Escolas dão boas-vindas aos alunos, mas também houve protesto em Santa Bárbara do Lese e pedido de reforma em prédio que atende educandário em distrito de Inhapim
CARATINGA/SANTA BÁRBARA DO LESTE – Ontem teve início o ano letivo nas escolas da rede estadual de ensino mineiras. Cerca de dois milhões de estudantes iniciaram ou retomaram a rotina de estudos na rede estadual de ensino. Na região de Caratinga, as escolas deram boas-vindas aos alunos, mas também houve protesto em Santa Bárbara do Leste e pedido de reforma em prédio que atendente educandário em distrito de Inhapim.
“TEMPO DE ACOLHIMENTO”
Para a recepção dos alunos, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) orientou que as escolas realizem o “Tempo de Acolhimento”. Algumas escolas fizeram a acolhida dos estudantes por meio de atividades que permitam discutir temas de seus interesses e fomentar a participação das crianças, jovens, adultos e da comunidade na escola, tornando o ambiente escolar mais acolhedor e próximo do público. Já outras escolas optaram por realizar atividades artísticas, saídas pelo entorno da escola para conhecer o território, oficinas de teatro, de produção de texto, rádio e dança, saraus, gincanas e torneios esportivos.
O diretor da Escola Estadual Professor Joaquim Nunes, Sebastião Pedra, informou que desde quarta-feira passada, dia 1º de fevereiro, os professores já estavam se preparando para o começo do ano letivo. “Tivemos reuniões de planejamento, reuniões administrativas e nos preparamos para essa semana, que é a semana de acolhimento dos alunos. Hoje (ontem) estamos tendo atividades no pátio da escola e dando as boas-vindas. Também estamos fazendo reflexões sobre a importância da educação”.
Para o diretor, nem mesmo a chuva afugentou os alunos nesse primeiro dia de aula. “Realmente tivemos um número surpreendente de alunos. As salas estão cheias. Fizemos apresentação dos funcionários no auditório. Então, esperamos que esse ano será bem produtivo.
CALENDÁRIO ESCOLAR
De acordo com o Calendário Escolar 2017, o ano letivo teve início ontem e terminará no dia 15 de dezembro. A Resolução SEE 3.120, que dispõe sobre o calendário prevê ainda alguns recessos, por exemplo, o de 17 a 30 de julho. A Virada Educação Minas Gerais será realizada no dia 16 de setembro e no período de 20 a 24 de novembro acontecerão as atividades da “Semana de Educação para a Vida”.
O Calendário Escolar é composto por 200 dias letivos, ou seja, dias em que são realizadas atividades com alunos. Para os anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), o calendário também deve cumprir uma carga horária de 800 horas. Já para os anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e para o Ensino Médio são 833 horas e 20 minutos.
ESCOLA ESTADUAL MONSENHOR ROCHA
Ontem foi o começo do ano letivo para os 800 alunos da Escola Estadual Monsenhor Rocha, no município de Santa Bárbara do Leste. No lugar da empolgação e felicidade por rever os colegas, muita revolta e reclamações. Tudo porque a escola não tem uma estrutura física adequada desde 2014, quando aconteceu o desabamento de parte do antigo imóvel e os alunos e professores se dividem em quatro localidades, sendo uma o salão paroquial da igreja católica, a outra uma garagem e também e em salas alugadas em dois prédios diferentes.
Depois de protestarem em dezembro de 2016, quando o governador Fernando Pimentel (PT) esteve em Caratinga para inauguração do prédio do fórum Desembargador Faria e Sousa, alunos e pais se manifestaram novamente, desta vez em Santa Bárbara do Leste contra a atitude do Estado por ainda não ter solucionado o problema.
Adélia Pereira tem dois filhos que estudam na Escola Monsenhor Rocha e está inconformada por não ter nada de concreto, além da compra de um terreno. Ela reclama da previsão para começar a construção do educandário. “A situação é deplorável. É uma vergonha ver nossos filhos estudar em locais não planejados para serem salas de aulas. Ficamos tristes com a situação. São quatro locais improvisados: a paróquia, onde estado paga aluguel, três salas em dois prédios e um terraço emprestado por um morador”, disse Adélia.
