Centenário da Diocese
A diocese de Caratinga criada em 1815, completa neste ano o centenário. A data abre páginas de ouro da Memória, relembrando fatos importantes no resgate de raízes e costumes – pilares sustentadores da história. O hoje, também com ardor, segue o exemplo de quantos edificaram, com trabalho, realizações e preces, a trajetória de luz e bem.
Banhada nas inspirações do Espírito Santo, a igreja de Caratinga guarda tesouros de fé e personagens edificantes.
José Carlos Cerqueira e Graziela, da Rádio Cidade, apresentarão vários programas sobre os acontecimentos religiosos, fatos importantes e personalidades do século. No capítulo referente a festas e comemorações, vê-se a alegria sempre tomando conta de nossa gente, arrastando feitos grandiosos. Na verdade, a alegria das festas toca a sensibilidade e por isso fica na recordação. Nada melhor que trazer à tona instantes de contentamento que suscitaram a união do povo visando aos focos mais importantes que são o fomento da fé, a escuta da palavra e a comunhão eucarística.
As festas mais antigas de que temos notícia foram feitas pelo saudoso Monsenhor Rocha. Com seu dinamismo, entusiasmo e luta pelas causas da Igreja, é o dono da História! Fazia festas para chamar os fiéis à oração e para angariar fundo para suas realizações. E conseguiu. O povo esteve orante e seguidor dos mandamentos, e os feitos concretos espalharam-se por todo canto da diocese e ainda hoje estão aí contribuindo com a comunidade. Construiu a catedral, outras igrejas, trouxe as irmãs carmelitas do Colégio do Carmo, as irmãs gracianas, fundou o Apostolado da Oração, a Confraria do Rosário, o asilo que leva seu nome e mais uma infinidade de obras que guardam seu empenho e arrojo.
Inesquecíveis os maios de Monsenhor Rocha. A começar pela lista de festeiros, que ele sabia fazer como ninguém. Cuidadosamente, punha comadre com comadre, ‘cumpadre’ com ‘cumpadre’, amigo com amigo, juntando famílias que sentiam prazer e incentivo de trabalharem juntas. As rezas eram festivas com coroações das crianças, homilias fecundas pelos argumentos e pelo dom oratório. E, depois, do lado de fora, a festa era contagiante. Um público imenso participando das barraquinhas, dos leilões e do bingo. Ele mesmo, com bom humor constante, cantava as pedras e arrematava: Come quinca, Madalena! E todo mundo ria, e jogava mais!
Promovia concentração de Associações, encontros religiosos. Tudo abrilhantado pela banda de música Santa Cecília e com o apoio incondicional e importante de Dona Isabel Vieira.
Um registro indelével: o grande amor de Monsenhor Rocha por Nossa Senhora. Rezava o rosário todos os dias, recomendava-o como arma e proteção nas lutas da vida. E mais: o cântico que gostava de entoar dizia: “Quem poderá definir o encanto, que há no espelho de teu olhar”. Sua voz trêmula de emoção comovia o povo católico a compartilhar aquele instante de paraíso.
Outras festas marcaram época, também. As festas promovidas pelo Santuário de Adoração Perpétua, os tapetes artísticos com motivos religiosos, as bênçãos que, até hoje, são raios das graças divinas.
Num tempo mais recente, a diocese contou com as comemorações de nosso querido Monsenhor Raul que, pároco da catedral e apreciador da arte, promoveu instante de grande participação popular. Coroações a Nossa Senhora, Semana Santa com encenação no pátio da igreja, congado. A ele coube receber os restos mortais de Santa Teresinha por ocasião da visita ao Brasil. O tablado, armado na porta da catedral e todo enfeitado com mil rosas ofertadas pelo então prefeito José de Assis, foi palco do momento mais solene de acolhida e louvação, sem contar as missas em ação de graças. Também, os 100 anos da morte da querida santinha, foi comemorado com especial carinho. Monsenhor Raul com seu carisma cativou todo mundo e recebeu muitas homenagens por ocasião de aniversário e de sacerdócio. Seus 80 anos foram festejados com júbilo.
Hoje, as festas continuam. Sempre mirando no exemplo do passado que marca um tempo glorioso de devoção a Nossa Senhora e edificação do Reino do Pai.
Marilene Godinho