Copasa nega denúncia e afirma que nova estrutura não impede a passagem da água do Córrego do Lage
CARATINGA – A escassez hídrica que prejudica o abastecimento no município de Caratinga tem preocupado a população. Sempre que há uma queda no volume captado no Córrego do Lage, se faz necessário os rodízios de abastecimento e os bairros mais altos são os principais prejudicados.
Caratinga não tem reservatório, tampouco outra fonte de captação. A cidade depende do Córrego do Lage
e das chuvas, o que não tem ocorrido com regularidade. A população pressiona a Copasa para que medidas sejam tomadas, inclusive há um inquérito civil tramitando no Ministério Público, com objetivo de “apurar a responsabilidade da Copasa na crise de abastecimento hídrico que atinge o município e viabilizar medidas judiciais ou extrajudiciais de restabelecer o abastecimento público, além de obrigar os representados a adotar medidas preventivas para evitar novos eventos futuros semelhantes”.
E na tarde da última segunda-feira (11), a Câmara Municipal de Caratinga recebeu o médico Rodrigo Godinho, proprietário da Fazenda Cachoeira, no Córrego do Lage, que denunciou mais uma situação envolvendo a empresa. “A nossa insatisfação é com a atitude clandestina que a Copasa já vem tomando há alguns anos, negligenciando todo o investimento que ela deveria ter feito na captação de água e na preservação do manancial”.
De acordo com Rodrigo, hoje a população ribeirinha, do Córrego do Lage e do Córrego Seco, está vivendo uma situação de escassez total. “A única água que eles têm acesso são as águas de nascente que cada um pode ter em sua propriedade. Do rio mesmo não desce mais água nenhuma, isso é um crime ambiental, o rio secou”.
A situação exposta por Rodrigo seria um agravante da crise hídrica em Caratinga, o que teria feito com que a Copasa desviasse “100% da água para dentro da canalização”. “Qualquer cidadão de Caratinga que tiver a oportunidade de passar no pontilhão que liga Caratinga à cidade de Piedade vai ver que a Copasa bloqueou toda a água para que ela desça na tubulação. Isso é uma atitude clandestina e ilegal, porque não é respaldado por ato de outorga. A Copasa tem uma outorga muito menor do que aquilo ali. Ela capta 100% e isso não poderia superar 30% da água do ribeirão”.
O morador reconhece a situação enfrentada pelos moradores da cidade, que são prejudicados a cada vez que é necessário o rodízio. Mas, ele atribui boa parte destas dificuldades a uma falta de planejamento. “É lógico que existe o interesse de uma população. A cidade de Caratinga está sofrendo com a falta de investimento, a negligência da Copasa durante todo este tempo. E nós temos hoje em dia uma escassez de água por falta de investimento, não só por falta de chuva, por seca, nada disso. A Copasa se negou a fazer os investimentos necessários e hoje em dia para manter o abastecimento mínimo para a cidade de Caratinga capta 100% da água desse rio”.
Ele acredita que não há emergência ou situação de calamidade, que justifique a intervenção realizada pela empresa e faz críticas à estrutura instalada. “Lembrando que por leis estaduais, que na verdade reflete em leis federais, a Copasa poderia chegar num momento de calamidade quando fosse declarada essa região uma zona de conflito hídrico, poderia chegar a uma captação máxima de 50% daquele rio. E falando na menor vazão média dos últimos 10 anos, ou seja, não é 50% do rio cheio é do rio na época mais vazia dele medido durante os 10 anos. Simplesmente faz obras paliativas. Hoje você vai ver uma barragem construída com tábuas de madeira, desviando 100% da água do rio para dentro do canal. Qual foi o investimento que ela fez com aquilo?”, questiona.
A Câmara deverá receber mais uma audiência pública, com o objetivo de cobrar da Copasa uma solução para o impasse.
COPASA
Em resposta à solicitação do DIÁRIO DE CARATINGA, a Copasa informa que não está captando 100% da água do Córrego do Lage, manancial utilizado para o abastecimento de Caratinga. “O volume retirado hoje do Córrego do Lage é de 170 litros de água por segundo, quantidade inferior aos 250 litros de água por segundo outorgados pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas, e suficiente para o fornecimento de água para a população de Caratinga”.
A Companhia esclarece que as intervenções feitas na última sexta-feira (8) foram para a modernização da estrutura de barramento já existente. No local, foi realizada a substituição da estrutura provisória, composta por sacos de areia, por uma permanente, construída com madeiras e ferragens. Essa nova estrutura não impede a passagem da água do Córrego do Lage.