Senta que lá vem história
Como havia prometido, a cada 15 dias estarei abrindo o baú de recordações do nosso futebol aqui nas páginas do DIÁRIO. Pelo fato de estar finalizando o livro que contará parte da história centenária do Esporte Clube Caratinga, por motivos óbvios o Dragão da Colina será por diversas vezes tema do nosso baú. Afinal, sigo com pesquisas, entrevistas, resenhas e muito bate papo para finalizar esse prazeroso trabalho. Quanto mais mergulho na história do clube e converso com personagens que dela fizeram parte, tenho a certeza que a demora e todo o trabalho que dá escrever um livro valerá a pena. Hoje quero relembrar um pouco de algumas conquistas importantes do Rubro Negro, algumas taças e um timaço inesquecível. Aliás, para muitos, o melhor Caratinga de todos os tempos. Opinião por exemplo do jornalista José Carlos Cerqueira, que irá contribuir com esse trabalho, escrevendo a importante “orelha” do livro, ‘Esporte Clube Caratinga, Honra é Glória do nosso futebol’.
Na foto de hoje, temos o timaço de 1973: Fifi, Cacau, Altair, Walison, Milton Balaio, Danilo, Chulé, Jésus, Vermelho e Juarez. Essa formação atuou juntos por vários anos com uma mudança ou outra. Ary da Artipel por exemplo ganhou posição no time nos anos seguintes e fez sua estreia com apenas 14 anos sem do titular absoluto por longos 11 anos. Em 1971 conquistaram o título da Liga Caratinguense de Desportos. Em 1974 conquistaram o Regional da Liga de Governador Valadares. A história desse jogo será contada em nosso livro, narrada pelo saudoso Nelson Souza, quem iniciou a obra.
Caratinga campeão regional em Inhapim
A Liga de Futebol de Governador Valadares promoveu, em 1974, o III Torneio Regional de Integração. Mais uma vez, o E. C. Caratinga marcou presença na competição. E. C. Caratinga e E. C. Democrata – de Governador Valadares – ficaram classificados para a decisão do título de campeão do III Torneio Regional da Integração, a realizar-se em campo neutro, sendo escolhido o Estádio Guilhermino de Oliveira, na cidade de Inhapim.
Hélio Cosso, o árbitro da decisão à pedido da Liga de Valadares, a Federação Mineira de Futebol designou bom árbitro para dirigir a decisão entre Caratinga e Democrata. Mas, considerando que o árbitro designado havia sido jogador do Democrata e, considerando também, o que o referido senhor, havia trabalhado na agência do Banco do Brasil, em Valadares, o E. C. Caratinga, representante da Liga Caratinguense e do EC Caratinga foram a Belo Horizonte para uma conversa com o Coronel José Guilherme, presidente da Federação Mineira de Futebol. Waldemar Vasconcellos, diretor do Caratinga, retornou trazendo no bolso o nome do árbitro Hélio Cosso, que, naquele ano, foi eleito o melhor árbitro do Estado de Minas. Quando o Hélio Cosso chegou ao Estádio de Inhapim, Chister exclamou: – “Não pode ser. Eu pedi outro árbitro!”. Acyr Fernandes, disse-lhe: – “Eu, na condição de Presidente da Liga de Caratinga, pedi o Hélio Cosso”. Aí, o diálogo foi encerrado. Chister saiu para um lado e Acyr Fernandes foi para o outro. Foram 90 minutos emocionantes. O Caratinga chegou a fazer 3 x 0, gols de Chulé (2) e Jésus (l). Mas o Democrata subiu de produção e chegou aos 3 x 2, gols de Roberto Felipe. Em 10 de outubro de 1974, no Estádio Guilhermino de Oliveira, quando o árbitro Hélio Cosso deu a partida como encerrada, o E.C. Caratinga vibrou com o título. De campeão do III Torneio Regional da Integração. O Caratinga ficou campeão com: Cacau, Milton, Fifi, Ari e Hugo; Altair e Vermelho (Maninho/IBC); Danilo, Chulé, Jésus e Juarez.
O artilheiro Jésus era um dos principais nomes desse time. Em 2014, tive o prazer de conhecê-lo num jogo organizado pelo técnico Cláudio Maguila para ajudar em seu tratamento de saúde. O craque debilitado e já sem uma das pernas que tantas alegrias deu a torcida do Dragão, me chamou pra sentar perto dele e disse: “Menino, não perco um programa seu na televisão, você parece ser muito novo pra saber tanto de futebol. Parabéns!”. Confesso que foi um dos melhores elogios que já recebi na vida relacionado a futebol. Na época, escrevi em minha coluna sobre o saudoso Jésus, que foi ídolo de ninguém menos que Reinaldo. Com passagens por Cruzeiro e Atlético, resolveu jogar mesmo pelo interior. Foi artilheiro de todos os campeonatos que disputou em Ponte Nova, cidade onde nasceu Reinaldo. Em 1973 chegou a Caratinga e logo na estreia fez os dois gols da vitória no clássico contra o América. No ano seguinte infelizmente Jésus nos deixou e foi morar no céu. Mas, deixou muita história pra contar por onde passou.
Rogério Silva
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