(Noé Neto)
Entre os diversos cortes de financiamento que estamos assistindo nos últimos tempos um soou assustador: o das pesquisas científicas. Alegando que os “gastos” com pesquisa são muito altos e que não é prioridade, muitos vão engolir a redução de verba das agências de financiamento em pesquisas sem perceber que ela representa uma bomba relógio, tragédia anunciada.
A postura do Brasil diante das produções científicas sempre foi de deixá-las em segundo plano, mas mesmo assim, com grande esforço, nossos pesquisadores produzem uma gama de materiais voltados à melhoria da qualidade de vida e bem-estar social.
Apesar de poucos saberem, nosso país está entre as dez nações que mais investem em patentes de fertilizantes produzidos à base de nanotecnologia. Pesquisas estas desenvolvidas por grupos multifuncionais, formados por físicos, químicos, biólogos, engenheiros e farmacêuticos. Somos parte do grupo de elite em pesquisas matemáticas no mundo. Desenvolvemos medicamentos e vacinas que são referências globais.
Agora, diante do anuncio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), relativo ao orçamento de 2019, a insegurança e a instabilidade já presentes, tornaram-se desespero.
Uma tempestade de interrogações ecoa pelo ar no pairar sombrio dos tempos de retrocesso:
É possível um país crescer sem investir em ciência e tecnologia?
Existe ordem e progresso sem investimento em educação científica?
Como ter qualidade de vida privado de pesquisas que busquem tratar doenças, criar medicamentos, reduzir danos ambientais?
Em plena era digital vamos nos privar de gerar tecnologia de ponta?
É evidente que a resposta a estas e outras tantas perguntas é não. Como evidente também é o retrocesso que provavelmente demorará décadas a ser superado e, por isso, afetará gerações inteiras.
Alguns dirão que o momento requer paciência. Falta-lhes o entendimento que ela é a ciência da paz. Como ter paz com a ciência na UTI e sem recursos financeiros para manter os aparelhos ligados?
O momento é de redobrar a consciência diante de tais medidas e de suas consequências.
Noé Comemorável
Membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni
Professor Escola Prof. Jairo Grossi
Professor Escola Estadual Princesa Isabel