem trabalha honestamente neste país. Manifestantes pensam em fugir da luta, pois muitas vezes se sentem acuados por um sistema falido e que insiste em dizer que os representa. É a vez então da “marretada” disfarçada de uma injusta reforma na previdência para arrebentar a cabeça do povo. E quem diz que é um método eficaz e “humanitário” para melhorar o progresso da sociedade, não quer ter seu futuro incluído no meio da reforma. Isso, de tão boa que é essa tal “pistola pneumática” da incompetência política que assola o país. De qualquer forma é o povo que vai sentir e viver a dor das consequências, se não for realmente à luta e parar de “mugir”.
Não serão três dias para digerir a “carne podre” da corrupção que está engolindo. Serão mais de 65 anos. O apodrecimento da carne vem acontecendo ao longo dos anos. Poucas são as pessoas que reagem. E, quando isso acontece, pedem para que o “Gigante acorde”. Porém, mesmo se acordar, o gigante não saberá o que fazer se não mostrem a ele como e onde agir. Estão tirando dele o conhecimento necessário para sua ação, tornando-o um ser ignorante dos seus direitos e deveres como cidadão.
O prejuízo financeiro e moral do trabalhador e do menos favorecido tem aumentado no mundo, especialmente no Brasil; bem como as perdas da dignidade, do respeito e da honestidade de seus representantes. Enquanto a maioria está comendo a carne podre da indignação, a minoria privilegiada, ilegalmente, mama o leite fresco diretamente das tetas das vacas.
Enfileirados, os bois são facilmente controlados e preparados para o abate. Os peões perdem o controle, quando a boiada estoura. Os atuais representantes temem um povo acordado e “estourado”, pois perderão o controle.
* Marineusa Gonçalves Medeiros de Oliveira,Professora da Escola “Professora Jairo Grossi, Graduada em Letras pelo Centro Universitário de Caratinga – UNEC, Pós-graduada em Psicopedagogia