1971: Galo na cabeça
Aquele abraço amigo do esporte, amigo da bola, depois de recordar o começo do Campeonato Brasileiro desde 1959, quando a CBF reconhece todos os campeões como sendo nacionais, chegamos ao ano de 1971. Até o ano de 2010, era esse considerado pela Confederação Brasileira de Futebol como sendo o começo de tudo. Mais uma vez a fórmula da competição foi alterada e causou polêmica. Originalmente nomeado de Campeonato Nacional de Clubes pela CBD, este campeonato ficou marcado como a primeira edição do Campeonato Brasileiro propriamente dito, em formato misto, com grupos e/ou mata-matas, uma vez que os campeões brasileiros anteriores a 1971 saíam da Taça Brasil e da Taça de Prata. O campeonato contou com 20 clubes de oito Estados. O regulamento inicial previa uma fase classificatória mais curta, com jogos apenas dentro de cada grupo, e com duas vagas reservadas para os clubes com a melhor média de renda. As muitas denúncias de compra de ingressos pelos clubes, e uma revolta dos jogadores do Flamengo, que deveriam perder o jogo contra o Santos para poderem se classificar, fez com que a CBD recuasse e modificasse o regulamento, estendendo a fase inicial e eliminando a classificação por renda.
Sem grandes conquistas desde 1963, o Atlético tinha uma equipe forte. Porém, precisava de um comandante a altura do time. Assim, Telê Santana desembarcou em Minas depois de fazer sucesso no Rio de Janeiro quando foi campeão carioca pelo Fluminense em 1969 e foi o grande responsável pelo Tricolor campeão brasileiro de 70. Logo no primeiro desafio Telê levou o Galo ao titulo estadual. Com 20 vitórias, uma derrota e um empate. Além de ter o artilheiro Dario com 16 gols, o alvinegro impediu o hexacampeonato do rival e começou a trilhar o caminho que o levaria a conquista do nacional.
O campeonato Brasileiro de 1971 foi decidido em um triangular, envolvendo Atlético Mineiro, São Paulo (de Gérson, Toninho Guerreiro e Cia) e o Botafogo, que tinha em Jairzinho, o Furacão da Copa de 70, ainda soprando forte e com o poder de devastar defesas inteiras – esta era a grande esperança do Botafogo que vinha de derrota para o Tricolor paulista por 4 a 1. Ao Galo bastava o empate depois da sofrida vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo. Encarar o Botafogo do zagueiro Djalma Dias, do volante Carlos Roberto e dos atacantes Zequinha e Jairzinho, porém, não era tarefa fácil nem mesmo para a “primeira grande obra do Mestre Telê Santana”. Entretanto, na partida decisiva contra o Botafogo no Maracanã lotado, o Galo encarou um adversário muito ofensivo que buscou o gol á todo momento. Porém, taticamente muito bem montado, o Atlético chegou ao gol do título num contra ataque. Em uma grande jogada individual do meia Humberto Ramos, ele dribla e passa por Mura, Carlos Roberto e Marco Aurélio, chega dentro da área e cruza para Dario cabecear no canto esquerdo de Wendell. Na comemoração, Humberto Ramos, ajoelhou-se agradecido pela jogada e Dario fez a festa. Dadá Maravilha que havia feito parte do grupo da seleção tricampeã em 70 no México, entrou para história do Atlético e do futebol brasileiro como um dos grandes ídolos da história atleticana. Folclórico, Dadá dizia que apenas três coisas paravam no ar: Helicóptero, beija-flor e Dadá. A partir daí o Botafogo esmoreceu, a equipe ficou abalada, sentindo que não daria para tirar a diferença. Tranquilo na partida, o Atlético pressionou até o final e poderia ter ampliado o placar, aniquilando o Botafogo. Depois do apito final do Armando Marques, a torcida alvinegra fez a festa e apresentou o Galo para o Brasil. O time campeão formou com: Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola (Spencer), Dario e Tião. Técnico: Telê Santana.
Agora em 2015, o Atlético comandado por Levir Culpi tenta repetir esse feito e conquistar seu segundo título brasileiro.
Rogério Silva
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