Com a chegada do Dia dos Pais, empresários alegam queda nas vendas. Reunião com a Copasa discutiu possíveis soluções para o impasse
CARATINGA– Descontentes com os possíveis transtornos causados pelas obras de esgotamento sanitário que têm interditado vários pontos do centro de Caratinga, comerciantes e representantes de entidades empresariais decidiram se reunir com a Copasa, responsável pela obra, na manhã de ontem. Também participaram da reunião a Associação Comercial e Industrial de Caratinga (ACIC), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Sindicato do Comércio de Caratinga.
Para a instalação dos interceptores, estão sendo feitas alterações no trânsito. Os lojistas estão alarmados com os prejuízos, já que estão em pleno período de vendas para o Dia dos Pais. Segundo eles, a interrupção do trânsito e proibição da passagem de pedestres na Avenida Olegário Maciel tem se refletido em queda nas vendas. Outra questão abordada pelos empresários são transtornos técnicos da obra, como a retirada de terra e operação do maquinário, o que estaria deixando as lojas e produtos sujos de barros.
As obras, que tiveram início há quase um mês, estão sendo realizadas pela empresa Prefisan, com o objetivo de concluir a construção dos interceptores dos córregos Sales, São João e Santa Cruz que, por motivo técnico, foram desviados para a Avenida Benedito Valadares. Estes serviços fazem parte do projeto de implantação da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) no Bairro das Graças. Logo no início, a Copasa explicou que os serviços são complexos e é difícil evitar possíveis transtornos, e que para minimizá-los, a obra está sendo executada em etapas, ou seja, um quarteirão por vez.
No centro da cidade e nas margens dos córregos serão instalados aproximadamente 1,1 mil metros de interceptores, que levarão os esgotos coletados nas residências para a ETE. A previsão é que esta fase das obras dure cerca de três meses.
Para os comerciantes, a obra é fundamental para melhoria da qualidade de vida dos caratinguenses, mas, eles pedem agilidade na realização dos serviços. Foi aberto um momento para sugestões e uma delas foi de que as calçadas sejam liberadas para a passagem dos consumidores, facilitando a sua entrada nas lojas para fazerem suas compras, ou até mesmo observar as promoções.
Outra sugestão feita pelos comerciantes é de que o serviço seja realizado até o período da noite, o que impactaria na conclusão mais rápida dos serviços.
De acordo com o empresário Ary Soares, a obra tem provocado transtornos diversos ao comércio local. “Vai ocupar mais de 30 dias só na Olegário Maciel, a obra total até na Marechal Deodoro está prevista para dia 10 de novembro. Ou seja, vamos perder quase quatro meses. O comércio tem sacrificado muito. Estamos tentando agilizar, trabalhar aos sábados, domingos, feriados, ou à noite, para não prejudicar tanto o comércio. Fazer trecho em divisões também para não fechar tanto a Olegário Maciel, com essa distância longa e prejudicando o comércio. O pedestre que está do lado esquerdo não tem como atravessar para o lado direito. Fomos bem recebidos pela Copasa e tenho certeza que vão ter solução pra nós”.
Representando o município, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Sanderson Dutra explica que o município intermediou a reunião entre Copasa e comerciantes. “Fui procurado por alguns empresários da cidade, questionando o andamento da obra e fazendo algumas ponderações. Como membro da Prefeitura, me senti no dever de ser um facilitador para que essa conversa entre comerciantes e Copasa acontecesse. Eles estão saindo muito satisfeitos e por parte da Prefeitura, vamos estar sempre buscando essa comunicação”.
COPASA
O Gerente de Divisão da Expansão Leste da Copasa, Paulo de Tarso Rezende avaliou a reunião de maneira positiva. Ele acredita que a reinvindicação do comércio e da população de Caratinga vai de encontro à intenção da Copasa. “Nossa intenção é fazer uma obra da melhor forma possível, que atenda o município e seja feita no menor tempo e impacto também. A reinvindicação do comércio gira exatamente em torno disso, que a obra realmente continue e seja dada uma atenção especial, como está sendo feito, com os menores transtornos possíveis. Isso vai ser feito, no Dia dos Pais, talvez, abrir ali uma travessia para minimizar o transtorno na Olegário Maciel. A obra está seguindo bacana, com cronograma adiantado, estamos satisfeitos”.
O gerente da Copasa de Caratinga, Albino Júnior, Batista afirma que expostas as solicitações, a empresa já definiu algumas estratégias. “Principalmente com relação a reduzir os trechos de interferência, de maneira a minimizar os impactos junto ao comércio local. A gente sabe que a Avenida Olegário Maciel é o coração comercial da cidade, onde estão as principais lojas. O impacto existe e a gente vai buscar minimizar para atender as reivindicações dos comerciantes. Além disso, foram colocadas outras situações vivenciadas pelos comerciantes, que serão tratadas para que possamos buscar atendê-los”.
Albino destaca que o trabalho é complexo e exige esforços da equipe. “Para quem tem acompanhado, temos diversas intervenções no subsolo da avenida, como fibra óptica, rede de energia elétrica subterrânea, rede pluvial, distribuição de água e é necessário o máximo cuidado para evitar transtornos aos usuários destes sistemas. É importante lembrar que o transporte do esgoto é feito através da gravidade e nós temos ali uma declividade da instalação dos interceptores de esgoto bem baixa. É preciso cuidado para garantir a declividade de projeto e fazer com que a obra possa atender aos requisitos técnicos”.
Por fim, Copasa e comerciantes decidiram que a obra será realizada por etapas até o final da Avenida Olegário Maciel, para que a via não fique totalmente interditada, prejudicando o acesso ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora.
A obra
A retomada das obras de ampliação do sistema de esgotamento consistirá na instalação de 2,2 mil metros de interceptores nas margens do Rio Caratinga, interligando o interceptor do córrego São João à ETE; construção de três estações elevatórias de esgoto bruto e suas linhas de recalque, responsáveis por elevar os esgotos das partes baixas até a ETE. Ao recurso inicial de R$ 49 milhões já investidos, foram acrescidos recursos adicionais da ordem de R$ 15 milhões.
Além das obras dos interceptores, a Copasa executada as obras da ETE, finalizando a construção do tratamento preliminar, dos reatores anaeróbios, dos filtros biológicos, dos decantadores secundários, da elevatória de recirculação, do laboratório de controle de processo e dos leitos de secagem. A duração será de oito meses, com previsão para ser concluída em abril de 2016.
As obras do SES de Caratinga foram paralisadas em 26 de janeiro deste ano para adequação do projeto e captação de novos recursos. Inicialmente, foram realizados os serviços de instalação de 8.900 metros de interceptores e construção de 4.400 metros de canais nos córregos São João, Sales e Santa Cruz, além da execução de 78% da Estação de Tratamento de Esgoto, totalizando 80 % da obra concluída. O prazo inicial para conclusão do trabalho não foi alterado e as obras deverão ser entregues à população em abril de 2016.