CARATINGA – A seca que já perdura há alguns meses em Caratinga e região, além das perdas materiais, está produzindo uma sensação de angústia nos produtores rurais. Enquanto a chuva não chega, o jeito é improvisar, contabilizar prejuízos e organizar estratégias para enfrentar o duro período.
A Reportagem esteve na manhã de ontem no entreposto de Caratinga da Ceasa. Todas as quintas a unidade recebe, em média, de duas a três mil pessoas. Os produtos de hortifrúti chegam e saem a todo o momento. A Ceasa em Caratinga é responsável por abastecer diversos municípios. Mas, a situação não está das melhores para os produtores. Quem depende do clima para uma boa produção, está enfrentando dificuldades.
É o caso de Nelson Cezar dos Santos, produtor de Ubaporanga. Nelson trabalha com a plantação de tomate, pimentão, pepino e maracujá. Ele afirma que a alternativa tem sido diminuir a irrigação. “Se tiver de jogar duas ou três irrigações, agora é água um dia sim e outro não. Geralmente, nossa produção é 100 caixas de tomate, 50 a 100 caixas de pimentão, pepino também uma média de 50 caixas mais ou menos. Estamos reduzindo só a água, a planta tenta manter. Lá na região vários produtores têm sentido o mesmo efeito. Esse ano parece que veio um pouco mais, não me lembro de época como essa. Graças a Deus, diminui a irrigação, mas dá pra vencer”.
Jurandir da Rocha Mendes é de São João do Oriente. O produtor já amarga prejuízos e também destaca que o jeito é reduzir a irrigação. “Muita falta d’água. Estou aguando mais pelas metades só mesmo para poder dar vida às plantas, porque não está tendo água mais. Se você aguava duas horas, agora tem que aguar na faixa mais ou menos de uma hora, pra não diminuir muito. Se aguar muito num lugar, no outro fica sem. E a planta também sente aguando pouco. O quiabo endurece muito, a abobrinha mancha, o jiló amadura”.
Segundo Jurandir, a produção de quiabo, jiló, berinjela, abobrinha e pimentão diminuíram consideravelmente. “A produção diminuiu demais da conta. Na época boa dá numa faixa mais ou menos de 100 caixas de quiabo, 100 de jiló, umas 30 de abobrinha. Quebrou bem, caiu pela metade. Tem bem tempo que não vejo uma época dessas de seca, deve ter uns 15 anos mais ou menos. Estamos na esperança de chuva”.
Por outro lado, José Roberto de Freitas, de Inhapim, afirma que ainda não sentiu os efeitos da estiagem. Ele trabalha com a produção de tomate, pimentão e abobrinha e apesar de ainda não sentir os prejuízos, se solidariza com os colegas produtores. “A seca, ainda não podemos preocupar, mas muita gente já está reclamando. Por enquanto, ainda dá pra levar, não dá pra perceber os prejuízos. Já esteve pior. Por enquanto está bom, não posso reclamar”.