Salários estão atrasados desde dezembro e FGTS estaria há pelo menos seis anos sem ser depositado
INHAPIM – A situação do Hospital São Sebastião é preocupante. Enfrentando dificuldades financeiras e com seu bloco cirúrgico interditado há dois anos, a instituição não está conseguindo fazer o pagamento de seus funcionários. Diante de incertezas, eles ameaçam uma greve a partir de amanhã.
SALÁRIOS E FGTS EM ATRASO
Segundo a técnica de enfermagem do Pronto Socorro, Juraci Costa Barbosa, os funcionários estão com salários atrasados desde o ano passado, além do 13°. “Antes de ontem (quarta-feira) recebemos a notícia de que teria um pagamento, quando fomos ao banco tinha apenas 70% do salário de dezembro. Além disso, tem seis anos que eles não depositam o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo e Serviço) dos funcionários. A gente já foi na Caixa e tiramos o extrato”.
Além da questão salarial, Juraci destaca que os problemas do hospital também abrangem a sua estrutura. Faltam até mesmo materiais de trabalho. “No Pronto Socorro, como sou funcionária do setor, posso dizer que a gente trabalhou dezembro todo sem medicamento, inclusive soro, com essa onda de dengue aqui muito grave. A gente trabalha fazendo o que pode. Só que já fizemos várias reuniões, procuramos apoio e não dão solução pra gente. Os funcionários decidiram por essa greve só que a gente está sofrendo uma pressão. A opinião do prefeito é a gente não fazer a greve, que se fizer ele vai dar o jeito de colocar os funcionários dele no hospital. Mas, a gente já sabe através do sindicato que isso é ilegal e mesmo entrando de greve tem que ter 30% dos funcionários trabalhando”.
Com o movimento grevista, os funcionários pretendem atender somente a casos de emergência. Juraci ainda destaca que a justificativa do hospital para a falta de pagamento é a falta de repasses. “O bloco cirúrgico já vai fazer dois anos que está interditado, fizeram várias reuniões e não resolvem nada. Eles alegam pra gente que não entra dinheiro e o repasse do SUS (Sistema Único de Saúde) é descontado no empréstimo que eles fazem no banco”.
A funcionária espera que o problema seja solucionado e cita uma possível parceria que estaria em análise. “Como funcionária a gente vê que não tem mais solução, mas como povo, mãe e inhapinhense, acho que o hospital tem que continuar aberto. Desde a interdição convocamos reuniões com os vereadores, prefeitos da região, os médicos, deputados e todos propuseram ajudar. Mas, a documentação do hospital está toda irregular e com a atual administração muitos políticos não querem ajudar. Querem a modificação no estatuto para mudar a forma de administrar o hospital, inclusive nessas reuniões tenho ata, tudo documentado onde médicos estavam dispostos a pegar essa administração, mas eles não entregam. Hoje (ontem) foi falado na reunião que vão entregar o hospital para o Unec (Centro Universitário de Caratinga). Acho que não é a única solução, temos mais opções, outras entidades, como a São Camilo, que se prontificou a assumir o hospital”.
PROVEDOR EXPLICA A SITUAÇÃO DO HOSPITAL
A reportagem também conversou com o provedor do Hospital São Sebastião, Carlos Antônio Januário. Ele explica a situação enfrentada pela instituição. “O SUS não pagou o mês de janeiro e o mês de fevereiro ainda não caiu. Esse repasse está atrasado não somente para o Hospital de Inhapim, mas para o Brasil inteiro. O hospital precisa faturar e trabalhar, quanto menos a gente trabalha, mais problemas a gente acumula. O hospital de Inhapim sobrevive com o trabalho dele mesmo, não existe doação, órgão federal que manda dinheiro, é com as internações, cirurgias, porém o bloco está fechado e a expectativa nossa é de que a partir do mês que vem será reaberto. Hoje atendimento é só clínica médica, o pronto atendimento e somente isso não ajuda o hospital, mas é o paliativo”.
Questionado em que os serviços seriam comprometidos caso os funcionários realizem a greve, Carlos destaca que o atendimento não será prejudicado. “Se eles entrarem em greve o hospital não para. O problema da greve é se for médico, mas funcionário você substitui, pega um de férias. Temos parcerias inclusive até bem sucedidas para o hospital, não podemos falar antes que saia, mas está prestes a sair uma parceria com o hospital daqui e um órgão daqui de pertinho que vai ajudar muito”.