Vira Educação dá nova chance para aqueles que desejam retomar os estudos. Inscrições vão até o dia 30 de novembro
CARATINGA – O jovem que deixou de estudar e quer retornar aos estudos tem a oportunidade de programar a sua volta às salas de aula para 2016. Teve início o chamado aos jovens que querem voltar a estudar no ano que vem em qualquer nível da Educação Básica em Minas Gerais.
A iniciativa da Secretaria de Estado da Educação (SEE) faz parte da Virada Educação Minas Gerais (VEM), movimento que quer criar uma escola sintonizada com a realidade da juventude a partir do envolvimento de toda a comunidade escolar e da sociedade.
Para atender ao chamado para o retorno aos estudos, o interessado deverá preencher até 30 de novembro o formulário online disponível no site na Secretaria de Educação. Ele poderá acessar o formulário de qualquer local com acesso à internet ou se dirigir a uma escola da rede estadual em Minas Gerais para realizar sua inscrição por meio deste mesmo formulário. As 47 Superintendências Regionais de Ensino (SREs) do Estado também poderão ser procuradas pelos jovens interessados.
No formulário, além dos dados pessoais, o interessado vai informar o nível de estudo concluído por ele, o município de residência e indicar até três escolas onde gostaria de estudar no ano que vem, dentre outras informações. De posse dos dados, a Secretaria de Estado de Educação vai analisar a demanda por vagas e direcionar o jovem para o local mais adequado para a sua reinserção na escola.
Virada Educação Minas Gerais
A Virada Educação é uma grande mobilização para trazer o jovem de volta à escola, especialmente aqueles entre 15 a 17 anos.
O chamamento se junta a outras iniciativas da Virada que acontecem no Estado desde o mês de julho. O movimento busca entender as causas da evasão escolar dos jovens e criar condições para que a escola seja mais atrativa e conectada à realidade desses sujeitos.
Para isso, a SEE realiza desde agosto rodas de conversas com adolescentes e jovens em todo o Estado a fim de saber o que eles pensam da escola e em que a escola pode melhorar. Ao todo, foram realizadas 10 rodas de conversa, e outras sete devem acontecer até o final do ano. Trata-se de uma metodologia que irá embasar as ações de políticas de educação, para esse público, que a SEE vai implementar.
Entre as estratégias que se apresentam para as políticas de educação para a população jovem está a educação integral, que deve ser implantada considerando as especificidades das regiões e locais; a potencialização da educação profissional e o investimento em projetos acadêmicos e de extensão para o Ensino Médio, além da ampliação e fortalecimento da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
CARATINGA
Na manhã de ontem, a coordenadora da diretoria educacional da SRE de Caratinga, Lucy Rosane Oliveira Vieira Raposo e a assessora de temáticas especiais, Giuliane Quintino, falaram sobre a realidade da juventude em Caratinga e do que está sendo feito para combater a evasão escolar, um dos principais alvos do movimento.
De acordo com dados do Educacenso 2014, atualmente são 158 mil jovens na faixa de 15 e 17 anos fora das escolas. Entre os que permanecem na sala de aula há uma distorção idade/série de 40%.
A Regional de Caratinga é composta por 24 municípios, na rede estadual são 40.022 matrículas em 91 escolas. Na faixa de 15 a 17 anos, 23% de jovens não frequentam a escola; na faixa de 18 a 24 anos (73%), 6 a 14 anos (3%). Já a taxa de abandono do ensino fundamental é de 2,3% e distorção idade/série de 14,88%. Para o ensino médio, a taxa de distorção foi de 20,56%.
De acordo com Lucy, o objetivo é alcançar é criar estratégias que possam atrair os estudantes para o ambiente escolar. “Os jovens querem ser protagonistas nas escolas. Eles querem liberdade para desenvolver seus projetos, têm boas ideias, mas precisa haver uma relação de reconhecimento do saber realizado. Não é só o professor que tem que ensinar, ele quer ser ouvido. Precisamos desenvolver uma escola que tem uma gestão democrática, é convivência respeitosa. Professor tem que ser respeitado, mas o aluno também dentro e fora da sala de aula. A gestão democrática não pode ser só um principio constitucional. É uma vivencia de ouvir o outro, o diálogo tem vir, tem que ser esgotado”.
Lucy ainda destaca que essas mudanças necessárias também vão exigir dedicação das próprias escolas. “Precisamos de que a sociedade, os partidos, sindicatos, igrejas, assumam essa causa conosco. Não podemos aceitar nossos jovens fora da escola. A Virada é pra nós todos, precisamos avançar; ter uma escola mais conectada com a juventude, que tenha toda a criatividade e energia para torna-la um espaço agradável. É muito importante que os jovens digam que tipos de escola gostariam de ter. Já visitei escolas de estruturas maravilhosas e não vi gente feliz e aprendendo lá. Já visitei escolas paupérrimas, na zona rural, com um belo trabalho pedagógico. Então, vamos buscar caminhos, não é fácil não tem fórmula mágica, mas um desejo de que nossa juventude esteja na escola inteira, mas não só de corpo presente e sim, envolvida”.
A partir do movimento, as vagas serão abertas também no noturno, principalmente para os alunos trabalhadores. Há prioridade de idade, mas as vagas também estão abertas para pessoas de outras idades.
Quanto mais inscrições, maior será o número de vagas, como explica Giuliane Quintino, que deixa o convite para que aqueles que desejarem voltar aos estudos façam as suas inscrições. “Convidamos você, jovem, principalmente de 15 a 17 anos que esta fora da escola que venha retomar os seus estudos, é uma oportunidade para avançar e crescer. Queremos que o jovem cresça de maneira sadia e no ambiente da educação. Vem e faça a sua inscrição. É hora de recuperar o tempo perdido”.