Viva o Rei!
Aquele abraço amigo do esporte, amigo da bola, a coluna deste domingo dá uma pausa na história do Brasileirão. O motivo é uma simples homenagem ao Rei do Futebol que completou 75 anos nesta última sexta-feira (23).
Sem dúvida uma das personalidades mais famosas de todos os tempos, Pelé é quase uma unanimidade quando o assunto é futebol. Mineiro de Três Corações, criado em Bauru interior paulista e Santos onde começou sua trajetória, Pelé se tornou um cidadão do mundo. Tão hipnotizante sua presença que chegou a parar uma guerra na África para vê-lo jogar. Porém, é preciso separar o Edson do Pelé. O cidadão Edson Arantes do Nascimento é mortal e comete erros como qualquer um de nós. Entretanto, o gênio Pelé é perfeito. Recebeu o título de Atleta do Século de todos os esportes em 15 de maio de 1981, eleito pelo jornal francês L’Equipe. No fim de 1999, o Comitê Olímpico Internacional, após uma votação internacional entre todos os Comitês Olímpicos Nacionais associados, também elegeu Pelé o “Atleta do Século”. A FIFA também o elegeu, em 2000, numa votação feita por renomados ex-atletas e ex-treinadores. Acho que nem precisava, já havia sido “aclamado” como tal por quem o viu jogar, jogou junto, e adversários. Atualmente é impossível imaginar um jogador atuando na América do Sul ser eleito o melhor do mundo. Porém, jogando no Santos ao longo de toda a carreira ele conseguiu muito mais.
Muitos já surgiram como sendo promessas de “novo Pelé”. Na minha humilde opinião, muitos ainda surgirão. Alguns até se aproximaram tecnicamente. Outros como Lionel Messi e Neymar podem até alcançar alguns dos números do Rei. Porém, ultrapassá-los em todos, acho praticamente impossível. Durante seus 21 anos de carreira, Pelé marcou 1281 gols em 1363 partidas. Isso dá uma média de 0.93 gols por jogo. Significa dizer com ele em campo era certeza de gols. Só pra constar, artilheiro por 12 vezes do campeonato paulista. Nove vezes consecutivas. Jogando pela seleção foram 77 em jogos oficiais e 95 contando todas as vezes que vestiu a camisa 10. O atual craque da seleção Neymar se mantiver a média pode ultrapassar o Rei em mais ou menos quatro anos. Mas, como disse, faltará ainda ter sido campeão mundial aos 17 anos, fazer mais de 1000 gols, e conquistar três copas do mundo. Pelé deu a camisa 10 status de genialidade. Além disso, o termo gol de placa foi criado para ele. O jogo em que Pelé marcou o primeiro gol de placa da história ocorreu em um dia 5 de março na partida Fluminense 1 x 3 Santos, válido pelo Torneio Rio-São Paulo de 1961. O gol ocorreu aos 40 minutos do primeiro tempo e foi o segundo de Pelé no jogo.
Após driblar vários adversários vindo do meio-campo com a bola dominada, Pelé venceu o então goleiro Castilho fazendo com que o Maracanã e o jornalista Joelmir Beting explodissem em euforia. O jornalista, empolgado com o fantástico gol que havia visto, disse que tal gol merecia uma placa tamanha sua beleza. Assim, uma placa de bronze foi feita e colocada na entrada do Maracanã onde permanece até hoje. Desde então, todos os gols marcados com rara beleza são intitulados “gols de placa”.
Pelé era um atleta muita a frente de seu tempo. Tecnicamente perfeito. Aliava habilidade, força, e uma inteligência fora do comum. Não tive o prazer de vê-lo jogar. Porém, desde que tive o prazer de conhecer e conversar com algumas pessoas que viram e jogaram com ele, como Jair Bala, por exemplo, mergulhei na história do Rei. Algumas pessoas por não conseguirem separar o Edson do Pelé, cometem algumas injustiças colocando em dúvida seus feitos. Entre as mais absurdas estão: “Ele deve tudo a Garrincha” Respondo, sem dúvida, Mané Garrincha foi um dos mais geniais jogadores que já surgiram na história do futebol mundial. Encantou o mundo e foi o principal responsável pela conquista da Copa de 62 no Chile quando Pelé foi cassado em campo e se lesionou. Jogando juntos pela seleção, foram 40 jogos, 35 vitórias e cinco empates. Entretanto, não atuaram juntos em clubes. Levando em conta que Pelé jogou mais de 1300 jogos, não se justifica dizer que Garrincha quem fez a fama do Rei. Justo dizer que Mané contribuiu muito. Dizer que ele deu sorte, é verdade. Afinal, fez parte de uma geração maravilhosa além dos craques da seleção, no Santos tinha ao lado Mengálvio, Coutinho, Zito, Abel, Pepe e tantos outros. Quando alguém me pergunta se Pelé jogasse hoje faria 1281 gols, respondo: Faria 2000. Afinal, mesmo sendo um exercício de imaginação, é justo colocá-lo nas mesmas condições dos jogadores atuais. Chuteiras exclusivas, bolas que não acumulam água, gramados perfeitos, condicionamento físico trabalhado com toda a tecnologia atual, somando a isso uma proteção maior aos atacantes já que na sua época não existia cartões e os zagueiros eram mais violentos, não tenho dúvida ele faria muito mais gols. Algumas pessoas que sabem muito mais de futebol que eu, disseram algumas coisas sobre ele para ilustrar um pouco de sua genialidade:
“Ele é o único que ultrapassa os limites da lógica.” – Johann Cruyff.
“Até abola do jogo pedia autógrafo a Pelé.” Armando Nogueira
“Eu pensei: ‘Ele é feito de carne e osso como eu.’ Eu me
enganei”. – Tarciso Burnigch, zagueiro italiano que marcou Pelé na final da Copa de 70.
“O maior jogador de futebol do mundo foi Di Stefano. Eu me recuso a classificar Pelé como jogador. Ele está acima de tudo.” – Ferenc Puskas, craque da Hungria e do Real Madrid na década de 50 –
Vida longa ao Rei! Semana que vem voltarei a contar histórias do Brasileirão.
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