Adélia explicou que não estão manifestando contra ninguém, mas a favor dos alunos e da comunidade de Santa Bárbara do Leste, que necessitam de um ambiente escolar. “O governador emitiu notas dizendo que éramos a prioridade 55ª do Estado e depois da manifestação, quando ele esteve em Caratinga, passamos para a 5ª, mas de concreto não temos nada”.
A agente de Saúde Sheila Aparecida, também e mãe de aluno, reclamou de outro problema causado pela falta de uma estrutura adequada, que é a deslocação perigosa dos estudantes no momento da merenda. “A merenda é dada dentro do salão paroquial; assim, os alunos que estão em outro lugar precisam se deslocar. É um descaso total, uma falta de respeito. As crianças estão desmotivadas, não vão para uma escola, mas para um salão de igreja ou uma garagem. Já tivemos crianças atropeladas e mordidas por cachorro na hora de ir merendar no salão paroquial”, ressaltou Sheila.
Lucas de Oliveira tem 12 anos e está no 7º ano. Ele também falou de sua indignação em não ter um lugar propício para estudar. “É ruim ficar dentro da garagem. Tivemos que improvisar bebedouro, o banheiro é em cima. Queremos uma escola boa, com pátio para educação física e ventiladores nas salas. Quero que o governador construa a nossa escola”, disse o aluno.
E.E. DR. GUILHERMINO DE OLIVEIRA
Pais de alunos que estudam no segundo endereço da Escola Estadual Guilhermino de Oliveira, no distrito de Jerusalém, zona rural de Inhapim, entraram em contato com a redação do DIÁRIO e reclamaram das condições do prédio, que abriga estudantes do 6º ao 9º ano da rede estadual de ensino.
Segundo eles, comunidade e a diretora lutaram pela reforma da escola, que conseguiram com muito esforço no ano 2012. No ano seguinte foi feito um manifesto porque a obra estava paralisada e os alunos estudavam de forma precária. Em virtude dessas condições, foi feito um manifesto e a história circulou pela internet. “Deu certo. A reforma foi parcialmente concluída para os alunos retornarem ao prédio, mas em outubro de 2015 um vento forte arrancou parte do telhado. Desde então a situação só piorou. O quadro atual é desolador: infiltração nas paredes, mofo, fios da rede elétrica expostos, a cada chuva salas ficam alagadas, além da escada estar sem corrimão. Temos sofrido há muito tempo com relação ao prédio desta escola. Nossos filhos merecem um lugar digno e seguro para estudar”, pede a uma mãe de aluno.
Ela salienta que a situação é grave porque agora é o período de muitas chuvas e com parte da laje da escola descoberta, muitos danos estão sendo causados neste patrimônio, que ela classifica como o único que a comunidade possuiu. “As paredes estão constantemente molhadas, alunos tiveram de ser removidos e chegaram a estudar no pátio. A rede elétrica é a que mais nos preocupa, pois uma ‘enxurrada’ jorra na caixa de fios elétricos cada vez que chove e fica dias escorrendo. Temos medo que ocorra um curto-circuito com os alunos lá dentro. Outra coisa, os estudantes não podem usar o pátio para brincar durante o recreio, o prédio está acabando novamente. Fizemos reforma que com muito suor e lágrimas e conseguimos que fosse parcialmente concluída em janeiro deste ano, mas essa obra precisa ser feita em sua totalidade”, relata a mãe do aluno.
Ela ainda descreve o laço afetivo da comunidade com a escola. “Essa instituição está presente na comunidade há mais de 60 anos. O prédio atende alunos do município do pré ao 5º ano pela manhã e no outro período, atende alunos da rede estadual do 6º ao 9º ano; somando são mais de 100 alunos nos dois turnos”, informa.
Diante da situação, outra mãe de aluno da escola que atende ao distrito de Jerusalém fez a seguinte ponderação: “Se uma família carente estivesse morando numa casa na situação da escola, a assistente social já tinha vindo tomar providências”.
A redação do DIÁRIO entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Educação, mas não obtivemos resposta até o final dessa edição.