Clayton do Pulú: Pode carimbar que foi craque
Dizer que Caratinga sempre foi um enorme celeiro de craques já se tornou redundância. Gerações e gerações de foram formadas nos campinhos e consequentemente nas escolinhas de nossos clubes. Porém, também não é novidade que com o passar dos anos, temos visto cada vez menos qualidade técnica em campo, principalmente quando o assunto é o meio campo.
Faz alguns anos que tenho me dedicado a finalizar o livro sobre o Esporte Clube Caratinga. Infelizmente por diversos motivos, o principal e mais grave deles a pandemia da COVID, ainda não foi possível seu lançamento. Porém, posso adiantar que está ficando ainda mais completo que imaginei. Posto isto, um clube com mais de cem anos de história, milhares de jogadores tiveram o prazer de vestir sua gloriosa camisa. Entretanto, nem todos podem se orgulhar de marcarem uma época. Clayton do Pulú pode. Quem viu jogar sabe que foi daqueles volantes que aliava uma boa marcação, com muita qualidade no passe e inteligência tática. Não por acaso se tornou técnico. Contemporâneo de uma geração de talentos como Pepi, Paulista, Léo Carioca, Pelé, Damiano, Tetano, Netinho e tantos outras feras, Clayton ganhou destaque por ser visto como “volante moderno”. Um dos principais jogadores do último título Rubro Negro em 2005. Costumo dizer que se jogasse no futebol atual, poderia pegar a camisa 10 de qualquer time do Regional e entregar pra ele sem pensar duas vezes. Ele nos contou um pouquinho da sua história que também estará no livro do Dragão.
Ele assim resume sua trajetória de vida:
“Natural de Caratinga, filho de Noraney Lopes da Silva e Josué Silva de Oliveira (Pulú). Nascido em 10 de Janeiro de 1978. Cresci na rua do sal (bairro Aparecida) e desde cedo já envolvido no futebol, quando criança acompanhava o meu pai no campo do América, ia em todos os jogos e ficava misturado com a turma, carregando bola, servindo de gandula também . Sou sócio do Clube Caratinga desde que me entendo por gente.
O primeiro contato com torneiros foi pelo Fluminense do Sal aos 9 anos de idade, aonde o treinador era o saudoso Nêgo Jairo. No ano seguinte meu pai me colocou nas escolinhas do Caratinga, então aos 10 anos de idade começou a minha história no Dragão da Colina.
Na época tinha turmas de A e F, eram muitos meninos. A turma F começava as 7h e a turma principal às 10h, chegávamos às 6h de tanta ansiedade e ficava até 12h no campo. Eu sempre joguei nas categorias de cima, desde de sempre, e já nesta época atuava com os meninos 77 eu sendo 78. Na época o sub-11 era o mirim.
E assim em 1991, cheguei no Dragão e já neste ano fomos campeões de dois torneios internos e um torneio regional, mas na época não falava regional, não me lembro como se chamava.
Subimos para o Infantil eu ainda no último ano de mirim, eu jogava de meia na iniciação, fui voltar para volante no infantil e quem me colocou na posição foi o Sr. Luiz.
Fomos campeões infantis na época, aí já me lembro que o torneiro era realizado pela Liga de Desportos.
Do infantil pra cima, me consolidei com volante e fui capitão do infantil até sub-20. Fui treinado também pelo Luizinho Formigão que lapidou o início da geração 78/79
De 1993 até 95 foi um sonho pra mim. Ano que eu via o profissional do Dragão de perto, ia nos treinos e em dia de jogos, muitas vezes pulava o muro ou ficava em cima dele pra ver o time jogar. Ali vi o volante Carlos Alberto (capitão de cabelo grande). Esse cara influenciou demais meu jeito de jogar, pois quando eu via meu pai jogar (Pulú) eu aprendi a não dar carrinho, e vendo Carlos Alberto aprendi a me posicionar. Binha, Borges, Balu, Biro-Biro, Deinha, Julinho Preto, Messias, todos esses caras eram sensacionais, e meu maior ídolo, Toninho Itinga. Ele fazia a arquibancada gritar e pular e eu queria fazer igual à ele.
Assim com meus 14 e 15 anos eu realmente me destaquei, e com 16 fazia parte do grupo de profissionais no último ano que o mesmo existiu (1996).
Fui relacionado para todos os jogos daquele ano no módulo B, e juntamente com Netinho Esplanada, Glik e Damiany sonhávamos aquele sonho lindo.
E quando eu descia pra jogar no juvenil sobrava e ali comecei também a fazer gols, um volante que tratava bem a bola, não era exímio marcador, mas compensava com técnica e gols”
Na minha humilde opinião, quando alguém me pergunta se o Clayton jogava bem, respondo, pode carimbar que foi craque.
Rogério Silva
@rogeriosilva89fm