1996: O bi do Tricolor dos Pampas
Aquele abraço amigo do esporte, amigo da bola; depois de relembrar o título do Botafogo em 1995, damos sequência as histórias do Brasileirão. Chegamos ao ano de 1996. Infelizmente o campeonato ficou marcado por uma das piores e mais vergonhosas viradas de mesa da história. Dentro de campo, foi vencido pelo Grêmio, que conquistou assim o seu segundo título brasileiro.
Os dois últimos colocados no campeonato, Fluminense e Bragantino, foram rebaixados para a Série B de 1997, sendo substituídos pelo campeão e vice da Série B deste ano, respectivamente União São João e América/RN. No entanto, apenas três anos após a histórica “virada de mesa” de 1993, a CBF voltou a intervir e acabou salvando outro grande clube brasileiro, no caso o Fluminense. Na época, o motivo alegado foi o Caso Ivens Mendes, que levantou a possibilidade de os resultados de alguns jogos da Copa do Brasil daquele ano terem sido manipulados. Gravações telefônicas provaram que Alberto Dualib e Mario Celso Petraglia, presidentes de Corinthians e Atlético/PR respectivamente, trataram de valores e resultados de partidas com Ivens. Não houve rebaixamento em 1996 e o Campeonato Brasileiro de 1997 seria disputado por 26 clubes. 12 anos mais tarde, esta “virada de mesa” foi contestada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mas o único condenado definitivamente foi o Atlético-PR (com a perda de 5 pontos no Brasileirão de 97), um dos dois clubes acusados de corrupção, já que o Corinthians não teve nenhum tipo de punição no campo desportivo
O CAMPEÃO
Depois de ter conquistado a Copa do Brasil comandando o Criciúma, Luiz Felipe Scolari recebeu o desafio de comandar o Tricolor Gaúcho. Após faturar o bicampeonato gaúcho e a Libertadores pela segunda vez o Grêmio chegava ao Brasileirão correndo por fora. Afinal, Cruzeiro e Palmeiras que duelaram pela Copa do Brasil eram os grande favoritos. Porém, mesmo sem contar com craques incontestáveis como nos anos 80, o time comandado por Felipão tinha: Mauro Galvão, Rivarola, Arce, Dinho, Emerson e Paulo Nunes. Adepto do futebol de marcação forte e métodos motivacionais, o time era muito bom. Depois de assumir a liderança na 19º rodada o Tricolor mostrava sua força. Entretanto, uma sequencia quatro de derrotas deixou os gremistas apreensivos. Mais uma vez agindo como um psicólogo Felipão contornou a situação e o time voltou aos trilhos.
O mata–mata chegou e o Grêmio pegou logo o Palmeiras um dos favoritos. Com uma vitória em casa por 3 a 1 o time encaminhou a vaga. Um jogo pegado, com jogadas ríspidas e três expulsões. No jogo da volta no Morumbi o Palmeiras venceu por 1 a 0. Resultado que deu a vaga ao time gaúcho.
A semifinal pintou outro verde pelo caminho. O surpreendente Goiás que havia vencido o Tricolor na primeira fase. Dessa vez com bela atuação de Arce e Cia. O Grêmio venceu por 3 a 1 em Goiânia e empatou o jogo da volta no estádio Olímpico em 2 a 2.
Chegou a hora da decisão. Do outro lado a zebra portuguesa. A Lusa havia feito uma campanha surpreendente eliminando Atlético e Cruzeiro na mesma competição. A Lusa nunca foi tão forte e cheia de moral. No primeiro jogo no Morumbi, Gallo e Rodrigo Fabri colocaram a Portuguesa em vantagem 2 a 0. Com essa vantagem a Lusa chegou a decisão em Porto Alegre pronta para segurar o Grêmio e comemorar um título inimaginável antes do campeonato. Porém a vantagem começou a cair logo aos 5 minutos com Paulo Nunes marcando um golaço sem defesa para Clemer. Por ter feito melhor campanha o time gaúcho jogava para igualar o placar e levantar o caneco. Portanto, mais um gol e o título era tricolor. Entretanto a Portuguesa foi valente e segurou até os 40 minutos do segundo tempo e ainda desperdiçou ótima chance com Rodrigo Fabri. O castigo para a Lusa chegou depois que a defesa cortou mal uma bola que sobrou para Aílton de sem pulo marcar o gol do título. Final Grêmio 2 a 0 campeão Brasileiro de 1996.
Semana que vem tem mais história do campeonato mais importante do país.
Campeões: Arce, Danrlei, Rivarola, Mauro Galvão, Murilo, João Antônio, Rodrigo, Roger, Luciano, André Silva, Aílton, Paulo Nunes, Goiano, Emerson, Carlos Miguel, Zé Alcino e Afonso. Técnico Luiz Felipe Scolari
Rogério Silva