O Maestro do meio-campo
Nesta última semana fiz uma viagem ao meu passado. Voltei à casa da família onde passei boa parte de minha infância e onde certamente aprendi a gostar de futebol. Retornei ao bairro Santa Zita na casa do saudoso técnico Canuta. Infelizmente, não é possível mais encontrá-lo sentado no seu sofá no canto da sala sempre com ótimas histórias e piadas pra contar. Porém, pude encontrar dona Lurdes, a quem carinhosamente aprendi a chamar de “tia Edi” e considero minha segunda mãe que ao lado da “Vó Lita” ficava responsável por mim durante o dia. Esposa do Canuta, dona Lurdes e mãe do personagem de hoje da coluna. Fui criado neste lar para que minha mãe pudesse trabalhar no restaurantes da cidade como o extinto Saramandaia. Estamos falando do final dos anos 70 início dos 80. Exatamente décadas de ouro do nosso futebol. A casa do Zé Canuta era um reduto e ponto de encontro dos principais craques e personagens do futebol daquela época. Não por acaso, dois dos maiores moravam ali. Élvio e César certamente estão entre os maiores craques da história do nosso futebol. Pra muita gente, inclusive eu, César foi o melhor jogador que viram jogar. Mas, seu primo Élvio não fica atrás.
Élvio: Craque acima da média
Élvio de Souza Sales nasceu em 09 de outubro de 1957 em Caratinga. Começou no juvenil do Esporte Clube Caratinga em 1974. Ainda juvenil, já teve suas primeiras oportunidades no time principal entrando no meio-campo e dando passes pra gol que mudaram a história do jogo. Porém, no ano seguinte, se transferiu para o América onde permaneceu até 1980. Seu primeiro jogo ainda juvenil pelo América foi contra o Faixa Azul em Inhapim. Jogo vencido pelo alvirrubro por 2 a 1 com a seguinte formação: Wagner, Zé Barreto, Tadeu, Anísio, Edervane, Élvio, Toninho, e César, Edwir, Painha, e Oreia. Jogaram ainda, Maurício, Heleno, Geraldinho e Anjinho. Em 1976, todos os juvenis foram promovidos ao time titular adulto. Pelo América atuou até 1980, seu momento mais triste com a camisa vermelha foi uma goleada sofrida para o América de TO por 6 a 2. Porém, participou da goleada aplicada pelo América sobre o Flamengo da Rua da Cadeia por 11 a 1. Perguntado sobre um fato triste com a camisa americana, Élvio respondeu: “A derrota para o Caratinga no Campeonato da LCD 1978 foi muito triste. Erámos muito melhores, porém, o árbitro da Federação Mineira Ângelo Antônio Ferrari veio a Caratinga para “fazer o serviço”. No final do jogo, recebi uma bola na entrada da área, passei por dois marcadores, entrei na área quando o zagueiro Ary fez pênalti claro em mim, o árbitro chegou perto e me mandou levantar e ir jogar bola. Depois da partida, não só o árbitro como alguns jogadores do Caratinga admitiram que foi pênalti claro”.
“Em 1981 meu primo irmão César era o craque do Caratinga, porém, ele teve que se submeter a uma cirurgia no joelho, o técnico Zezé Papatela pediu que a diretoria fosse me buscar no América para seu lugar no meio-campo. Graças a Deus conseguimos o título exatamente em cima do América aplicando uma goleada por 4 a 1. Fui eleito o melhor da final”.
Durante a resenha com Élvio, este colunista teve a oportunidade de fazer uma viagem de volta à infância. Me lembrei de todos esses fatos. Afinal, quando criança, fui passei parte da minha infância neste casa onde se respirava futebol desde o amanhecer. Como não lembra das broncas do Canuta em Élvio e César depois das partidas mesmo que ganhassem. Na minha humilde opinião, a melhor formação de meio campo que vi jogar tinha: Élvio, César e Marcinho. Na opinião de Élvio, César foi o melhor jogador da história do futebol regional em todos os tempos. “Era para o César ter jogado em seleção Brasileira”. Saudade de um tempo que infelizmente não volta mais.
Rogério Silva
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