Professor Sebastião de Oliveira Pedra
Caro leitor, o presente artigo tem o objetivo de pontuar alguns elementos de gestão pública moderna, tendo como aliado as inovações e processos de eficiência, orientada para resultados, visando alcançar melhor prestação de serviços e fornecer bens com qualidade para o cidadão.
Estamos em meio a uma crise que afetou os diversos setores da economia. Segundo o Jornal Estado de Minas, os pequenos empreendedores e mais um terço das pequenas empresas, possuem pagamentos atrasados com a Receita Federal: 1,77 milhão (35,4%) não estão com os impostos em dia, esse grupo representa cerca de 49 bilhões de reais em impostos atrasados.
Não obstante, o setor público também passa pela mesma crise. Não é novidade, abrir o jornal, ou ouvir nos noticiários, sobre a situação calamitosa em que se encontram diversas prefeituras municipais, governos estaduais, órgãos, autarquias e fundações públicas; e inclusive o próprio governo federal.
Destarte, a gestão pública moderna deve considerar em seu campo algumas situações que a desafiam quando se propõe atingir resultados:
* SERVIÇOS PÚBLICOS (não prestados): Se bem ou mal prestados, qual parcela da população tem acesso a eles. Sendo assim, para estes o Estado não existe. Podemos dar como exemplo: aqueles que tem direito à educação mas não participam dela; assim como os cidadãos que não recebem atendimento em saúde, mesmo dentro de um hospital.
* SERVIÇOS PÚBLICOS (prestados sem qualidade): Quando o Estado os fornece ao cidadão, há os que recebem serviço público de baixa qualidade. Nesta situação destaco: aqueles que são atendidos desrespeitosamente; submissão a exigências burocráticas desnecessárias, e principalmente aqueles que recebem um serviço ruim nos campos da segurança, da saúde e da educação, são alguns exemplos.
* SERVIÇOS PÚBLICOS (prestados com qualidade): Este é o último, onde o cidadão recebe serviços públicos com qualidade, mas que acostumados com esse padrão exigem, continuamente, a melhoria e o aperfeiçoamento dos mesmos.
Tendo como base este último tipo, Juran (1986), classifica os grandes processos que suportam a gestão da qualidade nas organizações em: (1) planejamento da qualidade, (2) controle da qualidade, e (3) melhoria da qualidade. Esta trilogia de gerenciamento de processos, é onde se apoia a gestão da qualidade empresarial, atuando sobre os seus três processos centrais, e aprimorando o conjunto de processos chaves da organização. Pode-se perfeitamente aplicar este conceito nas organizações públicas. O desafio, é quebrar os paradigmas de que, tudo que é público, pode ser feito de qualquer jeito.
Quebrando as barreiras da inovação
Bes e Kotler (2011) afirmam que “A inovação é um processo desordenado: difícil de mensurar e difícil de administrar”. Sendo assim, podemos perceber a lacuna entre a necessidade e a capacidade de inovar. Ou seja, no mundo contemporâneo ainda temos a inovação como disciplina que não alcançou o estágio de desenvolvimento capaz de satisfazer a necessidade premente de inovar.
Em empresas onde a inovação é levada em consideração, a necessidade supera a capacidade. Estudos estatísticos revelam que 96% dos administradores consideram a criatividade essencial, embora apenas 23% destes, tiveram êxito em torna-la como parte do seu trabalho. Esta lacuna, é visível e precisa ser preenchida, caso seja a gestão para qualidade com inovação seja o alvo pretendido. Sem criatividade, não há inovação (BES e KOTLER 2011 p.15).
Processos de eficiência
Um processo é qualquer atividade que, fazendo uso dos recursos da organização, recebe uma entrada e gera uma saída com valor agregado para um cliente interno ou externo. E de acordo com os objetivos da organização, devem fazer uso de seus recursos para produzir valor para o cliente (HARRINGTON 1993).
Evidentemente que os processos, entendidos como fluxos de valor, devem ser constantemente avaliados, melhorados e/ou recriados para acompanhar tanto as mudanças nos objetivos e as necessidades da organização, como também as mudanças no ambiente externo. Por tal motivo, é necessário um adequado gerenciamento desses processos.
Varvakis (1998) demonstra esta ideia ao afirmar que o gerenciamento de processos é a definição, análise e melhoria continua dos processos com objetivo de atender as necessidades e expectativas dos clientes. Afirma ainda que esta busca de melhoria contínua implica motivação, criatividade e trabalho.
Então podemos concluir que o gerenciamento de processos busca atingir as condições ótimas para o cliente, apoiando-se nos fundamentos da qualidade total, análise de valor, just in time, entre outros.
Portanto, o gerenciamento de processos entendido como um processo de gestão, este deve ser revisado, avaliado e melhorado continuamente devido às mudanças no entorno organizacional no qual a gestão é feita. De forma geral, estas mudanças são originadas pelo atual e acelerado desenvolvimento tecnológico, permitindo representar oportunidade de melhorias (ANDERSON; TUSHMAN, 1990).
Em acordo a este ponto, Gonçalves (2000a) afirma que a tecnologia influência nos processos, entendidos como a forma de realizar o trabalho, mas também na forma de gerenciá-los.
Os pontos acima, foram apenas uma degustação de como a inovação e o gerenciamento dos processos organizacionais, uma adequada identificação e gestão desse conhecimento ajuda na busca de melhoria contínua, auxiliando o gerenciamento.
Agregar valor econômico aos bens e serviços, são benefícios que os processos de inovação e gerenciamento podem produzir. Objetivando sua melhoria contínua, criam-se condições para reduzir custos, tempos e melhorar a qualidade, representando uma vantagem competitiva para a empresa ou setor público.
Destarte, é eminente o fato do desenvolvimento tecnológico crescente trabalhar como facilitador da criação e interação do conhecimento, favorecendo as inovações em suas distintas dimensões, e representando uma oportunidade de melhoria nos processos. Considerar o apenas o processo em si, pode ser uma falha, mas também é necessário identificar as mudanças no ambiente que podem afetar os processos. Estas mudanças muitas vezes são oportunidades tanto para a melhoria dos processos quanto para forma de gerenciá-los.
Referências:
ANDERSON, Philip.; TUSHMAN, Michael. Technological Discontinuities and Dominant Designs: A Cyclical Model of Technological Change. Administrative Science Quarterly. v. 35,p. 604-633, 1990.
BES, Fernando Trías de; KOTLER, Philip. A Bíblia da Inovação. São Paulo: Leya, 2011.
GONÇALVES, José Ernesto Lima. As empresas são grandes coleções de processos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.40, n.1, p. 6-19, jan./mar. 2000a.
HARRINGTON, James. Gerenciamento Total da Melhoria Contínua. São Paulo: Makron Books, 1997.
JURAN, Joseph. The quality trilogy. Quality Progress, v.9, n.8, p. 19-24. 1986.
VARVAKIS, Gregório. J. R. et. al. Gerenciamento de processos. Florianópolis, 1998. 71p.
Site: < http://www.em.com.br>
Arte: Professor Geraldo Lomeu Ferreira
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Deus seja louvado!
Um comentário
Ana Paula de Sá
Professor Sebastião Pedra estas percepções estão ligadas à condição financeira destes grupos de cidadãos?