Margareth Maciel de Almeida Santos
Advogada e doutoranda em Ciências Sociais.
Pesquisadora CNPQ
“Vamos fazer a América grande novamente” foi o lema da campanha de Donald Trump, magnata do setor imobiliário, ex-estrela de reality show e candidato republicano sem nenhuma experiência de governo, mas vitorioso nas eleições para presidente dos Estados Unidos. Seu percurso eleitoral foi marcado por declarações agressivas, principalmente acerca das mulheres e dos imigrantes, fato que nos leva a questionar, como será possível adotar uma postura de governo considerando suas propostas como candidato?
Apesar de ter maioria no Congresso americano, o milionário foi acumulando diversos desafetos em relação aos grandes e tradicionais políticos do partido republicano, decorrente principalmente de sua postura radical e do que se chama de “falta de papas na língua”.
Assim, de maneira geral, Trump é considerado uma escolha ruim, mas poderá ele surpreender o mundo?
À luz da campanha do republicano e da democrata Hillary Clinton, posso dizer que o populismo de Trump ganhou audiência e derrotou Hillary. É a desordem da ordem! É o voto antissistema, conhecido no Brasil como anti-establishement.
Não se pode dizer que foi golpe, porque a maioria dos cidadãos votaram e, querendo ou não, Trump foi democraticamente eleito pelo povo.
O discurso vitorioso do republicano Trump, compartilha do protecionismo exacerbado, da xenofobia, da misoginia, bem como da demonstração de uma posição contrária à ONU (Organização das Nações Unidas) e à acordos internacionalmente celebrados. Contudo, sua sinceridade o levou a vitória e ainda ao recorde de votos de um candidato republicano nas primárias em toda a história do partido.
Essa vitória parte do pressuposto de que é o eleitor que faz sua escolha. O eleitor de Trump contrariou o desejo da maior parte da elite financeira, empresarial, política e é vitorioso no voto popular, enquanto Hillary não conseguiu transmitir uma visão convincente de mudança, mesmo contando com a ajuda da mídia, do sistema político e das elites em geral.
O magnata manteve um discurso de que a globalização e o livre comércio vêm beneficiando apenas alguns considerados privilegiados, destacou o aumento da desigualdade, bem como buscou demonstrar que a renda média caiu nos últimos anos, principalmente para os que têm formação universitária. De um lado, se com a globalização milhões de pessoas foram retiradas da pobreza, por outro a classe média trabalhadora americana apresentou um descontentamento com os efeitos da abertura econômica. Trump soube ler e interpretar as preferências dessa classe, a cultura do establishment americano.
Outro ponto importante na campanha do republicano foi o discurso em prol do “nativismo”, política que busca legitimar as razões dos cidadãos naturais daquele local, em detrimento dos não locais. Nesse sentido, não só prometeu construir um muro entre o México e os EUA, bem como afirmou que quem “pagaria a conta” seria o governo mexicano.
Assim, enquanto a democrata Hillary Clinton teve a maioria de seus votos entre mulheres, jovens, negros, asiáticos e latinos, Trump teve a maior parte de seu eleitorado formado pela classe médica branca, trabalhadora, moradora de cidades do interior e com menor nível de escolaridade, surpreendendo ao obter maioria em estados como a Flórida, considerados de grande relevância para o resultado das eleições, pois trata-se do que se chama de “swing states”, configurando aqueles estados que alteram de posicionamento ao longo da história, elegendo republicanos e democratas.
Mesmo que as liberdades e garantias são proporcionadas por regimes dito democráticos são capazes de ler as preferências do cidadão, podem não atingir a maioria, e se dissocia do que realmente o povo quer. Trump conseguiu enxergar nos eleitores o descontentamento com a retomada econômica ocorrida após a recessão de 2007 a 2009.
Falando de Hillary, minha candidata mesmo diante da revelação da mídia que ficou provado e comprovado que existem provas documentais que a candidata Hillary recebeu dinheiro de países que financiam grupos radicais que jogam cristãos e homossexuais do edifício, além de desviar para a fundação Clinton milhões de ajuda humanitária que iria para o Haiti e o pior é que incentivou a criação do Estado Islâmico. Eu fico a pensar se realmente Hillary incentivou a criação do Estado Islâmico, mas se considerarmos a hipótese verdadeira, a minha leitura pode se resumir assim: um candidato quer ser o dono do mundo e outro dos Estados Unidos.
Bom, Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos e para saber as consequências econômicas do seu governo, o único caminho é uma espera ansiosa e aflita. Sua inesperada eleição mergulhou os EUA e o mundo em grande incerteza. Será que ele cumprirá suas promessas ou será ele um candidato que para se eleger fala o que o povo quer ouvir e depois não cumpre o prometido?
E agora José? Para onde? Nos resta apenas esperar pelo melhor.
“Livre pensar é só pensar”, dizia Millôr Fernandes.
Os tempos são sombrios, mas nos leva a utopia, pensar novas formas de se fazer “política”!