Agnaldo: Botafoguense apaixonado
O final de semana foi de enorme tristeza para o Brasil e especialmente para nos caratinguenses. A voz potente de Agnaldo Timóteo se calou perdendo a luta pela COVID. Agnaldo nos deixou aos 84 anos. Além da brilhante carreira artística que se iniciou em 1960 logo que chegou ao Rio de Janeiro, e também da carreira política vitoriosa com vários mandatos, Agnaldo também sempre teve forte ligação com o futebol. Em Caratinga, se declarava torcedor do União Rodoviário por motivos óbvios. Além de ser o time de seu bairro, Santa Zita, é o time que nasceu da vontade dos trabalhadores que chegaram para construção da Rodovia Rio Bahia, o antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem), onde seu pai foi torneiro mecânico, e onde lhe ensinou o ofício enquanto esteve em Caratinga. Aliás, Agnaldo não perdia a oportunidade de dizer que era “o melhor torneiro” da cidade. Porém, sua maior paixão era o time da estrela solitária. Ao chegar ao Rio de Janeiro, além de correr atrás do sonho da música, o cantor se aproximou teve também a chance de se aproximar de ídolos alvinegros.
Era tão fanático pelo Botafogo que chegou a invadir o campo após um pênalti desperdiçado pelo time em 1984. Era um jogo da chamada Copa Brasil (hoje reconhecida como Campeonato Brasileiro), no 1º de abril daquele ano. Em São Januário, o Botafogo precisava vencer o já eliminado Operário-MT para se classificar à terceira fase, mas perdeu por 1 a 0 e também acabou eliminado. Mosca abriu o placar já no segundo tempo, de pênalti, e também de pênalti Cláudio Adão poderia ter empatado. Poderia? Adão cobrou no meio do gol, e o goleiro Mão de Onça fez jus ao apelido e defendeu. Na sequência o Botafogo teve um escanteio, e aí Agnaldo Timóteo entrou em ação. Vendo o jogo no estádio, ele não se conteve: invadiu o campo da linha lateral e correu até a área para cobrar o atacante pelo pênalti perdido.
Outros “causos” com o Botafogo acompanharam a vida de Timóteo, como a vez em que parou na frente da extinta TV Tupi, na Urca, para brigar com comentaristas que criticavam o Alvinegro. Na porta, esbarrou com seguranças que lhe pediram autógrafos e acabou se acalmando. O cantor estava nervoso com as críticas aos jogadores do clube que serviam à seleção comandada pelo também alvinegro João Saldanha. Além de pagar “bicho” e outras contas para as divisões de base, também custeou o velório e o enterro de Mané Garrincha, maior jogador da história do Botafogo e um dos gigantes da seleção brasileira. Em Magé, onde nasceu o craque, a lápide que leva a mensagem “Aqui descansa em paz aquele que foi a alegria do povo” foi pensada e paga pelo cantor.
Bom Jesus perdeu um Campeão
A COVID também deixou o futebol de Bom Jesus do Galho de luto. Faleceu também no final de semana, o professor Sérgio Andrey de Paula, técnico campeão comandando a Associação Sportiva de Bom Jesus em 2010. O Lobo não conquistava o certame desde 1977 quando bateu o Esplanada em dois jogos épicos. E foi justamente em 1977 que menino ‘Serginho da Dona Guimar’, como era carinhosamente chamado pelos amigos, começou a sonhar em vestir a camisa da ASBJ. A ligação com clube vinha da família, afinal seu irmão Geraldo e seu tio Carlos faziam parte do elenco. Fora das quatro linhas, o tio João Gonzaga era diretor do clube.
E o sonho do menino se tornou realidade em meados dos anos 80, quando enfim vestiu a camisa da Associação em amistosos e jogos da Liga Caratinguense de Desportos (LCD). Incialmente foi ponta-esquerda, depois passou a jogar na lateral-esquerda. Ficou conhecido pelo técnica, era canhoto e habilidoso; e também pela força em virtude de sua forma física. Outra paixão futebolística de Serginho era o Cruzeiro. Não importava a fase do clube celeste, pois ele sempre era visto com a camisa do Cruzeiro nos finais de semana.
Com o passar do tempo Serginho saiu do campo e foi para o banco, mas como treinador. Sob o comando de Serginho o tricolor novamente se sagrou campeão depois de 34 anos de espera. Sérgio Andrey entrou para a história da ASBJ e também do futebol amador da região. Faz parte do panteão dos campeões regionais da Liga Caratinguense de Desportos. Para os amigos, sempre se destacou pela lealdade, liderança e companheirismo. Deus conforte familiares e amigos.
Rogério Silva
@rogeriosilva89fm